Capítulo 3: Feliz Aniversário .

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Cada palavra ecoava em sua mente com um tom de deboche, a cada linha ele ia se sentindo mais e mais pequeno, culpado e principalmente, insignificante.

Ele estava fora de Hogwarts.

Hogwarts era o único lugar que o fazia sentir-se vivo, era sua salvação daquele lugar sombrio o qual seus tios chamavam de casa e que ele mesmo nunca conseguiu chamar de lar. Hogwarts era o lugar onde tinha feito amigos... Seus amigos...

Ele nem mesmo tinha Edwiges agora, não poderia pedir ajuda nem se quisesse. Onde estavam todos? Ninguém poderia interceder por ele? Ele estava sozinho novamente? Estava tão cansado de estar sozinho.

Estava em casa, longe do... Longe daquilo que acontecera naquela noite. E aquela sensação de desespero simplesmente não passava, muito pelo contrário, aquela carta apenas tinha sido uma gota d'água em um copo já transbordando... Ele sentia que ia sufocar.

Foi então que Harry foi tirado de seus próprios pensamentos por um barulho no andar de baixo.

Imediatamente ficou tenso, mil coisas passando por sua cabeça ao mesmo tempo. Seria seu tio? Não... Ele ouvia muito bem os seus roncos no quarto ao lado, junto com os de Dudley aliás. Então talvez fosse tia Petúnia?

Bem, ele poderia continuar em seu quarto, aquilo não era nada que precisasse ser verificado, talvez sua tia apenas quisesse um copo d'água, mas... E se não fosse ela?

Harry amassou a carta entre seus dedos sem perceber, o último pensamento tinha sido o suficiente para deixa-lo mais inquieto que antes.

Mais um barulho, uma porta se abrindo. Alguém definitivamente estava na casa. E alguém tinha que fazer alguma coisa. Mas, céus, esse alguém tinha que ser ele? Ele já não tinha passado o suficiente? No entanto, seus tios dormiam, ele era o único que sabia o que estava acontecendo. Poderia ligar para a polícia trouxa se tivesse um telefone, mas ele não tinha um. Poderia pedir ajuda por uma carta, mas ele não tinha Edwiges... novamente a situação fazia questão de enfatizar o quanto ele estava sozinho.

Talvez, se tivesse pensado duas vezes, ou uma vez direito pelo menos, teria ficado ali, gritado por ajuda ou qualquer coisa que não fosse sair de seu quarto para verificar o barulho no andar de baixo. Depois de tudo, deveria saber que não era uma boa ideia, que esse erro poderia lhe custar caro. Não era o primeiro da noite, afinal.

Todos esses pensamentos passavam pela cabeça de Harry enquanto ele silenciosamente descia as escadas, lutando pra enxergar algo no escuro. Engraçado que mesmo sabendo do perigo eminente da situação, seu corpo parecia ter vontade própria. Maldito Grifinória.

Andou o mais silenciosamente que conseguiu, até a cozinha. Seu coração bombeava o sangue em seus ouvidos com uma pressão o suficiente para deixa-lo tonto, fechou as mãos em punhos para que não tremessem e olhou para todos os cantos da cozinha, procurando algo errado. Não tinha ninguém ali.

Então viu a porta dos fundos aberta, provavelmente ela que tinha feito o barulho de antes. Quem sabe tudo isso não passou apenas de um mal-entendido, talvez tudo não fosse apenas o vento, não é?

O moreno deu uma rápida olhada para fora, tudo parecia calmo, o céu estava lindo e estrelado, uma bela noite de verão. Respirando fundo Harry fechou a porta. Nesse momento, ouviu algo atrás dele.

Todos os seus fios de cabelo da nuca de arrepiaram, lentamente ele se virou.

- Olá garotinho. - Mr. Kandi lhe sorriu - Sentiu minha falta?

Lá estava ele, ainda com seu suéter cor de rosa. Harry nunca achou que pudesse ter medo de alguém vestindo tal peça, mas ali estava aquele homem para lhe provar o contrário. Kandi tinha um olhar levemente insano, olhos azuis frios como gelo, o avaliando como um animal silvestre raro prestes a fugir. Seu cabelo grisalho estava desarrumado, o fazendo parecer ainda mais desequilibrado. Tinha um corte na testa e um galo levemente proeminente, mas nada mais que isso.

Herança Veela (2 Vesão)Onde histórias criam vida. Descubra agora