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Duas semanas depois

A faculdade está a deixar-me exausta. Trabalhos atrás de trabalhos e agora, sempre que chego a casa, durmo uma sesta, independentemente das horas que forem. Tenho estado várias vezes com o Salvador e às vezes vejo a Constança, que praticamente não me dirige a palavra. Também nunca percebi o porquê de ela ter entrado no nosso grupo mas pelos vistos a amizade dela é mais importante do que a minha. Vejo o Duarte e o Ricardo quando eles vão, várias vezes, buscar a Maria e a Constança à faculdade. Apesar do Salvador sair comigo, não deixa de continuar a sair com o grupo. Parece que só eu é que sou a ovelha negra da "família". Mesmo, assim, já lhe apresentei o André e o seu "pessoal". Temos saído bastante e conheci os primos mais velhos dele, o Filipe e o Tiago e deixem-me que vos diga: Damn, aqueles genes...

Hoje tomei um copo de coragem ao pequeno-almoço e decidi ir visitar a Sofia a sua casa. Foi a mãe dela que me abriu a porta e me mostrou o seu maior sorriso.

- Mafalda, minha querida! Há quanto tempo... Entra, querida, entra. Fica á vontade. Queres um café? Um chá? Um copo de água? – encheu-me logo de perguntas.

- Não, obrigada. Estou bem assim, obrigada.

- Como é que tens andado? Os teus pais estão bons? E o namorado?

- Tenho estado bem. Os pais também estão bem. Eu e o Duarte já não estamos juntos.

- Ainda bem que está a correr tudo bem. Então e a faculdade? Estás a gostar do curso que escolheste? A Sofia está muito feliz com o que escolheu.

- Sim. Comecei o mestrado agora. Tenho andado cansada mas nada que umas boas horas de sonho não resolvam – sorri-lhe – Posso ir ver a Sofia?

- Claro, ela está no quarto. Deve estar a estudar, não faz outra coisa que não isso. Vai lá, querida, podes ir – dirigia-me ao quarto quando ouço novamente a D. Filipa a falar comigo – Mafalda, querida, vê se a consegues animar. Ela não sai desse quarto faz tempo... - declara, com tristeza estampada nos seus olhos.

- Claro, D. Filipa. Vou fazer os possíveis – sorri-lhe, com pena.

Bati à porta do quarto mas não obtive resposta. Decido então entrar e tentar chamar a sua atenção. A Sofia estava sentada à secretária, na sua cadeira de rodas, com os fones nos ouvidos. Chego-me à beira dela e aceno-lhe com a mão, fazendo com que ela se assuste e acabe por dar um pequeno salto, fazendo-me rir.

- Mafalda! Olá! Que susto! – ri-se – O que é que estás aqui a fazer?

- Vim ver-te, saber como estás...

- Estou ótima, como podes verificar – ela sorri. Desde que a conheço que me lembro dela sempre com um sorriso nos lábios, independentemente do mal que a vida lhe possa oferecer e ofereceu – E tu, como estás? Os teus amigos sabem que estás aqui? – ri-se.

- Estou bem, obrigada. Os meus amigos não sabem mas também não precisam de saber. Não preciso da autorização deles para nada.

- Dantes não pensavas assim... Sempre pareceram os animais de estimação do Duarte.

- Eu sei. Peço-te desculpa por isso. Nunca foi minha intenção magoar-te...

- Eu sei, acredita que sei. Éramos crianças, éramos inocentes e eu sei o quão persuasivo o Duarte pode ser. Lembraste quando ele praticamente me obrigou a beijar o Diogo, xixi na cama, quando estávamos no primeiro ano? – ela olha para mim e eu não sei como reagir – Não faz mal, Mafalda. Podes rir-te. Na altura não achei muita piada mas agora, sempre que me lembro dessa história, não consigo não rir – e assim o faz: ri-se e eu junto-me a ela.

My Favourite Mistake | ASOnde histórias criam vida. Descubra agora