Razor

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Helena
Horas antes
Não consigo. Não sei.
Eu apenas concordei em ir pra casa por que eu estava bem ali.
Eu queria aquele abraço.
Necessitava daquele abraço.
Mas acabou.
Minha vida acabou.
Passei uma semana pensando em tudo que se pode pensar depois da morte de alguém. Alguém querido.
Pensei em como vou me sustentar, quem vai me acordar, como vou comer se não sei cozinhar, a falta que ela vai me fazer, tudo.
Sendo sincera, não sinto falta dela.
Já passei períodos de tempo mais longos que isso longe dela, então o que sinto não é saudades.
Mas o pensamento de que nunca vou ouvir sua voz de novo, nunca vou sentir ela de novo, me faz querer chorar ao infinito.
Eu não chegaria ao ponto de me matar, se não fosse por Chandler.
Se aquele maldito menino não fosse tão idiota, eu estaria 5% bem.
Mais eu não estou nada bem.
Minha felicidade está esgotada.
Ele é a pessoa a quem eu esperava que ficasse lá, do meu lado, fazendo piadas e me melhorasse. Só que bem nesse momento, ele me abandonou.
O maldito garoto me abandonou na pior das hipóteses que alguém poderia abandonar outra pessoa.
Estou, inconsolável.
Estou sem motivos para viver.
Sem motivos para continuar sofrendo.
Ela foi morta, a facadas, na minha frente.
Na minha, frente.
Na frente de um dos departamentos da polícia.
O assassino foi morto depois da quinta facada, e eu, fiquei lá, segurando minha irmã sangrenta no colo, como Andrea com Amy.
Eu procuro, mais não acho motivos para ficar. Não sei se existem.
Abro a porta de vidro e dou um falso sorriso.
- Oi. - Digo para a farmacêutica.
- Boa noite. - Ela sorri. - O que você gostaria? - Dinna ( vi pelo jaleco ) pega algo debaixo do balcão, uma sacola.
- Giletes. - Olho ao redor.
- Você não vai se matar não, certo? - Ela ri.
Apenas rio fraco, já que eu não vou mentir, não quero.
- Ficam naquela sessão. - Ela fica nas pontas dos pés e aponta para uma das prateleiras.
- Obrigado. - Vou até o lugar indicado e pego os giletes embalados em uma caixinha de plástico e papelão.
Coloco no balcão e entrego o dinheiro, que ela pega e guarda.
- Bom, aqui está. - Ela me entrega eles na sacola em que acabou de colocá-los.
Apenas assinto, pego a sacola e saio.
Coloco a sacola no guidão da bicicleta e subo na mesma.
(...)
Não. Não vou me matar como Hannah.
Quero, quero que alguém veja.
Quero que Chandler veja.
Quero que ele sinta.
Sinta culpa.
Seguro o gilete á milímetros de meu pulso. Respiro fundo, e o pressiono contra a pele.
A dor é inevitável.
Começo a chorar, enquanto prolongo o corte até a dobra do meio do braço.
Faço o mesmo no outro.
Jogo o pequeno metal afiado no lixo e olho-me no espelho.
Não posso aparecer assim.
Pego a toalha de rosto pendurada ao lado da pia e enxugo o meu rosto.
Tiro todos os vestígios de que estava chorando e sorrio.
Sorrio por quê vai acabar.
Tudo isso, vai finalmente chegar ao fim. Sem acidentes de carros agora.
Sem mortes.
Sem sentir a droga daquele sentimento chamado amor.
Coloco uma camisa verde com mangas compridas e saio de novo de casa, só que agora, em direção a casa de Chan.
(...)
Vozes. Ouço vozes familiares.
As vozes de Chan e Antonella.
Então, me aproximo da porta aberta para que eles não me vejam e subo as mangas.
- Amo Helena Andersson. - Chandler diz e ri.
- Que bom. - Apareço na porta com meus braços para baixo, dando-lhes a visão dos cortes. Chandler tem seus olhos arregalados e não consegue dizer nada, quanto a Antonella, o mesmo.
Estou tonta.
Muito tonta.
- Porém. - Dou um riso fraco. - Acho que já é tarde demais. - Sorrio de lado e minhas pernas ficam bambas.
*****************

Chandler
Corro até ela e a coloco novamente no colo, mas dessa vez, eu sinto que daqui a pouco vou entrar em convulsão, por que eu sei, que existe um grande número na porcentagem de morte.
Coloco-a no banco de trás do carro e simplesmente piso no acelerador, no caminho para o hospital.
Dirijo rápido mas penso devagar.
Helena cortou seu braço e está desmaiada no banco de trás.
Nada em seu rosto indica que ela chegou a chorar.
E eu, sou o responsável por isso.
(...)
Lá estão eles, costurando um grande corte em seu braço. Ela está respirando pelo aparelho e tem sangue respingado no chão. Nenhum de seus amigos sabem disso e eu estou começando a precisar de um daqueles aparelhos também.
Sento-me nos bancos, olho para o lado e avisto Ariana, no dia do acidente de carro.
Ela sorri para mim.
Pisco e não tem ninguém lá.

Dois dias depois
Ela está acordada.
Ela não quis me ver durante um dia, mais ela finalmente me deu permissão.
Provavelmente por quê eu fiquei ligando de 5 em 5 horas para ver se ela já tinha me liberado.
- Helena. - Sorrio de alívio ao vê-la deitada na cama, com a cara fechada.
- Você me salvou. - Ela revira os olhos.
- Geralmente eu espero essa frase sem um revirar de olhos depois. - Rio.
- Mais eu não queria que você me salvasse! - Ela me empurra. - Não tá vendo que não têm pra que eu ficar? Eu não tenho ninguém, p*rra. - Ela se encosta nos travesseiros.
- Tem a mim. - Sorrio.
- Você duvidou. - Ela ri. - Duvidou que eu estivesse falando a verdade no pior dos momentos. - Ela abaixa a cabeça.
- Olha. - Sorrio. - Eu admito. Sou um babaca muito, muito burro mesmo. - Ambos rimos.
- Tem razão. - Ela sorri.
- É, e eu não liguei os pontos. Até o Grayson vier e abrir meus olhos. - Rio.
- Pensei que você era inteligente. - Ela sorri.
- Menos quando se trata... - Penso um pouco. - De você. - Sorrio.
- Cac*te, não vem com essa não. - Ela ri
- O quê? - Sorrio.
- Chan, eu me lembro das coisas, entendeu? Só por quê você disse que me ama eu não vou te perdoar simples assim. - Ela dá ombros.
Droga.
- Eu sei. - Assinto.
Mais ela está sorrindo.
- Você disse que foi um babaca. - Ela começa a rir descontroladamente.
Mais eu notei uma coisa.
Onde esteve Alex esse tempo todo?
- Helena. - A paro. - Cadê o Alex? - Pergunto.
- Desde quando... - Ela para e eu assinto em modo que ela possa pular essa parte. - Ele sumiu. Liguei varias vezes mais ninguém atendia. - Sua cabeça é colocada com cuidado em meu ombro. Apenas encosto a minha cabeça na sua e seguro seu braço.
Não quero sair dessa posição, nunca.
Ela está com os olhos fechados e sorri, e ela está, de um jeito incrível, linda.
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- Vish
- Tá tudo bem no final, gente. Tá tudo ótimo.
- Eu tô feliz não sei pq, kjjkjkj
- Eu escrevi isso como o Flash, sério.
- Ah, isso é demais. Até, galerinha.
- Só p deixar você felizes.
~~Luninha~~

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