5 - Cidade de Lembranças

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Depois de uma longa viagem de, aproximadamente, um dia inteiro, dou graças a Deus quando chegamos a Londres. Foi uma longa e cansativa viagem, com paradas apenas para comer, abastecer e uso privativo do banheiro. Para manter todos descansados, revesavamos ao volante, mantendo um equilíbrio no sono assim.

Chegamos a noite na cidade e, devido ao estresse e cansaço de ficar um dia inteiro enfurnados em um carro, alugamos um quarto em um hotel. Não relutei na escolha de apenas um quarto para nós três, pois juntos será mais seguro para o grupo. Minha salvação é saber que tem duas camas de casal no pequeno quarto e os irmãos Sparks jamais me atacariam durante o sono.

Temos um caso intrigante em mãos, e precisaremos de nosso cérebro funcionando bem para podermos soluciona-lo. Pessoas desaparecem do nada e reaparecem após algumas horas, no mesmo local de seu desaparecimento, mortas de maneiras inexplicáveis. Um caso bem peculiar e esquisito. Mas o que não é estranho no mundo em que vivo?! Isso mesmo, nada.

-Vai aonde? - Jake questiona a seu irmão, notando que o mesmo está se preparando para dar uma escapadinha.

-Dar uma voltinha em um bar, beber um pouco, transar um pouco. - ele aproxima-se da porta e eu faço cara de nojo para seu último comentário -Vão querer alguma coisa?

-Quando você decidir voltar, já estaremos jantados e, provavelmente, dormindo. Então não, obrigado por sua gentileza. - jogo-me sobre a cama, espreguiçando-me.

-Então tá! - Dan da de ombros, saindo pela porta.

Maravilha!Estou sozinha com o mané que me irritou em nossa iniciação. Ironia do sr. destino?! Muita!

Para evitar mais brigas e desentendimentos, viro-me para o lado oposto a Jake, fingindo estar muito cansada e quase dormindo. Ele, entendendo o recado, não insiste em um dialogo. Depois de algum tempo, que não sei dizer quanto, acabo adormecendo de verdade.

[...]

Corro em direção a minha casa, com os batimentos a mil e a respiração desregulada. A casa está tomada pelas chamas, mas isso não me impede de irromper porta adentro. O fogo, por alguma razão desconhecida, evita meus passos, abrindo um caminho seguro abaixo de meus pés. Paro de andar assim que adentro na sala, me deparando com um homem alto, com a face encoberta por uma sombra misteriosa e com as mãos cobertas de sangue, assim como a faca que o mesmo carrega.

Noto que o estranho encara o chão, portando um enorme sorriso diabólico em seu lábios. Volto meu olhar para a mesma direção que ele e fico nauseada ao ver os corpos de meus pais sobre o assoalho de madeira, com um corte profundo em seus pescoços e com o corpo mergulhado na poça de seus próprios sangues.

O homem, cujo tenho certeza ser o assassino de meus pais, nota a minha presença e volta sua face para mim. Reconheço imediatamente o rosto de meu irmão, mas ele não é ele mesmo. Seus olhos, antes azulados, agora possuem a cor da morte e seu sorriso é tão obscuro quanto a felicidade que o mesmo demonstra em me ver. Eu não sei como, mas sei que este a minha frente não é o Alex, e sim o demônio que me caçou a vida inteira, aquele que caço agora.

-Que bom que veio para a minha festinha, anjinha. - sua voz é fria e passa a sensação de morte e desespero, causando-me calafrios.

Ele dá alguns passos em minha direção, e eu recuo para trás, assustada. As lágrimas inundam minha face, tornando minha situação a mais lamentável e deplorável possível. Não entendo por que estou acuada assim, até passar em frente a um espelho e vislumbrar meu reflexo. Eu voltei a ser aquela garotinha ingênua de dezoito anos.

-O... O que? - gaguejo, incredula e sussurrante.

Sinto a presença do demônio bem próxima de mim e volto meu olhar para sua direção novamente. Ele agora está a centímetros de mim, com um sorriso impossível de ser dado por um humano comum. Congelo no lugar, sem saber como reagir, em pânico.

O Despertar da CaçadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora