Descobertas

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Foi muito estranho ter ouvido a voz de Helena ontem a noite, antes de eu adormecer.  Mas o mais estranho disso tudo, é que tenho certeza que não estava sonhando.  Na verdade, eu estava bem acordado e bastante agitado.

E o pior de tudo é que não sei o motivo dela ter me alertado a algo que possa vir a acontecer. Sua constante voz em minha cabeça,  me deixa um tanto confuso, mas não deixando de me deixar curioso.

Pego o diário que Karl me dera ontem e coloco na minha mochila, juntamente com os livros e cadernos.

Depois de pronto, sigo para a escada. Já imagino Karl seguindo sua rotina matinal. Um ponto que se destaca, é que ele acorda bem cedo para a preparação do café.  Segundo ele; o café é a refeição mais importante do dia. Não deixo de duvidar disso.

" Será que Henry não irá descer?' - ouço a voz dele. Ele nunca foi de falar alto e muito menos de falar sozinho. Fico parado no meio da escada e trato de responder a sua pergunta.

- Não se preocupe, já estou descendo. - digo alto para que ele possa me ouvir.

Dito isso, continuo meu caminho até a cozinha com os degraus  rangendo sob meus pés.

- Estava falando sozinho? - ele me olha e logo depois se senta.

- Não. - nego. - Estava respondendo a sua pergunta. - me ajeito na cadeira e me sirvo de café com leite.

Uma expressão confusa se forma no rosto de Karl e vejo uma ruga se formando.

- Mas eu não falei nada. - trata de se explicar.

" Será que já começou?"

Como assim? Eu tenho certeza que o ouvi com toda clareza novamente,  porém não vejo seus lábios se mexendo. Será que a loucura me pegou? Tenho a leve impressão de que ouvi seus pensamentos.

- Você disse algo? - tento raciocinar. 

- Não. Só estava pensando em uma...

- Começou o quê? - o interrompo. Faço a pergunta na esperança de que ela me esclareça algumas coisas.

Karl me encara como se eu fosse um lunático ou algo do tipo. Seu rosto, um pouco marcado pela  idade, mostra uma certa surpresa. O corpo, coberto por um jeans desbotado e uma camisa de flanela, se enrijece. Seus olhos verdes me analisam por um tempo.

- Como você... - para e me encara. - Mas eu não... Você é um deles.

Diante disso, tenho certeza de que ele tem algo a me contar. Algo que não sei se é bom.

Pensando bem, isso não pode ser tão ruim assim. Ter a capacidade de ler pensamentos, seria bem interessante. Mas e se tiver algo com a qual eu não saiba lidar ou que não queira para mim?

" Melhor dizer a verdade a ele."

- Então diga. - peço um tanto impaciente.

- Depois da aula, trataremos sobre esse assunto. - diz.  - Agora trate de tomar seu café, senão você vai se atrasar.

- Mais...

" Mais nada."

Ele começa a tomar seu café e  mesmo ele tentando esvaziar sua mente, consigo ouvir alguns dos seus pensamentos.

" Henry não pode ser como eles, ele não é mal."

" Creio que daqui a pouco ele virá atrás dele. "

" Quais as outras habilidades dele?"

Eles quem? São muitas as perguntas a serem feitas. Só de pensar que vou ter que esperar a manhã toda para saber de tudo,  me deixa agoniado e um tanto aflito.

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