Luiz sentia como se tivesse uma cachoeira de suor caindo diretamente na sua mão. À todo momento, ele a passava na calça tentando mantê-la seca.
- Eles estão atrasados né? - Mariana disse.
- Sim - ele viajou seu olhar na boca dela - É... Hurum... Quer pedir alguma coisa?
- Oi? Como assim?
- Do cardápio...
- Ah! Não quero - Mariana sorriu nervosa - Otávio eu queria me desculpar pelo o que minha mãe disse mais cedo.
- Não tem problema. Mães são sempre assim.
Foi quase instantâneo. Luiz pensou na sua mãe e sentiu um nó na garganta.
Tinha perdido a mulher que segurou tudo por muitos anos. Que tinha cuidado dele com todo carinho depois que o pai tinha fugido com a amante. Ela estava grávida quando ele fez isso. Coisa que sua mãe havia contado no leito de morte.
Lembrou de todas as vezes que a mãe chegava em casa com a mão cheia de calos depois de limpar todas as casas que conseguia.
Teve uma vez que a mão dela estava coberta de calos e mesmo assim ela foi trabalhar. Voltou com as mãos completamente feridas.
Apesar disso, Luiz se sentiu feliz ao lembrar da promessa que fez quando era criança e ver que tinha cumprido.
Seus pensamentos foram interrompidos pelo barulho do celular da sua mais nova modelo.
- É uma mensagem... Da Cristine. Ela disse que não vai poder vir. Ela esqueceu que hoje é o aniversário de casamento deles. O Carlos também não virá. Eles vão comemorar. - Mariana disse.
- Oh, sério? - Luiz tentou fingir surpresa - Mas que pena.
- Pois é - ela fez bico.
Luiz se lembrava dessa mania que ela tinha. Aquilo fez ele se segurar para não beija-la ali mesmo e levar um tapa no rosto.
- Bem.. Quer pedir um vinho? - ele perguntou.
- Desculpa, eu não bebo.
- Só uma taça não vai fazer mal.
- Tudo bem.
-//-
- Se eu soubesse que vinho era tão bom, tinha virado alcoólatra na adolescência. - ela disse rindo.
Mariana estava com o riso fácil, o que deixou Luiz preocupado.
Ela não era acostumada a beber e estava na quarta taça. Ele estava se sentindo culpado por ter a induzido a beber.
- Acho melhor irmos embora. - ele disse.
- Mas Por que? - ela fez bico - você só tomou uma taça e a garrafa ainda está pela metade.
- Isso que me preocupa.
- Relaxa Otávio! Aproveite a vista desses unicórnios lindos.
- Você bebeu ou se drogou? Vamos antes que pague mico.
- Mas eu quero ficar aqui com os unicórnios. - ela fez bico novamente.
- Prometo que te levo para ver pôneis. Vamos?
- Vamos!
- Onde você mora?
- No buraco do coelho perto do pote de ouro no fim do arco íris.
- Menina, você é fraca de bebida. Mas eu sei do que precisa - colocou ela no carro.
- Preciso de um guarda roupa!
- Pra que?
- Você não teve infância? - ela olhou para ele indignada. - Não sabe o que é Nárnia?
- Não.
- Nunca viu o filme?
- E-Eu não tinha TV até dois anos atrás.
- Ah, me desculpe!
- Não tem problema - ele parou em frente ao estabelecimento - chegamos mocinha.
- Que isso? E que letreiro brilhante é aquele? Onde estamos?
- Vem logo - ele disse tirando ela do carro e entrou no local - Oi Paty - saudou a mulher do balcão - o de sempre.
- A moça está bem?
- Vai ficar. Daqui a pouco. - piscou pra funcionária e ela riu. - Vem Mariana.
- Quem é aquela mulher? Não gostei dela. Sua namorada?
- Não - ele gargalhou - mais fácil ela se interessar por você. Se é que me entende.
- Oh! entendi!
- Sente-se - ele disse apontando para a cadeira e ela obedeceu.
- Aqui está. Boa noite Lu...
- Boa noite Paty - ele cortou a moça que logo saiu - Toma tudo Mari.
- Que isso? - ela disse fazendo careta olhando pro copo.
- É cappuccino forte. E isso - ele disse abrindo a caixa - é o melhor sanduíche da cidade.
- Opa! - ela exclamou já mordendo seu lanche fazendo Luiz rir.
- Sabia que isso ia te fazer ficar melhor. Talvez depois disso você consiga me dizer seu endereço.
Mariana devorou o sanduíche em poucos minutos.
- Uau, continua uma formiguinha - Luiz sussurrou.
- Disse algo?
- Não. Vamos?
- Sim.
Dessa vez, Mariana disse o endereço certo e Luiz a levou até a porta da casa.
Dona Estella parecia estar atenta a chegada da filha, pois assim que ele pisaram na varanda, ela abriu a porta.
- Filha, você demo... Ah, você está acompanhada - ela analisou o rapaz - Te conheço?
Luiz ficou com medo, Estella foi sempre atenta aos mínimos detalhes.
- Não. Mas talvez tenha me visto em alguma revista. - ele disse nervoso.
- É, talvez - ela o analisou por mais uns segundos - bom, continuem o que estavam fazendo. Podem fingir que eu nunca estive aqui. - Estella disse entrando.
- Desculpa pela minha mãe de novo - Mariana disse sem jeito.
Luiz quis dizer que não tinha problema pois já estava acostumado com o jeito indiscreto da mãe dela, mas não podia.
- Não se preocupa. Vou indo - ele disse indo dar um beijo na bochecha dela.
A garota não percebeu esse movimento do rapaz e virou para se despedir, ocasionando em um beijo no canto da boca.
- T-chau - ela disse e entrou praticamente correndo.
Luiz ficou por quase um minuto olhando para a porta e depois foi embora.
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Romântico Anônimo (Concluído)
RomanceBaseado na música Romântico Anônimo - Marcos e Belluti Luiz Otavio Medeiros sempre foi apaixonado por uma menina que conheceu na infância. Agora ele fará de tudo para conquista-lá. Mariana Santter no fundamental, teve tudo o que uma garota sonha: po...