O guia das histórias cruzadas

Nunca lute contra um amor

  Aurora era decidida demais para se apaixonar, mas não contava com a sorte de encontrar Afonso, um rapaz que adorava viver, cheio de histórias e marcas de amores passados. Improvável? Sim. O romance era dos mais impossíveis de existir, mesmo assim, a vida ensina o que não se pode prever.
Se apaixonaram e logo começaram sua relação, muitas dificuldades, muitas pessoas no caminho, mas que relação forte! Improváveis, impossíveis e completamente opostos.
Aurora queria se formar, viajar e falar Inglês fluente, mas os planos de Afonso eram comprar uma casa modesta e passar os finais de semana comemorando a vida com os amigos, curtindo a adolescência que julgava ser eterna. Certamente os planos eram para caminhos opostos, a relação mesmo assim durou.
Durante os dois anos que estiveram juntos, Aurora equilibrou sua vida e seus projetos pessoais com o namoro que mantinha, e Afonso fez por ela o que nenhum outro rapaz faria, mas por descuido, a magoou. Era o fim daquele amor improvável. Custou para os dois, esquecer era a coisa mais difícil a se fazer. Aurora embarcou, deu adeus ao seu país e para Londres viajou, de Afonso nada se sabe, será que também fugiu?

Aurora sempre foi decidida demais para se reapaixonar, e manteve seu amor na memória, uma chama que não apagava a esperança de reviver seus momentos. Manter seu amor foi secreto, achou estar apaixonada e com outro rapaz se envolveu, parecia que estava a esquecer, e finalmente criou coragem para encarar.
Retornou de férias, estava feliz com seu novo companheiro, Henrique era o sonho de toda mulher, mas não despertava o que Afonso despertou um dia. Que ironia do destino, quase que era possível ouvir os céus a dizer: Não lute contra um amor!
Num restaurante no centro da cidade, domingo à tarde os olhares se esbarram e já era tão tarde para disfarçar. Aurora e Afonso, cinco anos após o término, um turbilhão de sensações por dentro, um sorriso de canto daquele que um dia foi seu grande amor e até então lhe despertava alegria. Um olá tímido daquela que ele sempre esperou sem saber se voltaria.
Nunca lute contra um amor.
Henrique era bom, mas não era quem o coração pedia.
Afonso era errado, e seus erros o faziam perfeito para ela.
Quem diria, um coincidência daquela no dia-a-dia!

E eu que tudo vi, sorria, fora do restaurante a cidade chovia, retirei meu guarda-chuva e sai a pensar.
Quando é para ser, será! O tempo não importa, às más línguas podem até falar. Mas só o amor vencerá. O que é nosso há de voltar para o lugar.