Missão suicida

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                              Clarice Lindsay

Nunca foi minha escolha ser uma bruxa, mas fui escolhida para ser uma. O destino quis assim. Não posso me voltar contra ele. Com certeza isso trazerá grandes consequências a mim.

Levanto-me, mesmo contra minha vontade. Olho o relógio na cabeceira. São exatamente seis horas da manhã. Abro as cortinas e a janela, com isso sinto a brisa da manhã bater levemente em meu rosto. É tudo tão magnifico, tudo tão perfeito.

- Clarice, se apresse. Não podemos nos atrasar. - Suzan chega ao meu quarto, me
tirando dos meus desvaneios.

- Não se preocupe mãe, já vou começar a me arrumar. - acalmo-a.

Hoje fomos convocadas a uma reunião importante. É indispensável a nossa presença.

Reuniões são sempre importantes para nós e jamais poderão ser canceladas. Apenas em casos de perigo a nossa nação.

Assim que minha mãe se vai, vou até meu guarda-roupa, escolho uma camiseta azul e um jeans claro para vestir e vou em direção ao banheiro.

A água quente desce pelo meu corpo, me dando uma sensação de leveza e a ansiedade de saber do que se trata a reunião, some. Queria ficar debaixo dessa água, mas não tenho essa opção. Tenho deveres a cumprir.

Penteio meus longos cabelos loiros em frente ao espelho, depois do banho tomado. Olhos azuis bem expressivos, rosto fino e delicado, boca pequena.

Já pronta, vou a cozinha, tomar o café da manhã. O rádio em cima de um móvel, toca uma musíca bem calma. Até fecho os olhos para me deliciar melhor.

Suzan está preparando a mesa. Pães, bolos e biscoitos, já estão devidamente servidos. Ela põe a garrafa de café na mesa, enquanto eu pego o leite e o requeijão.

O cheiro delicioso de bolo de milho, meu preferido, está no ar. Sem receio algum, vou logo pegando um pedaço.

- Você sabe do que se trata a reunião mãe? - pergunto já sentada à mesa e ainda mastigando o bolo.

- Não exatamente. Tenho uma ideia. - responde, também sentada.

- Deve ser algo bem importante. Já que fomos convocadas de última hora. - indago tomando um gole de café com leite.

- Tenho certeza que sim. - ela me encara. - Apesar de tudo, quero que você não se perca querida.

- Não estou entendendo mãe. - balanço a cabeça.

- Logo, logo você entenderá. - faz um suspense.

Não sei o que minha mãe quis me dizer com essa conversa estranha. Me perder? Isso jamais acontecerá.

Somos bem parecidas fisicamente. O que muda é a personalidade, eu sou bem calma, já Suzan é bem agitada.

Depois do café tomado e a mesa arrumada, fomos ao Santuário, nosso local de reuniões. O local fica bem escondido. Se encontra em uma cachoeira que tem entrada para uma caverna. Ninguém será capaz de desvendá-lo.

Passamos pela trilha. Aqui é bem fresco por conta das árvores que nos mantém em meio às sombras. Pisamos pelas pequenas gramas verdinhas que se encontram pelo chão, juntamente com as folhas secas que estão amontoadas por onde passamos.

Andamos mais um pouco e já conseguimos ouvir o barulho da água que cai da cachoeira. Parece uma melodia. Estamos perto.

Então a vimos, a bela cachoeira. As águas límpidas descem em cascatas. Há uma harmonia na natureza e isso me impressiona. A transparência das águas me deixam em uma estado de paz e tranquilidade. Mas não posso ficar aqui, por mais que a vontade seja essa.

Suzan coloca a mão no barranco e a porta se abre, revelando uma sala bem organizada, repleta de vasos com plantas espalhadas perfeitamente pelo ambiente. Há alguns quadros pelas paredes, dando um contraste com a mesa de mármore que se encontra no meio da sala.

Todas já estão presentes. Lisa está na ponta, Melinda, Pietra, Safira, Dafne e sua irmã Isabel, estão ao seu lado esquerdo. Enquanto eu, Ashley, Olinda e suas filhas Nataly e Jessie estamos ao seu lado direito. Minha mãe se encontra na outra ponta. Doze bruxas.

- Já que todas já estão aqui, podemos começar? - Lisa nos questiona.

Todas concordam. Um clima tenso se instala no lugar, como se uma bomba fosse cair a qualquer momento.

- Bom, convoquei essa reunião para tratarmos de um assunto na qual temos que colocar em pauta hoje. - pausa. - Já falamos sobre isso. Mas teremos de retomá-lo, já que surgiu uma possível ameaça a humanidade. - diz essa uma última frase com um certo pesar.

- Já que a raça humana pode ser atingida. É mais que certo que temos agir logo. - Melinda, a segunda mais velha diz de imediato

- E é isso que vamos fazer. - Lisa diz convicta. - Hoje Henry Thomas Willians foi transformado, filho do temível Keith Parker Willians. Se o filho se juntar ao pai, é muito provável que a raça humana seja desvastada.

Quanto ao fato ao que fazemos, protegemos o mundo contra quaisquer coisas que possa destruí-lo ou causar mortes e sofrimentos. Essa é a nossa missão. Parece fácil. Não é. Ainda mais quando se tem pessoas poderosas com quem temos de lutar.

- Que mal Henry pode fazer a nós? Ele é apenas um garoto. - Nataly pontua.

- Nesse ponto você está errada Nataly. Estamos lidando com o garoto mais forte e poderoso do clã Elegeu. - Suzan faz aspas na palavra garoto, enquanto encara Nataly.

- É gente. Henry tem a força dos quatro elementos da natureza, composta por terra, água, ar e fogo. Além de ser dotado de poderes, como superforça, e ele consegue fazer algo apenas pela força do pensamento. - Lisa diz um tanto impressionada com a lista de poderes de Henry

- Vai ser difícil chegar até ele. Henry é intocável. - Jessie diz, quase perdendo as esperanças.

- É mesmo. - É a vez de Ashley. - Ele pode destruir qualquer um que ousa se aproximar dele.

- Como podemos chegar até ele? -Olinda se dirige a Lisa.

- Parece impossível, mas não é. A ideia é que uma de nós nos infiltremos na vida de Henry. Recebi informações privadas, de que o pai ainda não sabe onde o filho onde se encontra. Temos que chegar antes de Keith. É necessário que estejamos a um passo dele. - Lisa orienta enquanto encara cada uma de nós.

- Mas isso é muito perigoso. Um passo em falso e tudo estará perdido. - dou minha opinião.

- Isso sabemos. Por isso temos que escolher a bruxa mais inteligente e poderosa. A missão exige sangue frio, inteligência e sensatez. - Dafne conclui.

- Foi isso que pensei Dafne. - Lisa diz.

Eficiente como sempre!

- Isso pode ser um jogo suicida, perder uma de nós, seria uma tragédia. - Isabel completa.

- Com certeza. Mas não é impossível. Podemos criar uma laço de proteção a essa pessoa. Ela estará protegida contra qualquer mal que possa vir a acontecer. - Suzan sugere.

- E quem você sugere que vá a essa missão? - Melinda pergunta aquilo que todas nós queremos saber.

Seja quem for a escolhida, não será fácil. Como Isabel disse, pode ser uma missão suicida. Mas já que se trata da salvação do mundo, somos capazes de tudo. Somos maiores que o inimigo.

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