Capítulo DEZ

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Já é tarde da noite quando Luke acorda. Ele adormeceu ao anoitecer. Não sei há quanto tempo não dormia.

Um guerreiro aligorte permanece conosco, mas não é o mesmo. Ninguém apareceu para trazer comida ou água. Também não trouxeram Mario para cuidar do meu braço. Jafar está nos enfraquecendo. Acha que em algum momento estaremos tão desesperados que faremos o que ele quiser.

Já tentei falar com esse guerreiro, mas ele me ignora. Quando decido tentar novamente, a porta do galpão se abre e Maison entra. Ele espera que o aligorte saia e fecha a porta. Está sozinho e carrega a arma na mão direita.

Olho para Luke, que aperta as mãos nos punhos e olha com raiva para Maison. Continuo olhando para ele, esperando que ele me olhe de volta. Ele o faz e eu assinto com a cabeça de leve. Preciso que ele fique tranquilo para que eu possa fazer o que deve ser feito.

Maison se aproxima e faz sinal com a arma para que eu me afaste da entrada da cela. Obedeço. Ele tira uma chave do bolso e a coloca na fechadura. Começo a pensar que tudo vai acontecer como eu imaginava. Me animo com a ideia de sair desse confinamento. Derrubar Maison será fácil, apesar da arma. Só preciso que ele vacile por um único segundo. E ele o fará. Sei que vai.

Ele gira a chave, mas não abre a porta. Aponta a arma pra mim.

– Sei do que você é capaz. Se você tentar qualquer coisa, eu atiro na sua cabeça e na cabeça deles também – Maison fala baixo, mas sei que está nervoso. Olho para trás e vejo que Savana ainda dorme. Ótimo. Ele abre um pouco a porta – saia – ordena olhando para mim.

Ele está atento e aponta a arma para minha cabeça. Saio devagar e ele fecha a porta rapidamente. Pede para que eu me afaste. Continua apontando a arma pra mim e desce o olhar por todo o meu corpo.

Estou longe dele e sei que não dará tempo de alcançá-lo antes que ele atire. Tenho que chegar mais perto. Ele volta a olhar para o meu rosto.

– Você é muito gostosa! – escuto a respiração de Luke ficar pesada e torço para que ele não faça nenhuma besteira. Não preciso olhar para ele para saber que está se controlando. Como eu o conheço tão bem? Eu sempre tive um dom para identificar as pessoas, mas isso demanda certo tempo. Maison respira fundo, está nervoso. Eu me sinto calma, concentrada – Vem até aqui.

Ótimo! É tudo o que eu preciso. Caminho devagar em sua direção, parando a um passo de distância. A arma quase encosta na minha cabeça. Maison respira com dificuldade e eu percebo o quanto ele deseja isso. O quanto ele me deseja.

Ele levanta a mão em direção ao meu rosto.

– Não toque nela! – grita Luke e eu escuto o barulho da grade.

Não olho para ele. Estou totalmente focada em Maison, que olha para Luke e começa a mover a arma em sua direção.

Mas eu sou mais rápida. Acerto seu pulso com um soco e ele deixa a arma cair. Com a mesma mão, acerto sua garganta e ele não consegue respirar. Dou uma joelhada entre suas pernas e ele cai diante de mim, de joelhos. Seguro sua cabeça com as duas mãos e, em um movimento calculado, quebro seu pescoço.

Corro em direção à arma antes mesmo que o corpo de Maison repouse no chão e a coloco na cintura. Olho para a cela e Savana já está de pé, dando a mão para o irmão.

Vasculho os bolsos de Maison em busca da chave. Abro a porta e os dois saem. Penso no que fazer. Não tive tempo de bolar um plano e tento me concentrar. Há muitos guerreiros aligortes atrás da porta do galpão. Não conseguiremos passar por eles sozinhos, enquanto estivermos machucados e carregando Savana.

2323 - Sobreviventes do Caos (Distopia)Onde histórias criam vida. Descubra agora