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Segunda-feira de manhã. A mesma rotina de sempre. Acordo, faço a cama, tomo o pequeno-almoço e visto-me. Estava indecisa sobre o que vestir. Desta vez por razões diferentes. Ia almoçar com o André. Não queria parecer uma desmazelada como pareço em qualquer outro dia de faculdade mas também não quero que pareça que pensei muito sobre o assunto. Optei por uma saia de ganga e uma camisola branca completamente simples.

[...]

Antes da segunda aula encontrei-me com o Salvador e tomámos um café juntos. Contei-lhe que ia almoçar com o André e ele mostrou-se logo interessado no assunto. Começou logo a fangirlar sobre o rapaz , a dizer que ele era super giro e que jogava super bem e que eu tinha imensa sorte por ele me ter dado 'bola'. O Salvador nunca o disse mas todos sabem que ele é gay. Por sorte, o meu grupo de amigos pode ser muita coisa, mas nunca foi preconceituoso e adoro isso. Ou adorava. Não sei em que ponto está a minha relação com essas pessoas, neste momento.

- A Maria perguntou-me por ti hoje, na aula – informa-me.

- Que bom para ela... – respondo, pouco interessada.

- Não sejas criança, Mafy. Eu sei que ela tem saudades tuas...

- Tem tantas saudades minhas que nem me dirige a palavra ou responde às mensagens.

- O Duarte anda sempre em cima dela – eu rio-me com o que ele diz e ele apercebe-se – Bem, não no sentindo literal... Quer dizer... nesse também – atrapalha-se com as palavras e eu continuo a rir e ele junta-se a mim – Oh, tu percebeste-me...

- O que eu não percebo é qual é o problema dele comigo – falo, mais seriamente.

- Acho que sabes. Todos sabemos. Só a Maria é que não quer ver. Desde que lhe deste com os pés no ano passado que ele só te consegue ver ou junto dele, ou te quer ver miserável – lembro-me do que se passou na semana passada, quando ele foi a minha casa depois de termos almoçado todos juntos – Estás a pensar na morte da bezerra?

- Não – desvio-me dos meus pensamentos – O Duarte foi lá a casa...

- Foi? Quando? – não me deixa acabar a frase.

- Na segunda passada, depois de termos almoçado com o pessoal. Começou a provocar-me e a achar-se todo, a dizer que eu o queria e sei lá. Porcaria. É a única coisa que sai da boca dele.

- E tu?

- Eu o quê?

- Como é que te sentes? Afinal tu gostaste dele e ele agora anda com a tua melhor amiga... Com a Maria – corrigiu-se.

- Eu não me podia estar a borrifar mais para aquilo que ele pensa e diz. Há muito tempo que ultrapassei essa situação. Só espero que ele faça a Maria feliz.

- Acho pouco provável...

[...]

Depois da terceira aula da manhã dirigi até minha casa. Larguei os livros em cima da secretária e deitei-me na cama, de braços abertos e barriga para cima, à espera que fosse hora do almoço. Passavam poucos minutos da uma da tarde quando recebo uma mensagem do André a dizer que já se encontra debaixo do meu prédio, à minha espera. Arrumo novamente a minha mala e olho-me uma última vez ao espelho, ajeitando o cabelo. Decido descer pelas escadas para poder ter mais tempo para me concentrar e descontrair. Quando chego à saída vejo que o André está encostado ao carro, do lado do pendura, com uma mão no bolso e outra a agarrar no telemóvel até dar pela minha presença e guardar o mesmo no bolso livre. Eu sorrio e chego-me mais perto dele. Ele já sorria, enquanto eu caminhava até junto dele. Paro à sua frente e fico confusa sobre o modo como o devo cumprimentar. Acabamos por trocar dois beijinhos na cara. Ele abre-me a porta do passageiro, como um cavalheiro e eu entro no carro. Depressa se junta a mim do lado do condutor.

My Favourite Mistake | ASOnde histórias criam vida. Descubra agora