Capítulo 02: Na toca do predador.

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Estava frio. Estava escuro. Harry tinha plena consciência de seu corpo, sabia estar deitado em algum lugar duro, provavelmente o chão, mas encontrava serias dificuldades em mexer seus braços e pernas, pareciam pesar mil quilos cada.

Ao tentar abrir os olhos, percebeu que não conseguia de forma alguma, tinha algo impedindo. Estava vendado?

*clic*

Ele ouviu o ruído sútil, seguido pelo leve som do atrito de panos, fazendo seu corpo se arrepiar de tensão imediata.

- Unph... - Ele tentou falar, perguntar quem estava ali, mas tinha algo em sua boca, impedindo de fechar e obstruindo a fala.

Sentiu seu coração começar a bater cada vez mais forte, até o ponto que parecia que ia sair de seu peito. Estava se tornando difícil de respirar. Onde ele estava? O que estava acontecendo?

*clic*

*clic*

Enquanto tentava se mexer, descobriu que por mais que tentasse, que mesmo que estivesse recuperando a sensibilidade dos membros, não conseguiria sair dali, pois estava com os tornozelos atados e os pulsos amarrados nas costas.

Por tudo que era mais sagrado, o que estava acontecendo? Era só mais um sonho ruim? Voldemort conseguira pega-lo novamente? Harry não fazia ideia, apenas queria que aquilo acabasse logo, estava com medo, estava confuso. Ainda assim, tentou se manter calmo, a última coisa que queria agora era parecer fraco e com medo... Por mais que fosse exatamente essa a forma como se sentia.

A última coisa que se lembrava era de estar sentado na frente da casa de seus tios, esperando e então... Tudo escureceu de repente e agora ele estava ali. Onde quer que "ali" fosse.

- Uhnm... - Tentou novamente, se mexendo o máximo que conseguia. Apenas conseguiu se encolher mais.

- Ora ora... Vejo que já acordou. - Seu corpo gelou ao ouvir a voz grave de um homem. Harry sabia que era familiar, mas não conseguia dizer exatamente quem era. De um comensal, talvez? - Bem a tempo de se juntar a brincadeira.

Harry continuou a tentar se mexer, forçando as cordas em seus pulsos e tornozelos, mas estavam bem amarrados, nunca conseguiria se soltar daquela forma.

- Agora, por favor, não se mexa tanto, estou pegando seu melhor angulo. - O homem falou calmamente com a voz mais normal possível, como se estivesse falando com um adolescente tirando a foto para o livro do ano. - Ah, essas fotos estão ficando ótimas, você vale ouro garoto.

*clic clic clic clic*

- E eu sei do que estou falando, sabe? Já vendi vários. Mas nenhum como você. - Ouviu uma risada a rouca e breve, parecendo satisfeita - Eu ficaria com você só para mim se não soubesse a fortuna que você deve custar.

*clic clic*

- Desde o dia em que te vi naquele parque, sabia que tinha feito a escolha certa. - Harry continuava a forçar as cordas, não por ter esperanças de se soltar, apenas por que era a única coisa que poderia fazer enquanto sua cabeça parecia que iria explodir com tantos pensamentos. A situação parecia absurda, mas ao mesmo tempo real demais para encarar. O peso daquelas palavras fazia com que ele se sentisse enjoado. - Você facilitou muito, quase não teve graça. Seus pais nunca te disseram para não aceitar doces de estranhos?

Com um flash de imagens, ele finalmente identificava a voz. Na sua cabeça as lembranças de um homem grisalho com um suéter cor de rosa e lhe oferecendo uma barra de chocolate passavam com uma nitidez quase dolorosa. Lembrava-se também de ter comido o chocolate e logo depois... Ali estava ele. Que droga! Como ele poderia imaginar que de todas as coisas que poderiam acontecer... Nunca imaginou que com Voldemort o perseguindo, ele devesse se preocupar em ser sequestrado por uma trouxa.

Herança Veela (2 Vesão)Onde histórias criam vida. Descubra agora