2323 - Sobreviventes do Caos (Distopia)

Capítulo TRÊS

Procuramos por todo o alojamento e nada do Darion. Perguntamos a todos, mas ninguém sabe dele. Eu e Max nos dividimos para procurar nos arredores, e nada.

Já estou bem preocupada quando José, que estava dormindo após finalizar o turno da noite, vem ao meu encontro.

– Chefe, o Darion partiu um pouco depois de você, antes do amanhecer.

– Como é que é? – pergunto nervosa e Max se aproxima para escutar o que me irritou.

– Sim. Um pouco depois que você saiu para a floresta, Darion fez o mesmo, carregando uma mochila. Achei que você o tivesse mandado atrás de Julio.

Fico zonza. Minha feição deve ser de horror porque José se aproxima perguntando se eu estou bem, o que é uma raridade.

Olho para Max, que me encara impassível. Provavelmente, já está bolando o plano de como me impedir de ir atrás de Darion.

Antes mesmo que eu possa tentar ir em direção ao portão, Max me diz, com toda a sua calma:

– Não dá mais tempo de ir atrás dele. Ele partiu há umas três horas. Está muito a nossa frente, você sabe o quanto ele é rápido. Agora, olhe para mim e responda, tem algo que vocês saibam e eu não?

– Não – respondo apenas.

Realmente não há. Eu conto tudo a Max. Não sei por que, mas conto.

– Acha que ele sabe de algo que eu e você não sabemos?

– Não. Se ele soubesse, já teria me falado. Acho que ele foi porque eu o fiz prometer que iria comigo se Julio não aparecesse em dois dias. E ele sabe que é errado que os dois deixem o alojamento. Ele foi primeiro para que eu ficasse. Ele está tentando me proteger, como sempre.

– Então não deixaremos que seja em vão. Venha, vamos entender o que está acontecendo nesta porra!

Max está irritado. Fazia tempo que não o via desse jeito. Eu quero ir atrás de Darion, claro. Mesmo assim, decido fazer o que Max sugeriu.

– Obrigada, José. Te aviso, qualquer coisa.

Acaricio o braço do meu guerreiro e sigo Max até meu quarto.

Resolvemos falar um para o outro tudo o que sabemos, mas é inútil. O que eu sei Max sabe, e vice e versa. O detalhe é que Max viveu 28 anos na fortaleza, conhece muitos detalhes que eu não conheço. E eu conheço um pouco os aligortes, já que dividimos a floresta há anos.

Já sobre o povo da areia, sabemos muito pouco. Sabemos apenas que eles não temem a fortaleza como o restante de nós. Eles invadem os povos para roubar alimentos, roupas, mulheres, homens... e somem!

A verdade é que nós nunca fomos muito longe. Não somos exploradores. Encontramos um lugar habitável que nos proporcione o que é necessário e ficamos. Às vezes temos que migrar, mas nunca para muito longe.

O povo da areia com certeza já chegou aonde ninguém mais chegou. Talvez seja por isso que a fortaleza não os puna. Nem a fortaleza deve saber onde eles estão.

– Revisar o que já sabemos não está ajudando – detesto constatar o óbvio, mas estamos perdendo tempo enquanto Julio e Darion estão fora, correndo perigo. Max me olha sério e sei que ele concorda comigo – e os aligortes?

– O que têm eles?

– Será que sabem de algo? Com certeza Jafar sabe por que foi atacado, ele não é bobo.