Capítulo DOZE

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Escuto vozes, mas não abro os olhos. A dor no corpo me atinge e eu me esforço para permanecer com o rosto impassível. Reconheço a voz de Mario.

– Agora só podemos esperar – ele diz.

– Pode ser que ela morra? – é a voz de Jafar e ele parece preocupado.

Sei que essa é minha vantagem. Ele precisa de mim e por isso não me negou ajuda médica.

– Não. O braço está infeccionado, mas vai melhorar com as ervas. O corte na barriga é profundo e corre o risco de infeccionar também. O pior será a dor que ela sentirá ao acordar – nem preciso imaginar, já a sinto – ela terá que ficar uns dias de repouso até conseguir se movimentar normalmente outra vez.

– Ótimo. Preciso que ela fique bem para vingar a morte de meu filho – sua voz não demonstra tristeza.

Ele não está nem aí. Deve estar agradecido por eu tirar aquela anta do seu caminho. Está apenas fazendo teatro para tentar justificar meus machucados.

Não sei o que meu povo sabe, mas imagino que ele tenha inventado um ataque e que eu lutei ao lado de seu filho. Vingar a morte de meu filho... Esse cara é um cretino!

Decido que é melhor que eles achem que estou dormindo.

– Quando Zafena trouxer as ervas que preciso, farei um chá para impedir a infecção – é a voz de Diná e meu coração se enche de alegria por saber que ela está viva.

Escuto passos e mais algumas trocas de palavras até que o silêncio reine. Espero um pouco e tento não pensar na dor que sinto. Abro os olhos e vejo que estou em um quarto. Não é o meu, mas tenho certeza que estou nos dormitórios.

Tento me levantar e minha cabeça gira. Levo a mão até ela e sinto um tecido. Minha cabeça está enfaixada. Me esforço e consigo levantar a cabeça a ponto de ver meu corpo. Estou apenas de top e calça, minha barriga está enfaixada também. Olho para o meu braço e vejo outra faixa.

Estou fraca e com fome. Me concentro e tento me levantar novamente. Consigo apoiar as costas na parede atrás da cama. Relaxo e espero que a piora da dor pelo esforço passe. Escuto vozes fora do quarto e sei que tem pelo menos dois guerreiros na porta, me vigiando. Tento pensar em um plano, mas é em vão. Meu corpo está muito fraco e dolorido, uma criança me derrotaria.

Começo a sentir medo. Medo do próximo passo de Jafar. Medo que ele me machuque mais, que machuque meus guerreiros, meu povo.

O quarto que estou não possui janela, então eu não sei se é dia ou noite. Não tenho ideia de quanto tempo fiquei desacordada. Mas, para não ter sentido eles me locomoverem até aqui, suponho que eu tenha caído em um sono profundo. Ou tenha desmaiado de dor mesmo, vai saber.

Minha garganta fica seca e eu procuro por água no quarto. Nada. Imagino o bem que me faria e minha boca resseca ainda mais.

A porta do quarto se abre e Diná entra, carregando uma garrafa e alguns copos. Ela não fecha a porta atrás de si e um guerreiro aligorte fica nos observando. É um dos guerreiros que tentaram impedir a fuga de Luke e Savana. Ele tem um corte feio na testa e suponho que eu tenha provocado o ferimento. Quem mais?

Sinto-me aliviada por ver alguém que amo. Alguém que me ama. Diná se aproxima, mas não me abraça, o que julgo estranho. O que eu mais queria agora era um abraço seu.

– Quem bom que está acordada, querida – algo está estranho. Diná nunca me chamou de querida e seu tom não me é familiar – isso impedirá que a infecção se espalhe.

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⏰ Última atualização: Apr 24, 2017 ⏰

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