Eu não entendia porque todas as outras crianças tinham pais e eu não, elas me zoavam por não ter alguém para presentear na festa que tinha na escola todo segundo sábado de agosto.
Também não sabia porque era obrigada a aprender aquela coreografia ridícula e ir para lá só para sofrer bullying dos meus colegas por mais um dia.
Aos 7 anos de idade eu finalmente tive coragem de questionar a minha mãe sobre isso e, ao invés de dar uma resposta estúpida, ela disse "Ele se matou".
Eu perguntei se não tinha como ele voltar e ela negou. Confesso que por muitos anos eu pensei que ele não me amasse afinal eu não bastei para que ele valorizasse sua vida.
No ano seguinte a minha mãe começou a trabalhar e esse exigia que ela viajasse constantemente, consequentemente ela parou de fazer lição de casa comigo e me colocar para dormir, ali começou a minha decaída.
Parece uma coisa boba, eu sei, mas para uma criança de oito anos de idade isso é motivo para choro e tristeza.
No início do ano seguinte eu descobri que tinha um problema cardíaco, nem era nada demais, mas foi traumático porque eu tive que fazer uma cirurgia para corrigir.
Quando voltei para a escola o bullying piorou demais, as crianças me chamavam de verme, chupeta de baleia, rolha de poço, problemática e ensebada.
Parei de estudar porque isso me lembrava o quanto eu estava sofrendo e, quando as minhas notas começaram a cair, minha mãe me levou numa psicóloga.
Depois de três sessões ela foi na escola e disse que eu sofria de sérios problemas de aprendizado e dependeria, a partir dali, de atenção especial para conseguir acompanhar o resto da sala.
De fato os professores seguiram á risca a recomendação dela e esse tratamento diferenciado fez com que o bullying se intensificasse.
Não bastasse esse caos todo, as viagens da minha mãe aumentaram muito, tanto em número como em quantidade de tempo que ela ficava fora, e esse foi o gatilho para a minha decadência.
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A garota que você destruiu - Volume único [Concluído]
General FictionPLÁGIO É CRIME - Reservados todos os direitos à Tutty Lancellotti. © Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida por fotocópia, microfilme, processo fotomecânico ou eletrônico sem permissão expressa da autora. Quantas vezes é possível se sentir...