Capítulo 5

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Era manhã de segunda feira, e todos chegavam à faculdade. Roberta, Hope e Mary já estavam lá quando os meninos chegaram. Os olhares entre Thommas, Roberta e Derek foram logo notados.
– Tá rolando alguma coisa aqui? – Hope perguntou, claramente curiosa.
– Como assim alguma coisa? – Daniel olhou confuso.
– Eles – ela apontou pra Robin, Thommas e Derek. – Calados, sem graça um com o outro, isso tá estranho.
–Eu não tô estranho, o que rolou nem foi comigo – Thommas falou, olhando pra Roberta que o fitou incrédula.
– E o que rolou?
– Isso já não é comigo – ele levantou os braços como se estivesse se rendendo.
– Gente, o que rolou?
– Nada, Hope, é papo do Thommas – Roberta falou, tentando convencer a garota.
– Eu sei que não.
– Até eu tô curioso, o que rolou? – Daniel perguntou.
– Eu e a Robin ficamos, tá bom pra vocês? Povo curioso. – Derek respondeu de uma vez.
– VOCÊS ESTÃO NAMORANDO?! – Mary e Hope perguntaram em coro.
– A gente tá ficando, galera. Meninas, por favor! Quanta curiosidade. Vamos entrar que é melhor.
As meninas se deram por vencidas e todos entraram. Roberta estava irritada com Thommas, e ele parecisava saber disso, mal a olhava e estava evitando ficar perto dela. Quando chegavam à sala, ele percebeu que ela não os acompanhou, tinha ficado lá trás com Derek.
– Desculpa pela boca grande do Thommas, ele não sabe controlar a língua.
– Relaxa, não foi culpa sua. E depois, é algo normal duas pessoas ficarem.
– Que bom que você não está com raiva – "Eu estou com raiva mas não de você", Roberta pensou. – Será que posso te roubar um beijo antes de ir pra aula?
– Se tá pedindo, não vai ser roubado – ela falou, rindo.
– Então tem que ser de surpresa?
– Se for pra ser rouba... – ele a beijou. Roberta sentiu seu corpo contra a parede e se arrepiou ao sentir Derek puxando seus cabelos da nuca.
– Acho que, por fim, eu te roubei um beijo – ele deu um selinho nela.
– É, roubou sim – dessa vez ela é quem o beijou. – E eu roubei um seu. Agora vou pra aula, depois a gente se fala.
Logo que entrou na sala, Roberta perguntou se o garoto que estava perto de Thommas podia lhe ceder a cadeira e sentar na que estava vazia, com a desculpa de que precisava mostrar algo urgente para o "amigo". O garoto educadamente lhe cedeu a cadeira e sentou na outra.
Thommas sentiu uma vontade de rir, misturada com medo ao ver a cara da Roberta ao virar-se para ele.
– Você é idiota ou algo do tipo?
– Hein? Que foi?
– Como assim "o que foi"? Por que você contou que o Derek e eu ficamos?
– Eu não contei isso, quem contou foi ele. Eu apenas disse que não tinha nada a ver com aquela troca de olhares patética na chegada.
– Nós dois sabemos que você podia ter ficado calado, mas optou por não fazer isso e indiretamente quis contar o que rolou – falou, irritada.
– E o que há de mal em contar isso? Você por acaso se arrepende de ter ficado com ele?
– Claro que não! – ela praticamente gritou no meio da sala.
– Acho bom, por que ontem eu tive a impressão de que você tava querendo provar alguma coisa.
Roberta passou uns segundos calada, pensando em como aquele garoto tinha o poder de saber o que se passava em sua mente, e a irritar tanto.
– E hoje, eu estou com a impressão que isso tá te deixando interessado demais, arriscaria dizer que você está com ciúmes – os olhos deles quase saltaram e ela riu vitoriosa. – Tá com ciúmes de mim, Thommas? Sua namorada não é quem você quer?
Ele abriu a boca algumas vezes na tentativa de dar uma resposta a altura, mas nada parecia ser bom o bastante.
– Sei que esse é o seu sonho – não foi a melhor resposta, muito menos a mais madura, mas o que ele poderia fazer? Ficar calado estava fora de cogitação.
Roberta apenas riu e virou pra frente, prestando atenção na aula.

Já fazia duas semanas desde que Derek e Roberta tinham começado a ficar; eles tinham muita intimidade, por vezes ele tentou "ultrapassar o sinal" e isso estava tirando o sono e a concentração da garota. Não era nada anormal ele querer dar mais um passo, na verdade, era bem normal, mas o problema era que ela ainda não tinha dado esse passo com ninguém, e algo em sua mente falava que ele não era o certo, e o problema ainda maior era pensar em como contar pra ele que uma garota de dezenove anos como ela ainda era virgem. Não que ela se envergonhasse, mas também não gostava de sair contando pra galera.
– Roberta, você tá aí? – Thommas perguntou, enquanto estalava os dedos na frente dos olhos dela.
– Oi, hm? – ela falou, confusa.
– Temos que terminar isso, o professor já vai recolher.
– Ai, eu não estou com cabeça pra nada disso – falou, colocando o rosto entre as mãos. –Seria pedir demais que vocês tentem fazer sozinhos? É sério, não estou com cabeça.
– Por mim, tudo bem – Paul, seu outro parceiro de grupo, respondeu.
– Você tá bem? – nessas duas semanas, entre uma implicação e outra, Thommas e Roberta tinham se aproximado demais, e a preocupação dele já não soava estranha.
– É bobeira – ela respondeu, tentando mudar de assunto.
– Eu quero saber se está tudo bem, mas já vi que não tá. O que você tem?
– O professor já vai recolher, faz isso e me deixa em paz – ela tentou ser grossa.
– Você sabe que já estou ficando imune a essas suas grosserias, não sabe?
Ela apenas riu e tampou a boca dele, e ele depositou um beijo naquela mão que julgava ser a mais macia que ele já sentiu.
Roberta pôde sentir seu corpo arrepiar com aquela demonstração de carinho de Thommas. Ele, ultimamente, mesmo com implicância, andava tão parceiro dela, isso a estava deixando confusa.

No final da aula Roberta já foi saindo da sala, apenas dizendo tchau pra todo mundo, mas Thommas logo a acompanhou.
– O que você tem? – ele se jogou na frente dela.
– Eu já disse que é bobeira – falou, tentando se desviar dele.
– Eu sei que é bobeira, porque você só fala bobeira, mas eu quero saber. O que você tem?
– Eu te odeio, sabia?
– Eu sei que não – ele riu – Mas... O que você tem?
– Você não vai desistir vai?
– Não – falou, e acabou conseguindo um sorriso da garota.
– Então vem, vamos pra algum lugar reservado.
– Eu conheço um.
Thommas a levou pra um lugar de tirar o fôlego; era um lugar atrás da faculdade, tinha uma vista privilegiada, tanto da cidade quanto do céu, e só pra terminar, tinha uma árvore imensa pra fazer sombra.
– Que lugar perfeito – Roberta falou, deslumbrada.
– Eu sei – ele falou se sentando embaixo da árvore. – Vem – tocou no chão ao seu lado, e ela sentou. – O que você tem?
– Promete que não vai rir? – ela estava se sentindo uma idiota, por que simplesmente não falava disso com suas amigas que já sabiam de tudo? Não, ela tinha que escolher contar pra um garoto que lhe deixava arrepiada só por lhe trazer a um lugar bonito e beijar sua mão.
– É tão idiota assim? – ele perguntou, rindo, e ela confirmou mentalmente que era uma idiota.
– Tá vendo? Você nem sabe e já está rindo.
– Você tem quantos anos Roberta? Nove? Conta logo – ele riu.
– Bom – ela parou e respirou fundo – Eu sei que eu deveria estar falando disso com as minhas amigas, mas eu não sei, algo me faz sentir segura em conversar com você – Thommas sentiu seu corpo perder forças mediante essa frase. – Eu e o Derek estamos ficando, você sabe, só que ele quer transar. Eu sou virgem. Ele não sabe. Eu não quero transar e não sei como contar as duas coisas pra ele – ela falou tudo rápido, de uma vez e no final suspirou, buscando os olhos do garoto.
– Não é nada tão idiota como eu pensei – falou, dando um sorriso pra ela que apenas o olhava nos olhos. "Alguém já disse a essa garota que ela não deve encarar ninguém assim? É sexy demais", ele pensou. – Você não se sente pronta por que faz pouco tempo? – só ela pra o fazer conversar sobre isso, todo esse papo era tão gay.
– Eu não me sinto pronta porque é ele – era difícil admitir, mas Derek não era o cara.
– Por que não?
– Porque ele não me deixa segura, sabe? Ele não me dá aquele arrepio só de olhar, o toque dele não me deixa tão leve, não é ele. Você entende?
– Na verdade não muito, quer dizer, garotos não pensam sobre isso na hora de ir pra cama com alguém – ele riu, constrangido por estar falando disso.
– Eu estou sendo careta? Idiota?
– Na verdade, não. É seu corpo, você sabe o que faz, as escolhas são suas. Vou admitir, embora isso seja muito gay, eu acho você bem mais interessante agora. – ela riu – É sério, é bom saber que ao menos algumas garotas não escolhem o cara por acaso.
– Não se ache – ela falou levantando o dedo. – Mas, eu posso te dar um abraço?
– Vem cá, Magrela – ele falou, agarrando-a pela cintura.
– Ei! Magrela?! – ela o encarou, sorrindo.
– Acho que faz todo sentido – falou rindo.
Os dois ficaram abraçados por mais um tempo.
– Obrigada – ela falou, deitando sua cabeça no ombro dele.
Thommas nada falou, preferiu não falar; queria apenas ficar ali abraçado, sentindo seu cheiro doce, percebendo o pulsar do coração dela, que ele podia jurar que estava acelerado – e estava mesmo, muito, e ela não sabia exatamente o porquê –, ele preferia sentir o roçar da pele do rosto dela em seu pescoço, sua respiração que o deixava arrepiado – coisa que ela notou e acabou dando um sorriso bobo.
Roberta sentiu um misto de sensações, era tanta coisa que passava em sua mente, só sabia que se continuasse abraçada a ele, iria acabar o beijando.
– Vamos embora – ela falou, soltando-o e já se levantando.
– Mas está tão bom aqui – ele fez manha.
– Para de ser idiota e vem embora, o Derek já deve está louco a minha procura.
"Como ela pode pensar em Derek depois disso?" passou na mente de Thommas, "Ela acabou de dizer que não queria nada com ele".
– Vai acabar tudo com ele?
– Como? Eu não vou acabar nada! – ela exclamou.
– Hã? – "essa garota é maluca", Thommas pensou – Você praticamente falou que não sentia nada por ele, eu pensei...
Roberta o interrompeu, sua vontade era de dizer que também pensou que iria acabar, só que depois desistiu, por que ele era a única chance dela parar de pensar e sentir coisas por um certo garoto que era comprometido, mas era óbvio que ele iria sacar tudo.
– Eu não disse isso. Não coloca palavras na minha boca.
– É claro que você disse. Você tem vergonha de contar a ele que é virgem? É sério, Roberta, não tem por que ter vergonha, já disse que eu acho isso lindo.
"Por que ele tinha que ser tão perfeito? Por que ele tinha que se parecer tanto com o garoto dos meus sonhos?"
– Não é você que tem que achar nada, isso não tem nada a ver com você – falou ríspida.
– Chega! Você é maluca! – ele exclamou, e saiu sem paciência.
Thommas não sabia se o que mais lhe incomodava era o fato dela estar sendo grossa com ele depois dele ter topado conversar sobre algo tão gay, ou de saber que ela ainda iria continuar "quase namorando". Talvez o coração acelerado dela na hora do abraço tenha sido só impressão ou então não tinha nada a ver com algum sentimento em comum com o dele.

– Onde vocês estavam? Achei que você tivesse ido embora, Robin – Derek foi logo falando quando avistou os dois.
– A gente tava resolvendo umas coisas da aula.
– É, coisas da aula – Thommas falou, revirando os olhos.
– Agora vamos, a galera tá nos esperando num café perto daqui.
– Eu não vou não. – Thommas falou rápido – Estou com saudades da Fanny, vou dar uma passadinha na casa dela.
Roberta sentiu seu estômago revirar quando ele falou isso. Talvez o arrepio que ela viu nele tenha sido graças ao vento, nada a ver com ela.
– Tá okay, dude, manda um beijo pra ela.
– Mando sim – e ele saiu, sem nem ao menos dar tchau a Roberta. E ela, mesmo com vontade de dar outro abraço daquele que deu nele minutos antes, nada falou e foi embora com Derek.
– É impressão minha ou o Thommas não estava muito bem? Vocês tiveram outra briguinha boba?
– Não, por quê?
– Porque a coisa parecia com você. Ele estava te olhando dos pés a cabeça com uma cara de confuso, não sei.
– Não brigamos não, impressão sua.

Thommas saiu da faculdade e foi direto pra casa da sua namorada.
– Quando você me ligou dizendo que estava vindo pra cá, achei que fosse brincadeira. Você nunca vem essa hora.
– Bateu saudade, tem alguém na sua casa?
– Não, ninguém.
E antes que ela falasse mais alguma coisa, ele já a empurrou pra dentro, fechou a porta atrás de si, e começou a beijá-la. O beijo era forte, desesperado, ele precisava disso. Precisava tirar aquela droga de abraço da cabeça.
– Nossa, hoje você tá rápido.
E ele novamente não falou nada, apenas voltou a beijá-la, guiando-a até a escada.
– Eu te amo, Thommas, eu te amo.
Thommas partiu o beijo e Fanny o olhou assustada. Ele já não conseguia mentir pra ela dizendo que a amava.
– O que foi,Thommas?
"Você precisa voltar ao que estava fazendo, não seja gay, são apenas três palavras, as ignore e continue", Thommas pensou.
– Nada, nada. Vamos logo pra o seu quarto.
E com o beijo, calou qualquer pergunta de Fanny, que deu um sorriso safado e foi pra o quarto com ele.

– Robin, o Thommas não vem? – Hope perguntou logo que Derek e Roberta chegaram ao café.
– Não, ele disse que tava com saudade da namorada, foi na casa dela.
– Sério? Porque pra mim isso não faz nenhum sentido – Hope falou rindo.
– Pode acreditar – dessa vez Robin também riu.

– Thommas, posso te fazer uma pergunta?
– Pode – ele respondeu, dando-lhe um selinho.
– O que te fez chegar assim aqui em casa?
– Saudades.
– Thommas, eu não sou idiota, você jamais chegaria aqui em casa pela manhã, todo tarado, carinhoso, por causa de saudades.
– Você é chata, Fanny.
– E você tá estranho, muito estranho. Desde aquele dia no boliche que você não é mais o mesmo.
– Do que você tá falando? – ele não podia acreditar que ela ia falar de Derek e Roberta naquele momento.
– Tô falando que desde que aquela garota apareceu, você não é mais o mesmo. E depois que ela começou a namorar o Derek é que você mudou pra valer, ficou super carinhoso, parece que tem necessidade de provar algo. Eu não sou idiota, Thommas.
– Eu achei que você gostasse de carinho. Me diz o que hoje tem a ver com eles?
– É isso que eu quero saber.
– Não tem nada a ver Fanny, eu só senti saudades. Você não quer carinho?
– Eu só não quero que você me use – ela falou olhando em seus olhos.
Thommas se sentiu um idiota, era isso que ele estava fazendo com ela, usando-a. Mas isso era o que lhe restava, ele não podia falar pra Roberta que não conseguia tirá-la da cabeça, ela era quase namorada do Derek, não tentaria tomá-la dele.
– Eu não estou te usando – ele falou e puxou o lábio inferior dela com os dentes. – Vamos voltar pra cama – os dois riram.

Durante a noite, antes de dormir, Roberta pensou no beijo na mão que ganhou de Thommas, no abraço, no seu coração acelerado e no arrepio dele.
Começou a imaginar os dois em meio a mais uma das suas briguinhas idiotas, ele podia chegar bem perto dela, ao ponto de ficarem quase com as bocas coladas, e quando ela fosse falar mais alguma coisa, ele a beijaria.
Ela sentiu um arrepio só de imaginar isso. Era definitivo, ela o desejava.

No outro dia, Thommas foi pra faculdade, mas resolveu não entrar com a desculpa de que iria pra casa da Fanny, e isso fez Roberta sentir uma pontada de ciúmes.
– Ei – ela o segurou pelo braço, antes que ele fosse embora.
– Oi, Roberta.
– Você tá com raiva depois de ontem?
– Não, relaxa. Já tô me acostumando com suas grosserias, dá pra aguentar.
– Ah, para – ela riu – Eu não fui tão grossa assim.
– Claro que não, só pirou do nada.
– Você tá com raiva, não está?
– Eu já disse que não. Só cuidado, esse teu jeito grosso pode afastar muita gente.
– Quem gostar realmente de mim, vai ficar – ela replicou irritada.
– É pode ser – ele respondeu, sem dar muita importância. E logo deu as costas pra ir embora.
– Você não vai pra aula? – ela novamente o segurou. "O que deu em mim que não consigo aceitar que ele largue a aula pra ir ver a namorada?", Robin pensou.
– Roberta, o que você tem?
– Nada – ela respondeu, sem graça.
– E o que te deu pra ficar me prendendo aqui? – ele indagou, impaciente.
– Nada – ela deu de ombros. – Só não acho correto você largar a aula pra namorar.
– O problema é eu ir namorar?
– Não! – ela exclamou. – O problema é você largar a faculdade pra fazer isso.
– Você tá com ciúmes, não está? – ele começou a rir.
– É obvio que não – falou, envergonhada e já um pouco irritada.
– É obvio que sim. Qual é? Tá afim de mim? É isso? – ele ria e ela só ficava mais e mais irritada.
– Para de ser idiota, do que você tá rindo?
– Do seu ciúme. – ele gargalhou.
– Você é insuportável garoto – ela disse já tentando sair de perto dele.
– Mas você adora o insuportável aqui. Ou vai dizer que não?
– Eu não adoro nada.
– Tá falando igual uma criança
– Quem é a criança aqui? – ela se virou para o encarar, tentando fingir uma cara de brava, não que aquilo tivesse a irritado tanto, mas não ia deixar ele a chamar assim, não ele.
– Você! – Thommas disse a encarando e chegando mais perto dela.
Automaticamente Roberta deu um passo para trás, o ter por perto era assustador, ainda mais em uma cena tão parecida com a que ela imaginou noite passada.
– Tá com medo, Roberta?– ele andou para mais perto dela, encarando-a.
Mas esse possível medo logo passou diante da provocação dele.
– Eu não tenho medo de você – agora foi ela quem deu um passo em direção a ele, deixando os rostos ainda mais próximos. – Não mesmo – ela disse, dando mais outro passo.
– Presunçosa – ele deu um pequeno passo.
– Insuportável – foi a vez dela.
– Irritante – dessa vez Thommas se arrependeu do passo que deu, seus rostos tinham ficado perto demais, ele podia sentir a respiração dela, e não conseguia tirar o olho da boca da garota, ela parecia fazer de propósito, estava movimentando a boca de uma maneira que estava o deixando louco, era proximidade demais.
Roberta pareceu perceber que Thommas estava pensando em outra coisa, e pra o desconcerto também dela, ela percebeu que ele encarava a sua boca, e que eles estavam a poucos centímetros de um beijo. Quase se esqueceu de que aquilo ainda era mais um dos jogos de provocações deles, e que ele tinha começado; ao lembrar disso, procurou se recompor, era a hora de dar a cartada final.
– Agora é a hora que eu percebo?
– O quê? – ele perguntou, atordoado após sair do transe.
– É nessa ocasião que eu percebo que você está dando em cima de mim? – e um flash vem na memória de Thommas
– Daniel, o que você está ganhado pra tentar me juntar com o Thommas? Ele e eu somos apenas amigos.

Todos pareciam acreditar, na verdade. E voltaram a se distrair com outras coisas.

– Agora sou seu amigo, né? Até ontem só eles eram seu amigos – ele sussurrou no ouvido dela. – Só pra se livrar do Daniel... E a propósito, eu não tentei nada com você. Quando eu quero alguém, a menina fica sabendo rapidinho. Acredite, eu sei fazer essas coisas muito bem – ele saiu, mas não sem antes beijar o pescoço dela.

Toda essa lembrança não demorou mais que 5 segundos. Ela sabia como o deixar desconcertado.
– Quer me beijar? Sinto informar que eu não quero.
E saiu rindo, fazendo com que alguns conhecidos de ambos começassem a rir da cara de Thommas.
– Eu odeio essa garota – ele falou baixo e quando virou-se, deu de cara com Derek a sua espera.
– O que foi isso? – Derek perguntou, segurando-se pra não avançar em cima do seu amigo.
– Uma briguinha minha com a Robin. Por que o estresse? – Thommas sempre foi ótimo em se fingir de desentendido.
– Vocês quase se beijaram.
– Imagina. – desdenhou.
– Eu vi Thommas, todo mundo aqui viu. Todo mundo percebeu.
– Mas esse todo mundo nem estava escutando nosso papo, foi só implicância, brincadeira.
– Não foi o que pareceu.
– Nem tudo...
– Não precisa ficar se explicando – Derek o interrompeu. – Só quero que você saiba que eu não trairia a nossa amizade.
Derek falou e virou as costas, saindo. Thommas ficou lá, mudo, essa última frase do seu amigo foi pior do que qualquer soco, qualquer briga. Mesmo tendo Fanny, ele não conseguia tirar Roberta da cabeça, isso era fato. Mas ele jamais trairia seu amigo. Esse novo sentimento era algo que ficaria guardado pra ele.
Quando ele virou pra voltar pra aula – o ânimo de ver a Fanny tinha ido por água a baixo – deu de cara com Roberta, e pôde sentir sua pernas ficarem bambas. É, isso seria muito difícil. 


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