Segunda-feira. Dia de voltar à realidade depois do fim-de-semana que passei com a minha irmã. Encontrava-me no café da faculdade a estudar porque não iria ter as duas primeiras horas de aula mas sabia que se ficasse em casa iria, muito provavelmente, ficar enrolada nos lençóis.
- Posso sentar-me aqui? - ouço uma voz conhecida chamar a minha atenção e desvio a cabeça dos livros. Quando olho para o rapaz já ele se encontrava sentado à minha frente.
- Já estás sentado - respondo rudemente.
- Só queria parecer bem-educado - Óbvio - Sempre é verdade? Namoras com o jogadorzeco do Porto? - pergunta, fingindo-se pouco importado.
- Não creio que tenhas nada a ver com a minha vida, Duarte - respondo e volto a pôr os olhos nos meus apontamentos.
- O quão escandaloso seria se o menino de ouro do Porto descobrisse o que a sua querida e inocente namorada é capaz de fazer? - diz, sorrindo maliciosamente, o que me faz voltar a olhá-lo.
- O que é que queres dizer com isso?
- Nada, Mafaldinha. Foi apenas uma constatação. Se queres que te diga, nem acho que essa relação vá durar muito. Com tantas raparigas por onde escolher, porque raio iria ele escolher-te a ti? - continua a rir.
- A sério, Duarte? Sabes mesmo como deitar uma pessoa abaixo. Nem sei como é que ainda me consigo surpreender com as palavras que saem da tua boca - digo meio enojada.
- Não finjas que não voltavas para mim se eu quisesse...
- Tu és um nojento e um mentiroso. Não tenho qualquer intenção de voltar para ti. Aliás - começo a arrumar os meus livros e computador - Fica sabendo que não tenho qualquer intenção de voltar a falar contigo ou em pôr-te a vista em cima - ia para sair do café quando sinto a sua mão a exercer uma grande força no meu braço.
- Não penses que te escapas assim, boneca - diz entre dentes - Sabes que te tenho na minha mão e, portanto, é bom que pies baixo comigo caso não queiras que o teu namorico acabe mais depressa do que começou.
- Porque é que te interessa tanto a minha relação com o André? - pergunto, tentando escapar-me dos seus braços mas sem efeito.
- Porque, Mafalda - aproxima os seus lábios do meu ouvido - Se eu não te posso ter, mas ninguém pode - diz e larga-me finalmente e, sem proferir qualquer outra palavra, sai do café.
Confesso que tentava manter-me calma perante aquela situação mas as suas últimas palavras deixaram-me bastante assustada. Eu conheço o Duarte. Eu sei aquilo que ele é capaz de fazer. Tenho medo que, acima de tudo, ele seja capaz de magoar o André ou qualquer outra pessoa próxima a mim. Sou interrompida dos meus pensamentos quando sinto o telemóvel vibrar com o despertador que tinha ligado para me avisar de que era hora de ir para única aula que ia ter naquela manhã e, assim sendo, encaminhei-me ao grande auditório.
[...]
Era uma da tarde quando decidi que iria almoçar a um restaurante qualquer, sozinha. Queria ter algum tempo para mim. Decidi que olhar o rio seria uma ótima ideia para descontrair depois do almoço e, portanto, foi para a Ribeira que me dirigi.
O frio do outono estava finalmente a chegar e senti-me feliz. Feliz porque sempre preferi o frio ao calor, as roupas de inverno às roupas de verão, o estar enrolada nas mantas a ver um filme ao estar deitada numa toalha a expor a minha pele aos raios ultravioleta.
Eram quase quatro da tarde quando decido voltar para casa e fazer o que faço melhor. Ver séries no computador. Não me julguem. Uma pessoa tem de aproveitar as duas semanas que tem livres de frequências. Vejo o meu telemóvel piscar ao meu lado e apresso-me a pegá-lo. O nome que vejo no ecrã faz-me sorrir de imediato.
André: Quero-te em minha casa às 19h30 em ponto. Quero-te só para mim esta noite.
Eu: Ui. O que é que vem daí?
André: Parece que vais ter de esperar até às 19h30. Sem atrasos. Até logo 😘
Depois da sua última mensagem corro rapidamente para o meu quarto para decidir o que vestir esta noite. Tornou-se uma tarefa complicada porque não sabia o que o André tinha planeado para nós. Apesar disso, acabo por optar por um vestido preto, porque com um vestido preto nunca me comprometo, e uns collants bonitos. Meto a roupa na cama e dirijo-me até à casa de banho, ligando a torneira e enchendo a banheira de água quente. Hoje vou prendar-me com tudo aquilo a que tenho direito. Quero estar completamente descontraída para poder dedicar o meu tempo ao rapaz que tem feito o meu coração palpitar ultimamente.
[...]
Devo dizer que fiquei praticamente uma hora dentro da banheira. Apercebi-me disso quando vi a minha pela completamente enrugada. It was worth it, though.
Volto para o meu quarto com uma toalha enrolada no corpo e outro no cabelo. Acabo por pôr creme pelo corpo todo. Depois de algum tempo, volto para a casa de banho para secar o cabelo. Às seis e quarenta e cinco começo a vestir-me porque, como o André disse, não quer atrasos. Ponho um pouco de perfume. Com um pouco eu quero dizer metade do frasco. Não me maquilho porque nunca me maquilho para nenhuma ocasião apesar de admirar as pessoas que têm tempo e talento para o fazer.
Volto a sentar-me na cama para calçar os meus botins e por fim visto a minha canadiana preta, pego na minha mala e saio de casa em direção à casa do jogador do Porto.
A viagem é feita tranquilamente. As ruas encontram-se calmas. Possivelmente porque é uma segunda-feira e porque ninguém sai às segundas-feiras, especialmente com este briol. Demoro pouco menos de dez minutos a chegar ao apartamento do rapaz.
Quando toco à campainha sou prendada com um André todo arrumadinho. Camisa para dentro da calça clássica e sapatinho de vela. Por cima disso, um avental que lhe fica a matar. Sorrio com a figura do rapaz à minha frente.
- Uau! Acho que não preciso de te dizer que estás linda... - diz, mostrando-me o seu maior sorriso que me faz corar.
~
Uma vez que não atualizava há muito tempo, decidi prendar-vos com um double update.
É-me super estranho chamar "jogador do Porto" ao André neste momentos. Espero que me desculpem pela falta de atualizações e que continuem a ler e a gostar da história.
Obrigada por tudo 😘
