Sorte no Destino

Capítulo 14

Eu não sei qual é a do Andrew, parece que ele nem me conhece mais, parece que ele não sabe como eu sou, das coisas que eu gosto, das minhas histórias, porque se ele conhecesse ele não faria as coisas que ele fez. Primeiramente, eu pego ele na cama com a ex (e mãe do filho dele) depois de nós termos terminado para fazer a coisa certa. Tá certinho que enquanto a gente terminava, eu estava pensando na chance que o relacionamento dele com a Sophia merecia, mas eu não sei, eu pensava que nós também eramos importantes, que ele pelo o menos me contaria se ele voltasse a se envolver com ela, eu não sei, eu me sinto traída, mesmo nós não estando mais juntos. Em segundo lugar, ele vem do nada me pedindo pra voltar, eu ainda leio ele muito bem, eu sei o que está se passando naquela mente, ele está se esquecendo do que aconteceu e pensando somente no que ele quer, mas as coisas nunca foram assim e, principalmente, agora não vão ser, a vida não macha nesse tom. Ele volta do banheiro com uma cara melhor, não boa, mas melhor, eu não sei o que tem nele, mas sempre que ele fica distraído, ele fica com uma cara de quem acabou de acordar, eu já estou sentada na cadeira e quando ele chama o meu nome num tom que eu sei que não vai ser profissional, eu só respondo:
- Trabalho
- Mas Br...
- Trabalho - Eu estou dividida entre querer muito conversar com ele e não querer falar nada, só ficar em silêncio e não pensar, eu queria que as coisas fossem diferentes, eu queria que nada disso tivesse acontecido. Cara, como a vida teria sido diferente se eu nunca tivesse conhecido ele, mas eu não desejo ir tão atrás no tempo, talvez até o momento que eu fui embora, talvez se eu tivesse ficado, nós teríamos superado aquilo, talvez não e se eu nunca tivesse ficado doente, talvez eu estivesse no lugar da Sophia agora ou talvez não, talvez nós ficaríamos juntos tempo o suficiente para odiar um ao outro, eu não sei, a única coisa que eu sei é que não adianta pensar nos "e ses" da vida, porque nesse universo, tudo o que a gente tem é o que a gente vê, não o que a gente imagina. Nós passamos o resto dia sem falar a respeito das coisas que nós queremos realmente falar, só abrimos a boca para falar sobre trabalho e é por isso que o caminho, no final da tarde, até o carro é tão tenso, porque eu e ele sabemos que nenhum dos dois vai aguentar mais tempo sem dizer ao menos uma palavra a respeito disso.
- Não é o que você pensa que é - ele diz assim que entramos no carro - Nós não passamos a noite juntos, ela não estava se sentindo bem, eu não sabia o que fazer, eu só queria ajudar, por isso que eu deitei com ela, eu não queria que ela nem o meu filho sentissem dor - e só de olhar para ele, eu sei que ele não está mentindo, esse é exatamente o tipo de coisa que ele faria
- O que que foi aquele negócio de "volta pra mim" ? Parece que você já se esqueceu de como foi quando a gente voltou, a culpa, a ...
- Eu sei! Eu não me esqueci, mas eu sinto a sua falta, eu passei dois anos sentindo a sua falta e aí você volta e eu não para de sentir a sua falta, mas você tá bem aqui e isso não é certo e eu não sei como decidir o que é a coisa mais certo a se fazer, o que é a coisa mais errada que a gente poderia fazer, tudo tá uma bagunça e isso é uma merda, mas eu só sei, que na minha vida, sem pensar em mais ninguém, sendo egoísta mesmo, as coisas só param de ser uma merda quando eu estou com você - Dizer que eu já estou sem palavras é pouco, é o efeito Andrew novamente - Então se eu tiver que tomar uma decisão, eu escolho estar com você e mostra pro meu filho que é importante ir atrás do que te faz feliz e mostrar para ele que eu vou passar o resto da minha vida me redimindo pelo o que eu fiz com a mãe dele e que o meu carinho e respeito por ela são maiores que tudo, mas o meu coração e o meu corpo são seus e só seus e de mais ninguém - e aí nós ficamos em silêncio, porque ele sempre consegue roubar os meus pensamentos mais verdadeiros e colocar eles em palavras, então não tem mais para mim dizer, a não ser :
- Eu te amo