Capitulo 1 - "É natal, cara!"

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Era véspera de Natal e uma garota ria sozinha em uma mesa de bar de um hotel praticamente vazio, onde o único funcionário que havia restado no estabelecimento a olhava intrigado, perguntando-se qual seria o melhor modo de avisá-la de que em dez minutos, no máximo, ele iria fechar o bar do hotel pra poder ir à ceia de Natal que já estava posta no Salão Principal do luxuoso hotel Spagnola Resort.

Daniella Dowich “Ella”, era ruivinha, tinha a pele coberta por pequenas sardas marrons, quase impercebíveis, que combinavam com seu tom branquinho. Seu cabelo era de um ruivo forte, que lhe conferia um ar de imponência, eram grandes cabelos ondulados com uma pequena franja na testa. Eles ofuscavam quaisquer qualidades que a menina pudera ter em questão de aparência.
Ela não era baixinha, mas também não podia ser considerada alta. Era bem magra com um corpo tão frágil que parecia que ia quebrar-se cada vez que ela cruzava e descruzava as pernas cobertas por uma meia-calça transparente preta. 
Seu rosto era de feições dóceis, mas sempre cobertos por seus longos cabelos. Tinha olhos castanhos claros, sem brilho algum. Era dona de um sorriso estranho, parecia meio louca quando sorria, mas não sei se era só pelo sorriso, ela tinha um ar de louca. Sua gargalhada não tinha som algum e ela vinha repentinamente, como agora. O maior desafio pra qualquer pessoa que conhecesse a Ella, era descobrir o porquê dos seus sorrisos. Era uma coisa que geralmente intrigava as pessoas ao redor, como o funcionário gordinho que caminhava na direção dela já com a ideia de como falar pra Ella, sem parecer tão intimidado, que iria fechar o bar. 
Ali só se ouvia os passos do funcionário e as pulseiras de pratas de Ella batendo umas nas outras enquanto ela ria.  

Então, de súbito, os dois barulhos pararam pra dar-se inicio a um silêncio incomodo que se instaurou no lugar por uns cinco segundos. O fato é a garota parara de rir ao ouvir os passos do Fernando, o funcionário - podia-se ler no crachá dele - e o Fernando parara de caminhar ao ver a menina parando. Depois dos tais cinco segundos Daniella levantou-se deixando um punhado de notas em cima da mesa de onde estava e saiu do bar sem olhar para o funcionário, que continuava na metade do caminho para a mesa da menina. 
Ela deu a volta no hotel, evitando passar pelo Salão Principal, percebi. Pois ela poderia ter chegado ao seu destino, que era a entrada lateral do hotel, sem fazer tantas voltas se passasse pelo corredor do bar até o Salão e logo após a entrada, mas preferiu não fazê-lo. Discou um número no seu celular enquanto abraçava a si mesma pelo frio que deveria estar fazendo. O número pareceu chamar e chamar e ninguém ter correspondido-a. Vi uma expressão irritadiça no seu rosto e ela jogou o celular no chão. Se arrependendo dez segundos depois e abaixando-se para pega-lo. Limpou-o na barra da saia preta que vestia, o colocou novamente na bolsa de couro e depois voltou a rir.

Começou a chutar umas pedrinhas no chão, parecia uma pessoa feliz com a sua própria solidão, mas de repente caiu no chão de joelhos, rasgando sua meia-calça e produzindo alguns arranhados em sua perna e caiu no choro. Jogou-se no chão e encolheu-se lá. Chorou até sua garganta ficar seca, então começou a tossir. Ela se beliscava levemente, mas com o tempo ia produzindo um machucado no seu braço esquerdo. Um pequeno hematoma.
Após algum tempo um grupo de garotos passou a olhando, não sei se ainda era possível, mas ela se encolheu mais ainda, abraçando os joelhos, escondeu a cara de choro entre os mesmos. Os garotos passaram olhando-a com curiosidade e interesse. Um deles, bastante mal encarado, parecia o mais forte do grupo, o mais sinistro também. Chegou bem perto de Ella e abriu um sorriso coringa. Ella que estava de cabeça baixa nem o olhou mas sentia sua presença perto dela, ela tinha uma teoria de que o que os olhos não vêem o coração não sente. Mais errada que essa teoria só quem acreditava nela. Alguém gritou de longe:

Alguém: É Natal, cara! Deixa a mina na paz! Passa essa… Ela já ta com cara de quem foi fodida. E tua mulher ta te esperando!

O mal encarado parecia em dúvida. Olhou pra a Daniella, olhou pro guri. Dela pra ele. Mas seu olhar, felizmente parou por último no seu amigo. 

Mal encarado: Boa noite princesinha. - outro sorriso coringa.

Destroyed SensesOnde histórias criam vida. Descubra agora