🌸 10 🌸

514 28 1
                                    

Acordo no sofá da sala, onde adormeci na noite anterior enquanto acabava o relatório da faculdade. Sinto uma dor no pescoço devido à posição em que adormeci. O computador e os livros estão espalhados pelo chão e pelo sofá. Olho o telemóvel que marca as nove e meia. Apercebo-me de que me esqueci de ligar o despertador de ontem para hoje o que me deixa stressada porque odeio fazer as coisas à pressa. Corro até à casa de banho e prendo o cabelo para tomar um duche rápido.

Depois do duche visto algo quente e confortável porque o tempo está a arrefecer e não tenho tempo para nada mais sofisticado.

Arrumo a mala com o necessário, sigo para a cozinha, pego numa maçã e dirijo-me à porta de saída.

  [...]  

Chego à faculdade a tempo de assistir a metade da primeira aula e por isso apresso-me a chegar à sala mas esbarro contra uma figura humana, o que me deixa ainda de mais mau humor. Apresso-me a baixar-me e a apanhar tudo o que deixei cair devido ao embate e só depois olho para a pessoa em questão, que me encara sem qualquer tipo de emoção. Contorno o seu corpo e continuo o meu caminho quando sou interrompida pela sua vez.

- Devias ter mais cuidado por onde andas - a Maria diz com um tom distante.

- Isso é suposto ser uma ameaça?

- É apenas um aviso, amiga.

- Não sei se te lembras mas nós deixámos de ser amigas a partir do momento em que me traíste - tudo o que sinto por ela é raiva neste momento.

- Isso são tudo ciúmes por o Duarte me ter escolhido a mim em vez de ti?

- Poupa-me, Maria. Não podia estar menos preocupada com o que tu e ele fazem ou deixam de fazer.

- Não é o que parece - ela aproxima-se de mim - Eu não te quero ver próxima dele senão vais ter problemas comigo, amiga

- Primeiro: eu já te disso que não quero saber do Duarte para nada. Segundo: eu não tenho medo das tuas ameaças, amiga!

- Não sei se te lembras mas a coisa pode ficar feia para o teu lado se não me obedeceres.

- Maria, se eu ainda não abri a boca é porque acredito que ainda exista um pingo de humanidade em todos vocês mas acreditem que se continuarem a fazer estas cenas eu mudo de ideias. Como disse, não tenho medo das tuas ameaças nem das de qualquer outra pessoa. Agora deixa-me deixar-te um aviso também... Tem cuidado com o Duarte. Ele não te merece. Ele não gosta de ti. Ele só gosta de si mesmo. Espero que não te apercebas disso quando for tarde demais...

- Para com isso, miúda! - ela eleva a sua voz - Ele ama-me e eu amo-o a ele e não é uma cabra como tu que vai destruir o que sentimos um pelo outro! Afasta-te de nós, sua louca, ou eu juro que não respondo por mim! - senti o meu coração partir-se em mil bocadinhos com as suas palavras mas consigo manter a postura.

- Depois não digas que eu não te avisei - são as minhas últimas palavras dirigidas à pessoa que eu chamava de melhor amiga antes de me dirigir à casa de banho mais próxima. Pouso os livros em cima do secador de mãos e olho-me ao espelho. Não consigo impedir que as lágrimas me escorram pelos olhos depois daquilo que ouvi. Queria conseguir acreditar que tudo não passa dum pesadelo. O meu telemóvel vibra e eu olho-me uma última vez ao espelho e limpo as lágrimas antes de descobrir uma mensagem e não consigo não evitar soltar um sorriso ao ver o nome que aparece no ecrã.

André: Sempre saímos hoje à tarde?

Eu: Estás no treino?

A sua resposta é imediata.

André: Sim. Tu estás nas aulas?

Eu: Não propriamente. Vou agora para casa, não me estou a sentir muito bem.

André: Passou-se alguma coisa? Isso quer dizer que não vamos sair?

Eu: Não, quer dizer que preciso mesmo de sair contigo e preciso que me distraias.

André: Com todo o prazer 😏

Eu: Parvo. Vai mas é treinar que é para isso que és pago. Manda-me mensagem depois do almoço.

André: Não queres almoçar comigo? 😞 Eu podia cozinhar para ti...

Eu: Fica para outro dia esse almoço, Andrézito, prometo. Até logo.

André: Até logo, Mafaldinha.

Depois da troca de mensagens saio finalmente pela porta da casa de banho em direção ao portão da faculdade, por onde tinha entrado há minutos atrás. Entro no carro e respiro fundo durante algum tempo até ligar o mesmo.

O caminho até casa é feito bastante devagar, enquanto ouço uma playlist do spotify e as minhas mãos batem no volante ao ritmo da música. Quando paro num sinal vermelho olho pela janela e observo as pessoas na rua, que aparentam estar todas apressadas e pouco felizes em relação àquilo que estão prestes a fazer. Tento, mais uma vez, imaginar uma história para cada uma delas. Um homem de fato e gravata e com uma pasta de pele, de nariz empinado, chama-me a atenção. Anda a passos rápidos, sem olhar para qualquer outro ser humano. Faz-me lembrar o meu pai. Parece ser do tipo de pessoa que se interessa mais com o trabalho do que com os outros seres humanos e com a comunicação que é suposto haver entre eles. O sinal fica verde e eu volto a arrancar, prestando novamente atenção à estrada.

Quando chego a casa volto a pegar nos livros e no computador que deixei desarrumados antes de sair de casa logo de manhãzinha e volto ao trabalho enquanto espero pelo tempo passar.

~

Oi, amigas! Voltei! Os exames acabaram e eu estou feliz. Todo o mundo está feliz.

Desculpem se tenho andado a dar mais atenção à Started From The Bottom mas prometo que vou voltar a atualizar mais frequentemente 😊

Digam-me o que acham da nova capa, feita por mim.
Rumo às duas mil visualizações 💪

My Favourite Mistake | ASOnde histórias criam vida. Descubra agora