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Durante a noite recolho várias informações: o Zé é um ano mais novo que o Afonso; o Afonso é um ano mais novo que o Hugo; o André é realmente um excelente jogador; e o Afonso e o Hugo são horríveis a jogar FIFA. Tudo coisas que são bastante importantes para a minha felicidade. LOL.

O meu humor muda rapidamente quando avisto dois rapazes a chegar ao bar e a sentarem-se numa mesa, a um canto. O Duarte e o Ricardo. Eles olham para mim e lançam-me um sorriso provocador.

- Desculpem, eu já volto. Estão ali dois amigos meus, vou só cumprimentá-los – os rapazes da minha mesa assentem.

Levanto-me e dirijo-me à mesa dos meus supostos amigos.

- O que é que estão aqui a fazer? Não acham que já causaram problemas suficientes? – pergunto-lhes, quando me aproximo deles, com a minha maior rudez, de pé e de braços cruzados.

- Tem calma, princesa – o Ricardo provoca-me – E já agora, boa noite também para ti! Não nos queres acompanhar numa bebida? – o Duarte ri-se com o que o seu amigo diz.

- Vocês nem deviam pôr cá os pés depois do que aconteceu! - refilo, sem responder ao seu convite.

- Nós temos de agir naturalmente, como se nada tivesse acontecido. Foi o que combinámos Mafalda – Duarte olha-me, com o seu olhar mortífero.

- Nós não combinámos nada. Ou eu não combinei nada convosco.

- Tu vais fazer o seguinte, Mafaldinha – o Duarte levanta-se e agarra o meu braço com força – Tu vais mantar a tua boca fechada e fazer o que eu te disser para fazeres, ou então podes sofrer as consequências sozinha... - ameaça-me.

- O que é que queres dizer com isso? – pergunto, sabendo que não vou gostar de ouvir a resposta.

- Nós podemos simplesmente dizer que eras tu que ias a conduzir o carro. Que te avisámos para não o fazeres mas não nos deste ouvidos. Queimamos o teu nome e limpamos o nosso...

- A Maria não ia concordar com isso... - Mas de que raio está ele a falar?

- Na verdade foi ela que deu a ideia – Como assim? – Chegou dizer-lhe que fui a tua casa, obviamente bastante preocupado contigo e tu te aproveitaste da minha preocupação para te atirares a mim. Eu tentei afastar-te mas tu conseguiste roubar-me um beijo e...

- Como é que tu foste capaz, Duarte? Não! Ela nunca iria acreditar numa história dessas...

- A Mariazinha está loucamente apaixonada pelo Duarte – Ricardo responde pelo amigo. O cãozinho de guarda do Duarte.

- Vocês não podem fazer uma coisa destas! É um completo absurdo! – elevo um pouco a voz e sinto olhares em cima de mim. Duarte aperta-me o braço com mais força – Estás a magoar-me – ele larga-me.

- Podemos, se abrires a tua boquinha linda mas como eu ainda tenho esperança em ti, Mafalda, sei que não o vais fazer – volta a sentar-se e sorri-me, vitorioso – agora podes voltar para os teus novos amigos – eu lanço-lhe um último olhar de nojo e volto-me de costas até voltar a ouvir a sua voz – Lembra-te do que te pode acontecer, boneca – ele ameaça e ri-se junto de Ricardo.

Eu dou meia volta e vou à casa de banho. Lavo a cara com água e olho-me ao espelho. Não reconheço a pessoa que vejo. Não reconheço a pessoa em que me tornei. Ia pegar no meu telemóvel para ligar ao Salvador quando me apercebo que o tinha deixado na mala, junto da mesa. O André! Esqueci-me completamente deles. Olho mais uma vez para o espelho e tento recompor-me rapidamente. Volto para a mesa onde estava sentada antes da confusão que aconteceu e olham todos para mim.

- Está tudo bem, Mafalda? – o Zé pergunta-me. Obviamente que eles perceberam que se formou uma tensão na mesa ao canto do bar – Precisas de alguma coisa?

- Não, obrigada. Eu estou bem, estou apenas cansada. Se calhar devia voltar para casa... - agarro na minha mala e procuro pelo telemóvel.

- Vieste sozinha? – o Afonso pergunta e eu assinto.

- Sim, eu apanhei um táxi. Não vivo muito longe.

- O André pode levar-te a casa, isto é, se ele não se importar – o Afonso olha para o irmão.

- Não. Claro que não me importo. Eu levo-te. Não quero que vás sozinha a estas horas da noite, ainda por cima a uma sexta à noite...

- Não é preciso, eu sei proteger-me sozinha. Faltei a poucas aulas de karaté – brinco.

- Eu levo-te. Fim de conversa – ele insiste e eu acabo por aceitar. Despeço-me dos outros rapazes com um 'Vemo-nos por aí' e antes de sair pela porta do bar lanço o meu olhar, uma última vez, à mesa do canto, onde vejo que cada um deles já ia na sua terceira cerveja.

Dei a minha morada ao André. A viagem estava a ser silenciosa. Silenciosa demais. O André foi o primeiro a ceder e a quebrar o silêncio.

- Os dois rapazes com quem discutiste fazem parte do teu problema grave? – ele desvia o olhar da estrada para mim.

- Notou-se assim tanto? – digo, em forma de suspiro e olho para o escuro da noite.

- Acho que toda a gente que lá estava dentro notou – ele ri-se mas não me consigo rir com ele desta vez – Estás mesmo bem?

- Sim, André. É só o cansaço.

- A mim não me parece só o cansaço... – ele volta a olhar para mim, ao mesmo tempo que eu olho para ele e acabo por desistir e sorrir-lhe e revirar os olhos ao mesmo tempo – Pronto, eu não insisto contigo mas se precisares de falar, já sabes...

Chegámos ao meu prédio depois de uma conversa divertida onde acabámos por nos conhecer um pouco melhor, falando sobre coisas como o nosso animal preferido, a nossa cor preferida, a comida preferida, etc, etc.

- Estás entregue – para o carro em frente à minha porta e sorri – Podes dar-me o teu telemóvel? – pergunta e eu olho-o desconfiada.

- Porquê?

- Já vês – entrego-lhe o meu telemóvel, depois de o desbloquear e passado uns segundos ele devolve-mo – Pronto. Agora tens o meu número. Assim, se quiseres falar comigo, vai depender somente de ti – sorri novamente. O escuro da noite deixa os seus dentes ainda mais brancos e brilhantes – "Vemo-nos por aí", Mafalda – pisca-me o olho, repetindo as palavras que disse aos seus familiares.

- Adeus, André – sorrio e deixo-lhe um beijo na bochecha, antes de me direcionar ao meu apartamento.

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Não quis deixar-vos em grande suspense e, por isso mesmo, decidi publicar mais um capítulo.

My Favourite Mistake | ASOnde histórias criam vida. Descubra agora