Ela fraturou a coluna e quebrou o braço, como vai ser agora? Terá de andar em uma cadeira de rodas com um braço engessado? Eu não quero ver isso de segunda a sexta. Eu quero vê-la bem, cantando, rindo ou simplesmente falando. Eu conheço ela a uma semana e nisso ela foi atropelada, e se foi só eu conhecer ela e as coisas vão começar a desandar? E se ela só iria atravessar aquela rua pois estava cansada de nos ouvir falar?
Eu odeio, pensar nisso.Outro dia
Meu celular toca e eu o atendo.
> Alô? - Digo e olho ao meu redor, tentando me localizar.
> Você é um responsável pela Helena Andersson? - O mesmo enfermeiro de hoje mais cedo pergunta.
> Sim, sou. Ela, ela acordou? - Pergunto e guardo minha outra mão no bolso.
> Acordou ontem, mais queria tempo para arrumar suas coisas. As visitas só podem ser realizadas uma por pessoa, você vem primeiro? - Ele pergunta. Penso um pouco na situação. Ariana é irmã dela, ela deveria ir primeiro.
> Não. A moça que estava comigo já saiu? - Digo em opção á ela ir logo.
> Sim, ela passou a noite aqui por ser a responsável por Helena. - Ouço vozes no fundo.
> Já vou. - Digo e olho para o céu. Ele desliga a ligação e eu me sento em um banco ali perto.
Eu estou simplesmente perdido.
Quando deu 2 da tarde eu sai de casa e só andei, sem saber onde estou.
- Afinal, onde estou? - Penso alto.
- Você está na rua Cobb. - A voz de Antonella surge e ela também, do beco ao lado.
- A quanto tempo está aí? - Pergunto calmamente e me levanto.
- Tempo suficiente. - Ela vira sua cabeça. - Que bom que ela está bem. - Ela se aproxima e me entrega seu fone sujo por conta do acidente.
- Eu estou distinto do mundo. - Olho para o fone. - Eu não sei, parece que eu não estou aqui. - Explico.
- Eu sei como é. - Ela se senta. - Logo ela melhora. - Ela põe sua mão em meu ombro.
- Vai demorar. - Desembolo o fone.
- Mais vai passar rápido, no final das contas. Eu já passei por isso, Chandler. Eu sei como é. - Ela suspira.
Me lembro que logo depois de Ariana sou eu, então me levanto e corro. Não ligo para as coisas no caminho, só corro em direção ao hospital com o fone de Helena ainda em mãos.
Chego na porta e todos os amigos de Helena já estão lá. Algumas meninas choram e os meninos tentam consolar elas, mais eu não ligo, passo direto.
Quando chego na porta onde fui informado de que ela está, vejo ela.
Seu cabelo está amarrado em um coque bagunçado e ela usa aqueles vestidos de hospital. Infinitos fios de plástico se ligam de máquinas ao seu corpo, e seu braço já está engessado. Um sorriso bem grande está em seu rosto enquanto ela conversa com a irmã.
O quarto tem milhares de desenhos, desenhos muito bons. Alguns são meus, outros de Norman, Jeffrey, Andrew e todas as outras pessoas que ela mencionou outro dia.
Sorrio.
Ela me percebe, e quando olha para mim, seu sorriso parece aumentar. Saio de perto e vou para as cadeiras junto aos seus amigos.
- Chandler? - Sara, uma das que estava a chorar, se levanta.
- Oi. - Dou um sorriso triste.
- Está tudo bem? Você viu ela? Como você soube? - Ela olha através de meu ombro a sala onde ela está.
- Ela está bem, assim como eu. E sim, eu vi ela. - Sorrio. - E eu, eu vi o acidente. - Abaixo minha cabeça.
- Meu Deus... - Ela fala triste. - Deve ter sido horrível. - Ela olha para os amigos atrás.
- Terrível. - Afirmo. - Você sabe com ela está, certo? - Pergunto.
- Não, como? - Ela diz e todos se aproximam para ver a resposta.
- Ela teve a coluna fraturada e vai ter de ficar alguns dias fazendo uma recuperação. - Suspiro. - Além de seu braço ter se quebrado. - Coloco a mão atrás da cabeça. Sara coloca as mãos na boca e olha para o chão, de então, mais lágrimas descem.
Antonella chega pela porta do hospital e vem em nossa direção.
- Desculpe por ter te largado lá, eu só lembrei que podia perder o lugar em vê-la, e eu não queria isso. - Me aproximo dela.
- Está tudo bem, Chandler. - Ela sorri de lado. Assinto e olho para a sala de Helena após ouvir barulho de porta.
Vejo Ariana com um sorriso no rosto aparentemente inchado por conta do choro.
Corro até a porta da sala de Helena.
Respiro fundo e giro a maçaneta.
Ela está lá, sentada.
- Oi. - Ela sorri. Sorrio de volta, aliviado.
- Oi. - Me aproximo e sento na cadeira de plástico.
- Você sabe que eu estou bem, né? - Ela vira a cabeça para o lado.
- Você não está bem. - Rio. - Você foi brutalmente atropelada, sua coluna está fraturada e seu braço também. - A olho nos olhos.
- Me sinto bem. - Ela ri. Que riso lindo.
- Foi horrível, Helena. - Abaixo a cabeça.
- Eu me lembro só de voar. - Ela sorri. - Foi o segundo mais divertido da minha vida. - Ela ri alto. - Ai. - Ela toca na lateral do corpo. - Ficar aqui me lembra a cena em que o Carl perde o olho. - Ela olha para mim e tampa com sua mão meu olho esquerdo.
Sorrio.
- Eu também. - Assinto.
Passamos um tempo assim, parados. Em silêncio total.
Um silêncio gostoso.
O melhor silêncio.
- Então, já ouviu Let's be birds? - Pergunto, para quebrar o silêncio e eu ficar sem razões para sair daqui.
- Não. - Ela balança a cabeça.
Pego seu fone que está em minhas mãos, limpo as cabeças e coloco nos seus ouvidos. Pego meu celular e conecto com os fones, coloco Let's be birds, e a deixo ouvir.
Em pouco tempo ela já está cantando, e eu junto.
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- Amo as narrações do Chandler, amo.
- Vocês estão percebendo que sempre que a Antonella tem um tempo sozinha com o Chandler ele sempre sai de perto por causa da Helena? Akakakakkaka
- Let's be birds é do Jacob Whitesides, e é a música do capítulo.
- Eu quero conhecer vocês melhor, vou fazer perguntas ok?
- Otp: Qual a sua música favorita?
~~LunaAprilF~~

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Change |C.R|
RomanceApós seu término horrível com Brianna, Chandler se sente indefeso a amar de novo, com o medo de seu coração se quebrar 2 vezes mais. Só que, como é nos ensinado ao longo de toda nossa vida, fugir do amor não funciona, para todos os seres humanos, e...