Já havia se passado uma semana desde a festa da Valentina. Três dias depois a nossa família voltou para o Brasil. Uma semana que eu e Otaviano estávamos brigados, eu não aguentava mais isso. Ele mal falava comigo, e o que me magoava mais, era saber que ele estava agindo assim, por causa daquela secretária dele.
Eu tinha acabado de voltar do meu horário de almoço, tava sentada olhando alguns casos de pacientes, quando o telefone da minha mesa toca, só pode ser a Kate minha secretária.
Kate: Doutora Monica, a doutora Débora está aqui pode mandar entrar?
Monica: Claro Kate.
Débora: Atrapalho?
Monica: Claro que não. Senta.
Ela sentou na cadeira a minha frente.
Débora: Como vai as coisas entre você e o Otaviano? Já se acertaram?
Monica: Continua do mesmo jeito, ele fingindo que eu não existo. Eu já não suporto mais isso.
Débora: Você já tentou conversa com ele?
Monica: A semana toda, e toda vez que eu chegava pedindo para conversar, ele me dizia que estava cansado. Cansada estou eu dessa situação toda.
Débora: Ele tá sendo muito infantil, ficar assim com você por causa de uma secretária? Se fosse eu, também estaria do mesmo jeito que você.
Monica: Eu não sei mais o que faço!
Débora: Por que você não vai até a empresa e tenta conversar com ele lá? Só assim você me dá uma corona para lá.
Monica: Acho que vou fazer isso mesmo. Vai visitar o Zé?
Débora: Vou fazer uma surpresinha para ele. - fala dando um sorriso malicioso.
Monica: Safada. Vamos então.
Débora: Vou só na minha sala pegar a bolsa e a gente vai.
Saímos da minha sala e ela foi na dela, enquanto isso eu esperava por ela no corredor.
Kate: A senhora já vai?
Monica: Já sim e não voltou mais hoje. E Kate, sem o senhora por favor, me chama de você.
Kate: Tá bom senh... Monica.
A Débora chegou e saímos para o estacionamento, entramos no carro, colocamos o cinto e dei partida.
Passamos pela recepção e comprimentei a Leila, entramos no elevador e subimos até o último andar. A Débora foi para o lado da vice presidência e eu parei em frente a mesa daquela oxigenada.
Monica: O Otaviano está?
Flávia: Está sim, só um momento que eu vou anuncia-lá. - falou fazendo cara de nojo.
Se eu já estava com raiva dessa puta, imagina agora. Ela pegou o telefone e ligou para a sala dele, que permitiu minha entrada. Caminho em direção a sua sala, bato e escuto um "entra".
Monica: Oi - falei entrando na sala.
Otaviano: Oi, aconteceu alguma coisa com a Valentina? - pergunta em um tom seco.
Monica: Não, na verdade eu estou aqui pra gente conversa.
Otaviano: Sobre?
Monica: Você sabe muito bem qual é o assunto. Eu não aguento mais, você mal olha na minha cara, não fala comigo e quando fala é sempre seco! E tudo isso por causa dessa sua secretária!
Otaviano: Você sabe muito bem que a Flávia é mais do que uma secretária para mim, ela é minha amiga.
Monica: Claro! - falo sarcástica - Se coloca no meu e imagina se fosse eu, um amigo que está a fim de mim, e toda vez que ele está perto de mim fica me cantando só para te provocar, como você se sentiria?
Otaviano: As coisas são completamente diferentes.
Monica: Você já parou para pensar que depois que vocês viraram "amigos", a gente briga constantemente?
Otaviano: A gente briga por que você fica com essas ideias malucas na cabeça.
Monica: Ideias malucas? - rio ironicamente - NÃO SÃO IDEIAS MALUCAS! EU VEJO ELA DANDO EM CIMA DE VOCÊ DESCARADAMENTE NA MINHA FRETE!
Otaviano: PARA COM ISSO MONICA! EU JÁ ESTOU DE SACO CHEIO DISSO! Vai embora por favor, daqui a pouco tenho uma reunião.
Monica: Eu não acredito que você está fazendo isso com a gente! - falo chorando - Você praticamente está me trocando por ela!
Otaviano: Monica por favor vai embora, minha reunião começa daqui a pouco.
Monica: Então é assim? Quando eu sair por essa porta você pode esquecer que eu existo!
Ele ficou parado sem dizer se quer uma palavra. Peguei minha bolsa e sai da sua sala. Parei em frente a mesa da puta e vi ela dando um sorrisinho.
Monica: Era isso que você queria né sua puta? Você conseguiu!
Saio dali rápido e chorando. Eu não estava acreditando que ele estava fazendo isso que a gente. Dirigia de volta para casa e as lágrimas molhavam meu rosto. Cheguei em casa e já fui logo chamando Lucy.
Monica: Lucy
Lucy: Oi Monica
Monica: Cadê a Valentina?
Lucy: Tá dormindo.
Monica: Eu quero que você arrume as coisas dela na mala.
Lucy: Vocês vão viajar?
Monica: Não, eu estou indo embora dessa casa.
Lucy: Mais o que aconteceu?
Monica: Eu briguei com o Otaviano.
Ela foi arrumar as coisas da Valentina enquanto eu arrumava as minhas.
Lucy: Já arrumei as coisinhas dela. Foi por causa da secretária dele que vocês brigaram?
Conto tudo o que aconteceu para ela.
Lucy: Não fica assim, vocês estão de cabeça quente, quando as coisas se acalmarem mais vocês sentam e conversam. Você vai para o apartamento?
Monica: Vou.
Ela me ajuda a colocar as coisas no carro e depois eu subo para pegar Valentina colocando ela na cadeirinha no carro.
Será que ainda teríamos volta? Será que conseguiríamos ser felizes com aquela mulher atrapalhando nosso relacionamento?
Melhor fazer como Lucy disse, esfriar a cabeça e depois sentamos e conversamos, mais enquanto isso o melhor é ficarmos sem nos vermos.
