Capítulo sem título 8

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No canto do cisco
No canto do olho
A menina dança

E dentro da menina
A menina dança
E se você fecha o olho
A menina ainda dança
Dentro da menina
Ainda dança
Até o sol raiar
             (Novos Baianos)

O alarme dispara. O barulho, antes um som tão habitual, transforma-se na cena de Blindspot (alerta spoiler!) em que Shepherd perfura o tímpano de Patterson, com uma agulha gigante de autópsia.

Acho que farão a minha (autópsia) hoje, porque com a dor de cabeça infernal que estou aqui, a morte é certa.

Olho para o lado, Nina, com a roupa da festa, ainda dorme. Tiro uma foto para ameaças futuras. Já prevejo a cena:

Eu: Amie, faz uma massagem nos meus pés.

Ela: Jamais, folgada!

Eu: Se não fizer essa foto em que a vossa senhoria aparece toda"dormindinha" com a mesma roupa que foi a festa, ou seja, total imundinha, vai parar nos tabloidxes.

Bingo!

Mesmo com uma dor de cabeça demoníaca, sinto que estou de excelente humor. Um presságio de que, aucun doute, sem a menor dúvida, o dia será incrivelmente excelente.

Aos poucos, vou rememorando os acontecimentos da (baphônica) festa. Quem diria, hein D. Frida?! A senhora queria ficar trancada no quartinho da vergonha, mas ao invés disso s'amuser comme um petit fou. Se divertiu feito doida.

Tento me (re)erguer, mas ao menor esforço, vejo o teto girar e meu estômago se desfazer em borbulhas. Jogado ao lado da cama está o meu vestido amarelo. Me pergunto se embaixo dele estaria minha dignidade. Fecho os olhos e entro na máquina do tempo, que volta a algumas horas atrás e me teletransporta para os acontecimentos da noite anterior.

Eu e meu vestido amarelo.

Eu com o Boto Rosa.

Eu+Boto+Maya..

Maya+Frida

Maya.

Um calafrio percorre minha espinha.

Se todas as vezes que eu pensar nessa garota, minhas vértebras forem afetadas, logo, logo estarei na fila de espera de transplante de medula óssea.

Mon Dieu, o que foi aquilo?

Eu juro, de mindinho, que nunca, NUNQUINHA nessa vida tive algum tipo de interação sexual (porque sou culta e não digo "pornolhices") com uma garota. Acho que curiosidade, sim. Acho não, certeza. Mas ter desejos assim tão amalucados, como os que tenho por Maya, nem pelos BM's (boys magia) senti.

É isso ser gay?

Beijar, ter desejos, querer pra você, uma garota, lhe faz uma garota gay?

Mas e se o sósia do James Franco me der uma chance e eu tiver afim, como fico? Serei uma Hétero-Gay? Isso é ser bi?

Gente, isso é muito confuso. Sinto que ando meio perdida em mim. Quase entrando em colapso, pois até então eu não sabia quem eu era, agora, para acrescentar meu desespero, preciso saber o que sou.

Preciso saber o que sou?

Maya, Maya, Maya.

Um universo de conspiração em passos lentos à loucura.

Será que ela já acordou?

Será que ela lembra o que aconteceu.

Ô minha santa Lady Gaga, SERÁ QUE ELA LEMBRA O QUE ACONTECEU?

Tudo-ao-Mesmo-Tempo-AgoraOnde histórias criam vida. Descubra agora