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Tudo estava arrumado, Sophia, Kaleb e eu. Como Sempre o Kenneth tinha que passar o gel de cabelo, hair spray e o caralho a quatro .
Vamos Ken, o taxi já está aqui fora, se apresse que já estamos no carro.
Finalmente ele chegou e fomos direto para o aeroporto,direção ao Brasil.
Sophia louca para ver as Tias Gabi e Yasmin e conhecer o Cristo Redentor.
Quando chegamos no Rio a mãe da Gabi estava com elas em casa, fazendo uma comida gostosa para nós.
Hum, que cheiro gostoso nessa casa gente, quem é??
A Gabi disse minha mãe, vem logo que quero dar um cheiro nessa gostosura da Sophia e Kaleb.
A mãe da Gabi dava muito dengo às crianças. Meus filhos eram muito queridos por todos. Até que a Sophia me perguntou se ela tinha vovó e porque a vovó dela não fazia comidinha gostosa como a mãe da Gabi fazia pra ela.
Meu coração cortou e comecei a Chorar, Ken me disse para levar a Sophia para ver a vovó dela de longe, mas não deixasse de ir porque isso era direito da Sophia.
Eu aceitei, mas só iria ver de longe, porque não sabia como seria a reação da minha mãe. No outro dia embarcamos para a Roça, alugamos um carro e fomos ficar de longe para que ela visse minha mãe.
Lá estava a minha mãe, velhinha, colhendo cebolinha verde e coentro para cozinhar.
De dentro do carro eu podia sentir o cheiro da comida gostosa que ela fazia. Decidi então que aquilo tudo era o suficiente e arrancamos com o carro. Uma moto veio em nossa direção e para não bater no carro, se jogou em um cercadinho.
Que situação, quem são esses loucos de moto, que não respeitam sinalização e velocidade?
Quando fui me aproximando para ver se os jovens estavam vivos dei de cara com o Pedro e Joaquim, meus irmãos. Joaquim ja estava com seus 18 anos e Pedro 17, meu Deus meus bebezinhos cresceram. Eu gritei ajuda Ken, ajuda pelo amor de Deus. Ao escutar meus gritos de longe a minha mãe começou a vir em nossa direção, meu coração quase saia pela boca. Como podia isso acontecer logo comigo??? Primeiro os abandono e agora causei quase a morte deles. A mamãe não irá me perdoar nunca.
Meus irmãos acordaram, so estavam machucados, mas não tinha quebrado nada, mas o que mais assustava era que eles não me reconheciam. Sei que muita coisa mudou, eu era loira e estava mais elegante, mas não ao ponto deles não saberem quem eu era.
Joaquim me pedia desculpas e dizia que pagaria o estrago do carro se tivesse algum, o Pedro só chorava, mas isso era normal desde pequeno. Ele sempre foi o caçulinha, o dramático, o dengoso.
Eu tinha que me controlar para não abraçar eles e chorar. A mamãe chegou perto e viu que foi só um susto, ela brigava com o Joaquim e dizia: já não basta perder a sua irmã eu tenho que perder vocês também é?
Então ela me disse: - Moça, eu posso vender um pedacinho de terra para consertar seu carro, meus filhos estavam trabalhando e voltam correndo para ir para a escola agora a noite.
Eu disse fique tranquila, não se preocupe com isso.
Minha mãe então me perguntou se tinha algo que ela podia fazer para ajeitar aquela situação.
Eu disse claro que sim, eu quero um café pode ser? Claro que sim, ela respondeu. Pára seu carro ali na porta da nossa casa, que faço com um maior carinho. Ken segurava a minha mão e dizia, respira, se segura, não bote tudo a perder agora.
Respirei bem fundo e entrei na casa que um dia foi minha, que um dia foi meu lar.
Minha mãe tinha várias fotos de familia na parede, inclusive a única que tirei quando completei o ginásio. O Ken ria demais, porque ele entendia o porquê de ninguém está me reconhecendo, eu era bem estranha mesmo, bem roceira.
Tem como eu narrar como estava o café? Não, não tem como! Só quem morou na roça sabe que o gosto da água é diferente, que o café moído na hora e feito no fogão à lenha tem um gosto diferenciado.
Meu Deus, eu esperei mais de uma década para tomar esse cafezinho gostoso da mamãe.
Ken começou a questionar sobre a menina da foto e a mamãe abaixou a cabeça e disse que essa filha sumiu, mas ela já tinha pedido a Deus que antes dele levá-la, que a deixasse ver a "minha Dasdor" pela ultima vez.
Eu não aguentei, comecei a chorar muito forte, foi quando ela me abraçou e me perguntou se eu chorava por ter perdido a minha mãe. Ela disse também que se eu aceitasse, ela podia ser como uma mãe pra mim e eu como a filha que desapareceu. Ela disse que buscou em toda a redondeza, chorou por anos e que agora tinha entregado nas mãos de Deus. Porque estava com um câncer de pâncreas e ela sabia que antes de morrer Deus iria trazer a filha dela.
Eu chorava mais e mais, foi quando o Ken olhou pra ela e disse: - Essa é a sua Maria Das Dores, esses seus netos Sophia e Kaleb e eu seu genro Kenneth !
Meus irmãos não acreditavam no que estavam vendo e escutando, a irmã apareceu. A mamãe agradecia a Deus e me pedia perdão, enquanto com a outra mão agarrava a Sophia. Foi bem emocionante nosso encontro.
Meus irmãos mataram uma galinha e a mamãe começou a cozinhar.
Ái que delícia, parecia um sonho. Passei quase a noite em claro contando da minha vida e das crianças, mas vou morrer com o segredo que um dia fui garota de programa.
Para quem ia ficar vendo de longe, eu ja estava dormindo ali por dois dias.
Mas infelizmente tinha que ir embora para a minha casa e voltar a trabalhar.
Nos abraçamos, nos despedimos e comprei um Iphone para eles verem a Sophia.
Eu ajudava a mamãe financeiramente em tudo, ajudava meus irmãos com os estudos e até dei duas motos CG novas para eles dois irem para o trabalho.
A mamãe estava muito feliz, eu também. Sophia estava toda boba chamando ela de vovó e o Kaleb era pura manha como o Pedro.
Em uma de nossas ligações, a mamãe me pediu algo muito especial... Que eu nunca mais abandonasse os meus irmãos mais uma vez, que eu cuidasse deles com o mesmo amor e cuidado que eu cuidava quando eles eram pequenos.
Eu disse sim, mas só porque não queria render esse tipo de conversa.
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Novela da Vida Real: Garota de Programa
RomanceNunca tentei explicar os motivos que me levaram a ser como sou hoje, pois a vida nem sempre foi justa comigo. Trabalhava na roça, junto aos meus pais por toda a minha infância.Tenho algumas boas lembranças com eles. Minha mãe sempre muito carinhosa...