Plano falho

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*Clarice Lindsay*

Não tinha ideia de que seria a escolhida para a intitulada "Missão Suicida". Não há razões para que me escolhessem, afinal, sou uma das bruxas mais novas do grupo.

O pior de tudo é que posso perder minha vida com essa situação um tanto quanto louca.

Como vou vigiar ou talvez lutar contra o garoto mais poderoso de todos os tempos? Tenho certeza que vou apanhar muito se ele for o vilão que as bruxas de alto nível disseram que ele é.

Apesar de terem feito uma espécie de proteção contra mim, não estou muito confiante com isso não. Talvez ela possa ser quebrada de alguma forma. Sou tão jovem pra uma missão como essa. Porque não escolheram uma mais experiente? Porque justo eu?

Foi passado-me que tenho que ir até a casa desse tal Henry e tentar pegá-lo em uma emboscada. Ganhei uma caixinha de pó poderoso para que eu consiga pegá-lo.

Parece fácil mais não é. Eu posso nem mesmo sobreviver a isso tudo.

O plano já está todo formado na minha cabeça, só falta colocá-lo em prática.

Conseguimos descobrir onde o garoto mora, provavelmente com seu tio Karl. Então, à noite trato de vigiá-lo.

Fico parada por entre as folhas e árvores, escondida bem embaixo da janela de Henry.

Em um momento, o garoto olha para fora desconfiado e logo depois fecha as cortinas e a janela. Depois de um tempo, ele olha pela fresta das cortinas mal fechadas e olha para a direção a qual estou. Parece que me vê, mais não sei ao certo. É quase impossível algum ser me ver daqui.

Aparece com seu tio, apontando na minha direção, mas Karl não me vê. Depois somem e aparecem fora da casa. E com isso, trato de arrumar um outro local para ficar.

Tento fazer o mínimo de barulho possível. Se Henry me pegar, posso me considerar morta.

A adrenalina passa por minhas veias e meu coração acelera a cada movimento. Coloco as mãos no bolso e pego o caixinha. Isso sim irá me ajudar. Eles se aproximam e eu a jogo no chão e uma fumaça verde sobe, se misturando com o ar, e eles caem, totalmente inconsientes.

Foi até fácil! Dois homens me ajudam a levá-los até o carro.

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Com os dois amarrados, tenho tudo sobre controle. Fico feliz que tudo tenha saído como planejado.

Henry começa a acordar, abre os olhos lentamente e me olha com um misto de curiosidade.

Seus olhos cor de mel, são lindos. Não só os olhos, mas todo o conjunto. O garoto mais bonito que já vi na vida. Seus cabelos castanhos caem na testa, o deixando um tanto sexy e atraente. Sem falar do seu físico, que fica mais a vista com a camisa justa que usa. Mas isso não faz tanta diferença agora. O importante é apenas completar a missão e descobrir de qual lado ele está.

De cor de mel, muda para preto, num minuto. E agora ele me fuzila, me causando pavor. Mas não posso demonstrar medo. Não para ele.

- Está com medo? - sua voz soa pela sala escura. Olha ao redor e depois seu olhar volta a mim.

- Deveria? - bato de frente com ele, por mais que saiba que não posso fazer isso.

- Não pode mesmo.- parece que lê meu pensamentos. Será que estou ficando louca?

- Talvez. - responde a minha pergunta.

Com certeza minha boca agora está aberta em um "O". Será que ele ouviu meus pensamentos anteriores, ao qual pensava no quão lindo ele era?

Seu sorrisinho sarcástico responde a minha pergunta e imediatamente sinto meu rosto queimar de vergonha.

Karl acorda e nos observa. Um sorriso igual ao que o sobrinho dera agora a pouco, brota de seus lábios. Agora sei de quem Henry herdou isso.

- Por que nos sequestrou?- pergunta me encarando.

- Vocês iam fazer isso também. - respondo.

- Responde a minha pergunta garota? - quase grita.

Fico surpresa com a atitude de Karl, ele parecia tão calmo. Parece que estou perdendo meu domínio sobre eles.

Henry começa a rir do nada e logo depois seu tio o acompanha. Bando de loucos.

- Cala a boca vocês dois. - grito tentando sobrepor a risada deles em vão.

- Silêncio gente! - Henry manda e fica sério de repente. Só pode ser brincadeira!

- Mas...- ia dizendo, mas Henry se solta das correntes com a maior facilidade e tampa minha boca. Mordo seus dedos ao mesmo tempo que a porta se abre num estrondo.

- Que bom te ver fiho. - Keith aparece na nossa frente, junto com mais dois homens, nos deixando encurralados. - Senti sua falta.

Eu não previa isso. E agora?

- Eu não senti a sua nem um pouco. - Henry fala e é notável a raiva que sente, ainda mais quando vejo seu punho se fecha, pronto para dar um soco em alguém e tomara que não seja eu.

Trato de soltar Karl e rapidamente nos aproximamos de Henry. Não me pergunte o motivo.

Num minuto estamos em um lugar completamente diferente. Como isso é possível?

Lanço um olhar questionador a eles. São muitas as perguntas que quero fazer.

- Henry tem o poder do tele transporte. - Karl explica.

- Acho que me meti com pessoa errada. - penso alto. - E porque me trouxe junto com vocês?

- Por que você estava próxima a nós. - Henry fala na maior calma, como se explicasse para uma criança de cinco anos. - Você é maior de idade? - completa com a pergunta.

- Isso importa? - respondo ríspida. Estou bastante nervosa com toda essa situação.

Nem sei onde estou, o que faço aqui e muito menos se vou sair viva dessa história.

Sei que Henry não está do lado do pai. Então de qual lado ele está?

- Eu estou do meu lado.

- Para de invadir meus pensamentos. - xingo- o. - Cadê minha privacidade?

- Você é a bruxa mais chata que conheço. - pausa.- Na verdade, você é a única bruxa que conheço.

- Como sabe que ela é uma bruxa Henry? - Karl pergunta o que também quero saber.

- É. - fico vermelha de raiva. - Como sabe?

- Só sei. - responde com desdém. - Onde estamos? - para de repente.
Foi aí que percebemos estar andando sem rumo por esse lugar desconhecido.

- Me responde você senhor sabe-tudo.- coloco as mãos na cintura o desafiando.

- Nunca vi esse lugar.

Olhamos em volta e não vemos nenhum ser por aqui. Que lugar é esse?

Meia-NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora