12 - Aceitação e Descobertas

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Eu tentei de todas as maneiras reunir forças para tentar manter meu primo longe dos assuntos que viemos tratar em Washington, reunir forças para mentir em sua cara uma outra vez. Não consegui, não tive coragem para continuar a enganar alguém que amo. Cada mentira que conto para ele, é uma faca em meu coração.

Garret é uma das poucas coisas boas que me restam nesta vida miserável, uma das únicas coisas pelo qual ainda sigo em frente, pelo que ainda continuo a lutar todos os dias. Isto deveria ser mais do que motivo suficientemente para eu saísse do maldito quarto e mentir, mante-lo afastado, seguro. Mas não consegui, não consigo.

Duas idéias malucas e geniais brigam em minha mente, lutando para decidir qual entrará em vigor em minha decisão para com meu primo. Uma é básica, continuar a mentir para mantê-lo perto e ao mesmo tempo afastado, uma idéia basicamente egoísta. A outra, que cai melhor em meus conceitos, é contar-lhe toda a verdade, gerando assim sobre ele raiva de mim por tudo que lhe tirei, mantendo-o longe de uma vez. Se danar, acabo seguindo com a idéia menos egoísta, a que me parece a melhor de todas.

Enquanto a minha briga interna não era resolvida, decidi fazer algo para distrair-me, clarear a minha mente. Uma atitude cem por cento inútil. Nada foi capaz de ajudar-me a clarear meus pensamentos. Nem trabalho, nem um maldito porre foi capaz de tal proeza. Tudo que consegui foi mais dor de cabeça e uma terrível ressaca, pra variar.

Meu dia tinha tudo para começar o mais irritante de todos, mas duas coisas não permitiram que isso entrasse em vigor. A primeira, foi uma grande caixa que encontrei quando acordei. Ela estava disposta sobre a mesa de jantar da suíte, com um pequeno bilhete disposto sobre sua tampa. As letras caprichadas eram impossíveis de não serem reconhecidas por mim.

"Não sei se acertei na escolha, mas creio que será de seu agrado. Pertenceu a minha mãe e, como sei o quanto ela te amava assim como você a ela, decidi presentea-la com ele. Sei que era o que minha mãe, sua amada tia, iria querer. Faça bom uso dele esta noite.
G.V."

Abri a tampa da caixa e encontrei um simples e belo vestido. Ele é rendado nos seios, um rendado que deixa à mostra o delicada seda branca que mantem-os escondidos. Do busto para baixo, um leve pano azul royal deixa o vestido com ar requintado, apesar da simplicidade do desenho.Garret acertou, eu adorei-o.

Somente um detalhe nele incomodou-me, os ombros. O vestido deixará meus ombros de fora, bem como parte de minha marca. Um penteado de cabelo solto deve manter ela longe dos olhos de qualquer um.

Garret e eu podemos ser primos, mas nunca deixei que ele visse minha marca, assim como a ninguém. Sempre tive receio pelo que os outros pensariam, medo de acharem que meus pais eram dois irresponsáveis. Por que pensariam isso? Bom, como já mencionei lá no início, minha marca parece mais com uma enorme tatuagem, que cresceu a medida que cresci também. Qualquer um que a visse, acharia que meus pais foram loucos o bastante para tatuar uma criança, quando na realidade eu nasci com esta maldição em forma de marca.

Guardei meu presente no cabideiro do quarda-roupas, sem fazer barulhos para não acordar os rapazes. Dan estava estirado sobre a cama, aproveitando todo o espaço que Jacob deixou livre para ele. Já que Danmian foi o que mais bebeu e ficou totalmente F.A. (fora do ar), deixamos que ele dormisse sozinho. Dividi a cama com Jacob, e seria mentira dizer que fiquei incomodada, ainda mais depois da conversa e do ocorrido da noite anterior.

Enquanto preparo o café da manhã, lembrando de tudo que me aconteceu até este momento, recordo-me do segundo motivo para meu dia não ser o pior de todos. Foi um momento curto, mas foi uma chave para abrir a porta que mantinha meu sentimento trancado dentro de mim.

O Despertar da CaçadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora