Depois do almoço o tédio me pegou. Como não tinha nada a fazer, peguei o diário e comecei a lê-lo. Folheei várias páginas, prestando atenção ao que Helena escrevera e com isso, conheci mais ainda minha mãe. Seus medos, suas inseguranças, seus amores e desamores.
5 de Junho de 1993
Hoje um dos filhos dos Willians, irá retornar de viagem e a Sra. Olinda, queria dar uma festa para comemorar o retorno do filho. Com isso, estou aqui, ajudando na decoração da casa.
Lisa disse que era melhor eu ficar em casa, pois segundo ela, aquela família era assombrosa, até mesmo perigosa. Mas não dei ouvidos a ela. Lisa nem os conhece e já os julga. Não se deve ligar para os boatos que esse povo conta.
Keith chegou e a festa se iniciou. Ele é lindo, perfeito. Pele morena, cabelos castanhos e olhos pretos. Alto e com o corpo escultural, rígido e forte.
Quando ele me olhou a primeira vez , senti um arrepio percorrer meu corpo. Um arrepio até bom. Notei um certo interesse da parte dele, mas deve ser apenas impressão. Mesmo por que, o que um homem como ele ia querer com uma plebéia?
Lisa vai morrer de inveja quando eu contar sobre ele.
Bom... Vou indo.
10 de Julho de 1993
Minha amiga quase me matou, quando disse a ela sobre Keith. Ela literalmente surtou. Aconselhou-me a afastar da família, principalmente dele. Que minha aproximação com essa família iria trazer grandes conflitos a minha vida. Nada a ver.
Não sei porque converso com Lisa, ela é tão pessimista, tão negativa. Vê uma versão distorcida da família. Os Willians são um amores, uma família adorável. E Lisa vê apenas sangue, assassinatos, terror e mortes.
Que tipo de bruxa ela é? Ou que diz ser?
Tchau. Depois volto.
De acordo com que vejo no diário de Helena, vejo o quanto ingênua ela foi. Lisa tentou abrir seus olhos, mas minha mãe fechou-os para a verdade.
A cada dia mais, me indentifico com a Lisa. Ela não é o tipo de bruxa que eu imaginava. Nada a ver com o que dizem os contos de fadas.
Resolvo dar um tempo no diário e vou para fora. Vejo Karl atento ao jardim, tive até a impressão que conversava com as flores.
O vento bate levemente em meu rosto, despenteando meus cabelos. Deixo meu tio no jardim e resolvo dar uma volta pelo bosque.
Sigo pela trilha e piso nos cascalhos que estão espalhados pelo chão. Já está quase anoitecendo e o sol ilumina o topo das árvores, dando a impressão de que estão brilhando.
Paro em um lugar mais afastado e me sento debaixo de umas das árvores. Com o diário em mãos, penso que tudo poderia ser diferente. Essa história teria outro final. Se eu pudesse eu mudava o passado, para ter minha mãe aqui comigo.
Mas se eu pudesse voltar... Ah! Se eu pudesse.
Fecho os olhos e me imagino naquele lugar. No antigo mundo da minha mãe.
Com isso, começa uma ventania e eu continuo ali sentado e de olhos fechados, desfrutando da sensação gostosa de ter o vento passando pelo meu rosto. Sinto uma paz enorme. Abro os olhos e me surpreendo com o que vejo.
Eu estou em outro lugar. Um lugar que nunca estive antes. Sigo andando pelo asfalto e alguns carros passam por mim. Algumas pessoas desconhecidas passam, mas parece que não me veem.
Paro em frente a uma enorme casa. O portão principal desta, se abre sozinho e sem receio algum entro. Passo pelo jardim muito bem cultivado e não vejo ninguém por ali. Alguns pombos ciscam pelo chão comendo algumas sementes.
- Olá. - falo quando chego a porta da entrada da casa. Bato nela e não obtenho resposta.
Coloco a mão na maçaneta e abro a porta. O ruído da porta sendo aberta, é a única coisa que ouço ali.
Dou de frente a uma sala muito bem organizada e decorada. Um lustre magnífico está no centro do teto. Há dois sofás acomodados no canto do cômodo, um de frente para o outro e uma poltrona no canto, além da mesa localizada no centro, com dois porta-retratos . Pego um e vejo meu pai sozinho em algum lugar que não consigo identificar. No outro vejo meu pai com o que parece ser meus avós e meu tio por parte de pai. Coloco-os de volta no lugar e continuo observando a casa, ao que parece ser a casa onde meu pai vivia ou vive até hoje.
Não conheci meu pai e nem quero. Só o vi por foto. Isso não faz tanta diferença agora. O que quero é descobrir o que ele fez com minha mãe. Quero fazê-lo pagar por cada sangue derramado, por cada lágrima derramada, por cada injustiça que ele causou.
Vou em cada canto da casa, cada cômodo. Atento a todos os detalhes. Um me chama atenção. Há um computador em cima da mesa e vários papéis espalhados pela mesma. Pego um aleatoriamente e me assusto.
Michael Jordan - Vampiro. Morto por trair nossa confiança, agindo de mà fé ao tentar nos entregar aos nossos inimigos.
Olho para a imagem de Michael com a cabeça cortada e o sangue manchando o chão branco.
Pego mais um papel e começo a descobrir alguns podres da minha família ou mesmo do meu pai.
David Ucher - Anjo. - Morto por investigar nossa clã, se infiltrando no clã Elegeu e assim descobrir alguns dos nossos segredos.
Nem consigo olhar para a imagem. Meu estômago até se embrulha com o que vejo. Vou lendo vários papéis e realmente vejo o quanto de brutalidade há nessa família. Segredos obscuros. Assassinatos planejados.
Ayla Beck. - Bruxa. - Morta pelo romance com um dos integrantes do clã, prejudicando os nossos princípios.
Lizzie Carly. - Híbrida. - Morta por se voltar contra nós, quebrando nossas regras, se juntando ao inimigo.
Um sentimento de raiva me abate. Agora vejo o que Karl quis dizer quando disse o quanto o clã Elegeu podem ser cruéis e maus. Sei da quantidade de pessoas que foram mortas por eles, de forma humilhante, cruel e brutal.
Alguém tem de parà-los. Eles não podem achar que são os donos do mundo. Fecho os olhos e tento ne acalmar. Mas meu corpo não colabora.
Abro os olhos e vejo que voltei ao tempo real. O lugar está calmo, totalmente ao contrário de mim. Respiro fundo diversas vezes. E me imediatamente me arrependo de ter estado em outra dimensão, totalmente alheio ao que acontecia aqui.
Karl está entre dois homens, ambos o segurando pelo braço.
- Que bom te ver Henry. - ouço a voz da pessoa que eu nunca vi na vida.
Agora você ganhou um inimigo. Não me subestime. - penso olhando para a pessoa a minha frente.
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Meia-Noite
RandomHá sempre dois lados da moeda. Há sempre duas versões para uma história. E é você quem escolhe qual lado quer ficar. Você pode estar certo, mas também pode estar muito errado. E o final? Espere e verá! Henry aceitou o lado mais perigoso e por sinal...