Depois de muito pensarmos, concluímos o óbvio.
- Tele transporte. - Karl bate em sua própria cabeça como se fosse louco.
Arquitetar planos nunca foi minha área. E pelo jeito a área de ninguém aqui.
- É só você pensar no lugar que quer ir Henry. - Clarice tenta me encorajar, mas não consigo me concentrar.
Fecho os olhos e não obtenho sucesso pela segunda vez.
- Não consigo gente. - digo desanimado.
- Tente novamente Henry. - Karl pede, tentando me animar.
- Última vez. Se eu não conseguir, desisto.
Pela terceira vez consecutiva falho. Não sei o que está acontecendo, pois vou ficando mais fraco, meus olhos insistem em se fechar e tento ao máximo mantê-los abertos. Meu corpo parece pesar toneladas e minhas pernas não conseguem sustentá-lo e então não vejo mais nada.
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Abro os olhos e a claridade me cega. Quero fechá-los, mas não o faço.
- Que bom que acordou Henry. - uma ruga de preocupação está na testa do meu tio.
Sento-me e observo que ainda está de dia. Ainda não anoiteceu?
- Há quanto tempo estava apagado? - pergunto a eles.
- Dois dias. - Clarice responde. - Você fez muito esforço.
- Hã? - pergunto confuso. - Como assim?
- Isso mesmo Henry. - Karl esclarece. - Você perdeu suas forças e ficou bem fraco. Por isso desmaiou.
- Mas... - tento me levantar e quase caio. Só não aconteceu isso, por que meu tio me segurou.
- Você não pode fazer muito esforço Henry. - Clarice deixa claro. - Você ainda não está totalmente recuperado.
Olho pra ela e fecho a cara. Quem ela pensa que é?
- Você não sabe de nada. - declaro entre dentes. - isso faz com que ela me olhe com raiva nos olhos.
- Só estou tentando ajudar. - cruza os braços em frente ao corpo. - Eu não pedi para estar aqui. Você simplesmente me trouxe com vocês. - diz feito uma louca.
- Parem de brigar. - Karl nos repreende. - Estão parecendo duas crianças.
Clarice vira a cara pra nós e sai andando a nossa frente, resmungando consigo mesma.
Na área ao qual estamos, há poucas árvores, a maioria estão caídas, secas ao chão. A terra seca, faz com que a poeira suba.
Nesse momento, um grupo para a frente dela.
- Até que enfim encontrei você. - o homem lança um olhar matador a mim. - Vi que encontrou uma amiga. - aponta pra Clarice, que fica parada. - Como é bonita. - ele chega perto dela e passa as mãos nos cabelos loiros da bruxa.
- Não chegue perto dela. - esbravejo.
A conheço a menos de um dia, e já tenho um instinto protetor sobre ela. Apesar dela ser bem chata na maioria das vezes.
- Você se importa Henry? - fala no mesmo tom que eu. - Você nem a conhece direito. - abre as asas; essas que tem alguns tons em preto e dourado, e empurra Clarice para longe. Seu corpo cai pelo chão, parece estar até sem vida.
Os outros também abrem as suas e vêm na minha direção. Fecho os punhos.
- Não consegue nos deter Henry. - as garras do homem ficam à mostra. - Elas podem fazer um grande estrago. - diz quando percebe que estou olhando para elas.
" Ar Henry. Ar pode vencê-los. " - Karl avisa a mim.
Concentro-me, mas não consigo nada. Olho para o corpo caído de Clarice e fico furioso com isso. Quem eles pensam que são?
De repende vou perdendo as forças e tudo vai se apagando lentamente. Não sei o que está acontecendo comigo.
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Abro os olhos e me concentro no local a qual estou. As paredes são azuis e as cortinas são brancas. Há um closet no canto. Uma mesa lado do mesmo; onde estão depositados uma garrafa de água e um copo, e a cama com lençóis brancos, no qual estou deitado.
- Onde estou? - questiono em voz alta?
- Que bom te ver Henry. - jà cansei de ouvir essa frase. - Você nos causou grandes trantornos. Perdi dez dos meus melhores homens.
Não preciso nem olhar para saber de quem é essa voz, tão grave e fria. Na verdade não posso nem olhar. Cordas e correntes prendem meus braços e pernas, impedindo que eu movimente meu corpo.
Só consigo movimentar mesmo o pescoço, mas olho ao redor e não consigo ver Keith. Ele com certeza deve estar em um dos cantos do cômodo.
Logo seu rosto aparece diante de mim. Um sorriso de escárnio surge em seus lábios, juntamente com uma expressão assassina.
- Como se sente preso desse jeito? Incapaz de fazer qualquer coisa que seja? Não é muito agradável, estou certo?
" Melhor continuar assim, senão trazerá mais trantornos. ".
- Onde estão Karl e Clarisse? O que fez com eles? - posso sentir meu coração palpitando acelerado em meu peito.
" Não queira nem saber."
- Se importa tanto assim com eles? E se eu disser que eles te abandonaram? Que permitiram que eu te arrastasse até aqui?
- Você joga muito baixo! Acha que eu vou acreditar nisso? Ao contrário de você, eles preocupam-se comigo.
Não permito que ele saiba que tenho a capacidade de ler pensamentos. Essa é uma arma que tenho contra ele.
De fato, só quero saber onde estão aqueles dois. Tenho que destruir Keith. Tenho que pará-lo.
- Quero fazer um trato com você.- olha-me com o canto dos olhos. Estou ciente de todos os seus movimentos.
- Fale logo!- exprimo toda a minha raiva nessas palavras.
- Calma filho. - coloca as mãos sob os meus ombros, rígidos por conta do stress. - Bom, o trato é o seguinte, quero que você faça parte do Clă...
- E o que eu ganho com isso?- corto-o de imediato.
- Eu solto Karl e a bruxa.
" Talvez eu os mate depois."
Diante desse seu pensamento tenho que fazer ele prometer que não fará nenhum mal a eles. Sei que não posso acreditar em suas promessas. Serão elas verdadeiras? Vindo de um homem como ele, não posso confiar. Tenho que ter a certeza que Clarice e Karl sairão ilesos dessa.
Sei que esse homem tem um ponto fraco. Todo mundo tem o seu. Qual será o dele?
Tenho que descobrir. E vou descobrir.
- Então? - ele me mira com um sorriso presunçoso no rosto, como se já tivesse ganho.
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Meia-Noite
RandomHá sempre dois lados da moeda. Há sempre duas versões para uma história. E é você quem escolhe qual lado quer ficar. Você pode estar certo, mas também pode estar muito errado. E o final? Espere e verá! Henry aceitou o lado mais perigoso e por sinal...