Mary, Hope e Robin tinham combinado de fazer uma noite do pijama. Coisa de adolescente, elas sabiam, mas é que já fazia tanto tempo que elas eram amigas que não se preocupavam mais com esses rótulos. Além disto, Mary parecia ter algo para falar e como boas amigas, as outras duas estariam ali para escutar sempre que fosse preciso.
- Conta logo o babado. - Hope disse sem muitos rodeios.
- Hã?
- Nem vem, Mary. Eu sei que você nos ama, mas a gente sabe que isso é porque você quer um conselho, quer um daqueles papinhos de garotas. - a menina disse e as duas amigas riram.
Maredith se deitou no meio das duas amigas e respirou fundo antes de falar.
- Vocês sabem que o Derek tava tentando se reaproximar e tals...
- Aham. - as meninas responderam juntas.
- Eu sempre tentei deixar claro para ele que a gente não tinha chances, e eu até achei que ele estava aceitando isso, mas da última vez que fizemos nosso programa de amigos, ele simplesmente tentou me beijar.
- Mary, acho que no fundo você sempre soube que isso aconteceria, não? - Robin perguntou, enquanto fitava o teto, assim como as amigas. - Todos nós sabíamos que ele queria algo mais que amizade.
- Sim. - a menina respondeu enquanto respirava fundo. - Mas eu apenas achei que ele fosse ver que seria melhor deixar as coisas como estão. Só que ele veio e me beijou e eu vi que não tem como deixar tudo como antes.
- Você não sente mais nada por ele? - Hope quis saber.
- Não sei. - ela sussurrou.
- Claro que sabe. - Roberta respondeu rindo e virou a cabeça para fitar a amiga.
Maredith retribuiu o olhar e de forma sincera e sem nenhum tipo de julgamento, perguntou:
- Você sabe exatamente o que sente pelo Thommas? Tipo, sem nenhuma dúvida, sem nada...
Aquela era uma boa pergunta. Por mais que soubesse que sentia algo, que queria algo, ela não conseguia fazer aquilo ir para frente o suficiente para enfrentar tudo. Sempre havia aquela dúvida.
- Não exatamente. - foi obrigada a responder.
- É mais ou menos isso com o Derek. Ele ainda mexe com algo dentro de mim, sei disso. Mas não é o suficiente para passar por cima de tudo, entende?
- Você acha que ele vai te trair?
- Não é exatamente esse o problema. Ele poderia fazer uma mágica e nunca mais olhar para outras garotas e ainda assim eu não me sentiria a vontade. - viu a confusão no rosto das amigas e respirou ainda mais fundo antes de voltar a fitar o teto e continuar. - Eu dei muito de mim ao Derek daquela vez, mesmo que a gente não tenha tido um namoro de fato. E eu demorei muito para absorver tudo e ficar realmente bem com o que aconteceu. Quando ele foi ajudar a Francine, todo preocupado, eu vi um Derek que ele só era comigo e aquilo acabou com algo dentro de mim. Me fiz de forte, claro, não sou de estar morrendo por homem, mas ele conseguiu me magoar fundo. E é aí que mora o problema. Eu me quebrei em vários pedaços e custou me deixar inteira novamente. E embora ele nunca mais me quebre, eu acho que só de estar com ele eu é quem me quebro um pouco. Ficar com o Derek é como dizer: tudo bem sofrer, tudo bem ficar aos cacos, tudo bem tudo isso. Nada daquilo teve importância.
Maredith fez um pouco de silêncio e mordeu o lábio, ponderado sobre coisas que ela só entendeu de verdade naquele momento.
Esperou as meninas falarem algo, mas as mesmas sabiam que ela precisava colocar ainda mais para fora, por isso, preferiram o silêncio. Quando ninguém falou, Mary continuou.
- Eu não sofro mais do que o necessário por ninguém. Não corro atrás. Não me abro para qualquer um. E eu não perdôo traição. Mesmo que ela tenha vindo antes do namoro de verdade.
- Acho que eu também não perdoaria. - Hope respondeu sincera.
- Nem eu. - Roberta concordou.
- Olha, Mary. Eu amo o Derek e acho que ele está arrependido, mas a gente colhe o que planta. De todos, a maior vítima foi você e por isso, não vou te julgar por não conseguir perdoar e recomeçar. Se você quiser tentar, tudo bem, mas se não quiser, tudo bem também. - Hope finalizou.
Roberta esperou a amigas terminarem de falar e depois falou:
- Quem sou eu para julgar através de alguém, não é mesmo? O que eu posso te dizer é que tenha certeza de que vai ser possível ser feliz e seguir com a escolha que fizer. Não fique com ele se isso for sempre te trazer alguma dor, mas também não deixe-o ir se vê alguma possibilidade de ser feliz.
- Por agora, eu não acho que eu consiga sem me machucar.
- Tudo bem. - as amigas lhe consolaram.
- Então é isso. O Derek não tem mais chances comigo. - ela finalizou, um pouco triste.
Elas ficaram caladas, dando o tempo necessário que Maredith precisava, até que Hope disse:
- Você vai arrumar um homão daqueles de tirar o fôlego.
- Com um beijo maravilhoso. - Robin continuou, rindo.
- Daqueles que te fazem esquecer até o seu nome.
- Que vai te deixar sem fôlego.
Continuaram nisso por mais algum tempo até que as três caíram na risada.
- Amo vocês, meninas. Amo vocês.
- Também te amamos.
- Agora, me contem da vida de vocês. Chega de falar de mim.
- Eu já falei da minha. Não ouviu? - Roberta perguntou, rindo.
- Se bem que todos nós sabemos um pouco demais sobre você e o Thommas, mesmo. - Mary concordou.
Como as duas já tinham falado, faltava apenas Hope, que diga-se de passagem, vinha diferente quando tocavam nesses assuntos. As meninas olharam para Hope e deram um sorriso conspiratório.
- O que foi? - a garota perguntou quando viu os olhares das amigas.
- Você anda bem estranha, mocinha. - Mary acusou, levantando o dedo e rindo.
- E vive fugindo de papos como esse. - Roberta também acusou, rindo.
- Porque não tenho o que falar, ué! – deu de ombros.
- Não tem, ou não quer? - Mary indagou, erguendo a sobrancelha e encarando a amiga.
As duas se conheciam fazia bastante tempo e Maredith sabia que Hope não aguentava muita pressão. Bastavam umas três insinuações e dois olhares fixos em seus olhos para que ela acabasse contando tudo que queriam saber. Diante disto, Mary usou tudo que podia para arrancar a verdade da amiga.
- Fala logo, Hope. A gente sabe que você tá com alguém. - ela disse, rolando os olhos pela relutância da amiga.
- Como vocês podem ter tanta certeza?
Roberta encarou a menina como se aquela pergunta fosse uma afronta a inteligência alheia.
- Você vive dispensando nossa presença. Tá cheia de ligações e mensagens. Parou de ficar brincando sobre os garotos que a gente vê. Tá até menos brincalhona sobre os sentimentos alheios.
- Todo Pokémon evolui, Robin. - ela falou, como se fosse óbvio.
- Quando se está apaixonado se evolui até demais. - Mary brincou e voltou a encarar a amiga.
Hope bufou de maneira exagerada.
- Você tem que parar de fazer essa cara. Isso é jogo sujo.
Maredith riu alto e bateu palmas.
- Finalmente você vai contar.
- Vou logo pedindo para aceitarem minhas informações, okay?
As meninas balançaram a cabeça em um sim e então ela continuou.
- Sim, eu estou enrolada com uma pessoa. - começou, um pouco envergonhada de falar daquilo. Hope sempre tinha sido a ouvinte, era estranho para ela estar do outro lado. - Eu não falei nada antes porque não achei que fosse a hora, na verdade, nem acho ainda, mas se vocês insistem... A pessoa, que eu ainda não vou apresentar para nenhuma de vocês, é ótima. Ela tá me fazendo muito bem, tô sentindo coisas que nunca senti, sabe? - ela falou, sorrindo boba. - A gente começou com uma amizade comum, ele tava passando por uma barra e eu o ajudei, não servindo de lencinho nem nada disso, mas saindo, brincando, vocês sabem como sou. - as meninas riram, sabiam bem como ela era. - Mas resumindo, quando a gente viu, já tava rolando beijo e pronto, fomos nos aproximando e hoje estamos levando, vendo no que vai dar.
- Você não pode falar nem a primeira letra? - Roberta perguntou, fazendo carinha de coitada para tentar conseguir algo.
- Eu disse que vocês deveriam se conformar com o que eu falasse, não foi?
- Mas por que tanto segredo, Hope? - Mary indagou.
- Não é segredo, eu só acho que isso só deve ser dito se for dar certo. - deu de ombros.
- Tudo bem. Quando você estiver pronta para falar, a gente vai tá pronta para ouvir.
- Agora vamos mudar de assunto, chega desse mela, mela. - Hope falou, balançando as mãos e fazendo cara de nojo.
- Tudo bem, vamos ver Garotas Malvadas e comer muita pipoca. A Roberta disse que vai fazer um doce que comem lá no Brasil.
Roberta se levantou, empolgada e falou:
- Preparem-se para comer o famoso brigadeiro de panela. O melhor doce que vocês já comeram na vida.
No dia seguinte, Hope não seguiu de metrô junto com Roberta. Disse que tinha algo para fazer e por isso, tomaria um rumo diferente. Precisou negar o convite da amiga que insistiu em lhe acompanhar.
- Não precisa, Robin. Vou demorar. Pode ir pra sua casa. - falou.
- Tem certeza?
- Absoluta.
Agora ela estava a duas quadras de distância da casa de Maredith, esperando o carinha que fazia seu coração acelerar, chegar.
Quando o carro preto parou perto de onde estava, viu o vidro baixar e ele lhe dar um sorriso encantador.
- Olá, gatinha. Caiu do céu? Porque linda assim só pode ser um anjo. - ele indagou, brincalhão.
- Para de ser idiota. - Hope respondeu, gargalhando enquanto entrava no carro.
- Bom dia, gatinha.
E deu-lhe um selinho.
- Bom dia, gatinho. Vamos para onde?
- Pensei em darmos uns de turistas por aí, que tal?
- Por mim, ótimo. - ela respondeu, sorrindo de orelha a orelha.
- E aí? Como foi a noite? - ele perguntou quando deu partida no carro.
- As meninas me fizeram falar de você. Quer dizer, não exatamente de você, mas da pessoa que eu tô gostando e tals. - ela respondeu, meio sem jeito.
- Gostando? Que insulto! Achei que estava perdidamente apaixonada.
- Isso eu deixo para você, baby.
- Vai achando.
Fez-se um silêncio diferente, Daniel queria dizer mais alguma coisa, mas nem ele mesmo sabia quais deveriam ser as próximas palavras. Assumir que realmente estava apaixonado? Ele estava mesmo? Pensou que talvez fosse até mais que isso.
- Vamos. Nosso dia será cheio. - ele escolheu falar.
Derek estava na frente da casa de Maredith, esperando que ela saísse para que eles pudessem ir ao restaurante, como tinham combinado. Não sabia muito o que aquilo significava, a última vez que se viram ele tinha tentado beijá-la e ela recuou sem dar muitas explicações. Estava torcendo para que aquilo significasse algo bom, estava colocando toda sua fé nessa chance.
Quando viu a garota abrir a porta da casa e vir ao seu encontro, já preparou todo o discurso para que qualquer resquício de raiva pudesse ir embora e eles se entendessem de uma vez.
- Oi. - Mary disse quando entrou no carro.
- Oi. Olha, eu queria te pedir desculpas pelo outro dia, não deveria ter feito aquilo assim, sendo que eu tinha dito que seria de maneira totalmente platônica. Foi injusto. Sei que acabei te pegando de surpresa.
- Que bom que você percebe isso, mas vamos apenas deixar isso pra lá e seguir como antes. Nós dois juntos foi algo que passou.
Por essa Derek não esperava.
- Mas eu quero retomar, Mary. Hoje eu tô aqui pra deixar tudo claro pra não te deixar em choque novamente.
- Retomar?
- Sim. Eu sei que errei, nem preciso que você me lembre disto. Mas eu gosto de você, Mary. Gosto de verdade.
Derek ia falando e aos poucos aproximando a mão do rosto de Maredith, que escutava tudo calada e sem se mover.
- A gente pode dar certo, é o que mais quero. Que a gente dê certo dessa vez.
- Derek, a gente já teve essa chance. Eu já te dei essa chance...
Dessa vez o rapaz segurou de verdade o rosto dela e a olhou nos olhos para dizer:
- Eu fui idiota demais pra perceber que você era muito mais que uma amiga com potencial pra namorada. Maredith, você é a única pessoa que demora mais de três minutos seguidos na minha cabeça. É a única garota que eu convido pra jantar e ir ao cinema. Eu gosto de verdade de você, e eu sei que você também sente algo. Apenas me dê uma chance pra mostrar que vale a pena.
Maredith baixou o olhar e depois voltou a encarar seu amigo.
- Mostrar como, Derek? Como você vai mostrar que a gente ainda pode ter algo?
- Fazendo isso.
E sem mais avisos, com as duas mãos no rosto da garota, ele a tomou pra si em um beijo cheio de desejo e pressa. Era tudo ou nada naquele momento, e ele precisava despertar nela o que há muito percebia que a mesma tinha despertado nele. E ele sabia que existia algo adormecido ali, torcia muito para que o beijo acordasse tudo. Mas Derek não teve a resposta que ansiava.
- Se afasta, Derek. - Mary pediu quando percebeu que ele emendaria mais um beijo daqueles.
- O quê? - o rapaz indagou, parecendo ainda estar dentro das emoções do beijo.
- Se afasta. - e sendo mais direta, Maredith tirou as mãos dele de seu rosto. - Eu vou embora, está bem? Chega dessa ideia de sairmos como amigos ou sei lá mais o quê.
- Mas, Mary...
- Se você sente realmente algo por mim, respeite meu espaço. Eu não quero mais que isso se repita.
- Você correspondeu o meu beijo. - apontou.
- O que não quer dizer que eu confie em você e queira voltar a ter algo contigo.
Derek acabou se desesperando um pouco. Aquela noite estava muito diferente do que ele havia planejado.
- Eu mudei, Mary. Acredita em mim.
- Não se trata apenas de você não me trair, Derek. Se trata de mim e dos valores que eu tenho.
- Isso é orgulho.
Maredith riu sem humor. Ele não tinha o direito de se sentir ofendido ou algo do tipo.
- Talvez. Cada um com seus defeitos.
E sem mais palavras, saiu do carro e tornou a entrar em casa.
- E foi isso. Eu vi o Daniel e ele me deu um toco daqueles. - Francine terminou de contar a história a Roberta.
- Pudera, né? Você some por não sei quanto tempo logo depois de ficar com um dos melhores amigos dele e quando volta quer beijinho? Se toca, Fran.
- Eu não sei o que me deu, ok? Eu estava carente, sei lá. O Daniel é muito gente boa, era bom ficar com ele.
- Tivesse pensado nisso antes. Mas e aí? Como você ficou com isso?
- Envergonha, claro. Mas vamos que vamos.
- Eu quis dizer se você não sentiu, sei lá, dor?
- O Daniel ainda não é o cara que vai me fazer chorar por amor, Roberta. Se é isso que você quer saber. Fora a vergonha, acho que de resto foi normal. Talvez seja mais estranho ver ele com alguém, ou não. Até agora tá tudo bem.
- Que bom então, Fran. É...
Mas antes de terminar a frase Roberta escutou a campainha tocar e levantou do sofá para atender.
Era Thommas.
- Posso entrar?
- Ér... Claro.
Que droga de coração acelerado era aquele? Roberta sentia que ele iria sair pela boca.
- Scott! - Fran exclamou, já pulando do sofá.
- Quanto tempo, Fran.
- Né?!
Depois de olhar para os lados sem saber muito bem o que fazer, Fran emendou:
- Vou indo, Robin. Mais tarde a gente se fala. - pegou a bolsa apressada e já na porta, falou: - Foi bom te ver, Thommas. Aparece mais qualquer dia desses.
- Ela sabe que foi ela que sumiu, né? - Thommas perguntou rindo a Roberta quando Fran fechou a porta.
- Já desisti da Fran. Mas, o que você veio fazer aqui?
- Dois dias de silêncio total, nem xingamentos foram enviados. Pensei em casa que talvez eu tenha sido meio grosso e magoado um certo alguém. - comentou como quem não quer nada e no fim deu seu velho sorriso de lábios fechados.
- Entendi.
- Talvez eu tenha passado um pouco da dose, mas é que eu não sou tão bom quanto você com as palavras. Eu só...
- Tudo bem. Talvez eu também tenha exagerado um pouco, não foi pra tanto. Dava pra eu ter falado contigo antes. É só que minha cabeça tá a mil, Thommas. Eu não sou boa com nada dessas coisas. - ela falou, enquanto se dirigia pra perto do sofá.
- Sua cabeça tá a mil por causa da gente? - indagou e Roberta sentiu a barriga fazer um loop com a pergunta.
- Talvez. - foi tudo que conseguiu dizer com ele lhe encarando.
- O que você tá fazendo com a gente, Magrela? - Thommas indagou, parecendo com a cabeça tão a mil quanto ela.
- Eu não sei. A gente nem deveria mais estar tendo essa conversa, não foi esse o combinado? Você mesmo estava decidido a deixar assim, eu também estava. Mas olha só, já estamos aqui novamente tendo o mesmo tipo de conversa. - Roberta começou a falar, parecendo prestes a explodir se não colocasse tudo pra fora. - É muita coisa nova, sabe? É confuso demais pra mim. Provavelmente pra nós dois. Tava tudo tão bem resolvido, principalmente depois de eu saber que você brigou com a Hope porque não queria escutar ela dizer que a gente estaria aqui como estamos hoje. Eu tinha aceitado isso. Mas do nada eu começo a ficar estranha e dói pensar na realidade. Quando percebo já mandei mensagens como aquela pra você, mesmo que eu tenha total capacidade de aceitar a realidade. Eu não sei o que sinto.
Thommas não sabia se ela tinha mais alguma coisa pra falar, na realidade pouco importava para ele, apenas aproveitou aqueles segundos de silêncio e fez a única coisa que ele sentia no momento. A beijou. Com tanta vontade, tanta urgência, que mal se reconheceu.
Tomou Roberta pra si e a empurrou de encontro a parede. Parecia a única forma de se conter e não cair com ela em qualquer lugar.
Segurou firme pela cintura da moça, e quando a sentiu passar as mãos pela sua nuca, levou as duas mãos aos cabelos dela e os puxou. Não sabia se pela paixão ou por carência, mas aquele ato surtiu mais efeito do que ele esperava nela. Temendo que aquele momento escapasse de suas mãos, a guiou pra uma mesa sem separar sua boca da dela. A encostou lá e com um pouco de impulso fez com que ela sentasse na mesa. Não precisou fazer nada para que Roberta entendesse que precisava dar espaço para que ele se aproximasse. A puxou pra si e se perdeu naquela sensação quando sentiu as pernas da garota pressionarem seu corpo. Aquilo tudo estava sendo recíproco. Era bom saber disto.
Roberta não conseguia pensar se aquilo era ou não correto, muito menos na conversa que poderia vir depois. Ela apenas sentia, em cada milímetro do seu corpo e do seu coração, que precisava daquilo mais do que fazia ideia. Os toques de Thommas estavam diferentes de como ela se lembrava. Tinha mais ousadia, mais urgência, mais desejo, mais desespero. E foi quando sentiu esse último que ela separou suas bocas, mesmo que sem soltar o rosto dele. Sabia que tornaria a beijá-lo antes mesmo de pensar mais sobre aquilo, a ânsia já estava lhe consumindo, mas infelizmente ele não tornou a beijá-la como ela torcia para que ele fizesse. Em vez disso ele falou. E conversa era tudo que ela não queria naquele momento. Porque ela sabia que não podia pensar se fosse viver aquilo.
- Eu precisava disto.
- Não fala. - ela pediu, fechando os olhos pra tentar não ver o que não queria.
- Hã?
- Não fala, não estraga o momento. Só me beija.
E ele beijou. Beijou avidamente na intenção de acalmar a garota a sua frente, e pensando já ter acalmado, tornou a falar:
- Eu quero você, Magrela. Eu preciso de você.
- Eu...
- Eu te amo.
E ali, no momento em que ela pretendia dizer que também queria ele, Thommas conseguiu estragar tudo com apenas três palavras. O momento fora arruinado. E infelizmente não dava para apagar tudo com um beijo.
Roberta o empurrou de leve para que saísse do meio de suas pernas e ela pudesse descer. O toque ainda causou arrepio nos dois, mas não foi o suficiente para que toda a paixão voltasse à tona.
- Ér, eu acho melhor você ir. - Roberta disse, sem conseguir olhar nos olhos de Thommas.
- Você quer que eu vá embora? - Thommas indagou, parecendo magoado.
- Eu preciso que você vá embora. - respondeu, dessa vez olhando em seus olhos. - E por mais que você não entenda, isso quer dizer uma coisa totalmente diferente da outra.
- Você vai fazer novamente. Vai dizer que não quer a gente.
Roberta riu sem humor.
- Eu preciso me entender, ainda mais com você dizendo que me ama. Na verdade é outra coisa que eu preciso entender, tenho que encontrar uma lógica nesse seu amor.
- Mas...
- Eu não tô te julgando, nem duvidando, eu nem consigo pensar em nada de maneira coerente. Eu só sei que preciso de um tempo, Thommas. Nada de bom vai sair se a gente conversar sério agora. Vai embora.
- Você tá me mandando embora minutos depois da gente ter se entregado como nunca?
- Por favor, me dá esse tempo. - choramingou, sem nem saber direito de onde vinha a vontade de chorar.
- Tudo bem. Tchau, Roberta.
- Tchau, Thommas.
Scott já ia embora, quando virou e falou:
- Eu juro que queria te entender.
- Também queira. Assim como queria te entender. Quem sabe um dia. - e deu de ombros, dando um sorriso leve.
Roberta não sabia o quanto tudo aquilo poderia interferir em sua amizade recém reerguida com Thommas, por isso, ficou deitada na cama durante a noite sem saber se deveria, ou não, mandar uma mensagem para ele. Graças aos céus não precisou gastar tanto tempo naquela dúvida, já que ele, para a total surpresa dela, lhe mandou uma mensagem.
"O Henry me mandou uma mensagem perguntando se eu poderia te levar até a casa dele amanhã, parece que ele tá planejando algo. Vamos?"
Robin agradeceu por ele não falar do que ocorrera mais cedo, já estava demais pensar naquilo sozinha, alguém lhe lembrando e querendo falar sobre seria ainda pior.
"Claroooo."
"Vou precisar passar na faculdade antes de irmos pra resolver umas coisas, então, te pego umas dez pra não demorarmos (não acorde tarde pra não perdermos a hora)."
"Para de ser mala, não vou acordar."
"Vou dormir, beijos."
Ele estava tão normal, Roberta constatou. Um Thommas que ela não esperava ver depois de tudo aconteceu. Porque ela, definitivamente, estava diferente.
"Beijos."
Se limitou a responder, sem saber mais o que falar.
A verdade é que aqueles beijos e tudo que aconteceu mexeu tanto com Roberta que ela nem sabia mais como agir perto dele. Não conseguia esquecer de cada toque, ao mesmo tempo que também não esquecia que ele tinha ousado dizer que a amava quando dois dias antes tinha falado que todo amor tinha acabado.
Durante aquele beijo Roberta estava entregue ao momento, sem se cobrar e também sem cobrar nada dele. Não fazia questão de palavras, achava que seus corpos já estavam falando o suficiente. Por isso, doía perceber que ele tinha usado daquilo para mentir, ou uma opção não menos pior para ela, que ele realmente fosse tão levado por um momento e por isso talvez nunca viesse saber o que era amor de verdade. O que automaticamente faria com que uma vida com ele fosse baseada em mentira no âmbito emocional. Não tinha uma boa saída. Mas ao mesmo tempo, ela não conseguia esquecer e não desejar estar em seus braços novamente.
Tentou escrever algumas vezes, mas parecia que nem isso estava funcionando. Então resolveu dormir, pensando que amanhã era um novo dia e talvez dia de trilhar novos caminhos.
Roberta acordou cedo como deveria e pontualmente às dez horas Thommas apareceu na porta de sua casa para buscá-la. Chegaram à faculdade um pouco antes das aulas terminarem e graças ao fato dos alunos ainda estarem em aula, a sala de espera estava praticamente vazia.
Era estranho para Roberta ter que voltar lá vez ou outra, ter desistido da faculdade foi uma daquelas coisas que não queremos, mas temos que fazer. Sua mãe não tinha como lidar com a loja sozinha e pagar alguém naquele momento não era uma opção. Já que seu pai nunca gostou muito do seu curso, a ajuda dele era algo que ela sempre soube que não teria. Então, ela apenas desistiu, preferiu fazer isso sozinha para que a mãe não precisasse se sentir culpada. Era melhor ela achar que Roberta escolheu sem pensar muito nela.
- Vai ser bem rápido, já volto. - Thommas disse assim que viu seu número de senha ser chamado.
- Tá bom.
Realmente não demorou muito, cerca de quinze minutos depois Thommas já tinha voltado.
- Vamos.
Os dois começaram a caminhar pelos corredores da faculdade e Robin começou a lembrar de como tudo tinha começado. Ali naqueles corredores mesmo.
- A galera tá largando, é bom que a gente rever alguns.
- Aham.
Entre as pessoas que eles reviram, de longe Roberta reconheceu Celeste se aproximando. Logo a imagem dela e de Thommas se beijando lhe veio à mente, aconteceu depois do dia que ele ficou com a Fanny na boate.
Celeste até tentou ter algo a mais com Thommas, mas logo viu que não teria como enquanto ele vivesse grudado em Roberta, por isso, desde aquele tempo, ela torcia o pescoço sempre que via Roberta passar.
- Thommas, querido. - falou, já se jogando em seus braços para um abraço.
- Oi, Celeste. - respondeu rindo, achando engraçado aquela recepção.
- Você nem disse que ia mudar de turno. Um belo dia te procuro e descubro que você não está mais aqui.
- É, foi tudo bem rápido.
Roberta via tudo calada, apenas rolando os olhos vez ou outra para a voz forçada da garota a sua frente.
- A gente deveria marcar algo esses dias, curtir uma balada. Tem sempre uma galera animada pra isso.
- Claro, qualquer dia a gente marca sim.
- Não precisa ir acompanhado - ela brincou.
- Tu não mudas, né?
- Nunca, baby.
E os dois riram, apenas os dois, vale destacar.
- Mas é sério, a gente precisa mesmo marcar algo. Espairecer um pouco. Você pode ir, garotinha. - finalizou, olhando pra Roberta e dando um sorriso forçado.
- Obrigada, mas deixa pra próxima. - Roberta respondeu, retribuindo o sorriso. - Vou te esperar no carro, Thommas.
E sem esperar que o garoto a seguisse, começou a caminhar.
Embora Thommas não tivesse entendido o mau humor repentino de Roberta, achou melhor ir até ela.
- Preciso ir, Celeste. Até a próxima.
- Já vai?
- Sim, preciso ir até a casa de um amigo.
- Nos falamos, então?
- Claro. - ele respondeu no automático.
Quando já estava virando para ir embora, Celeste segurou seu braço.
- Não vai nem dar um abraço? Onde está seus bons modos? - e começou a rir.
- Claro, vem aqui.
Thommas deu-lhe um abraço rápido e logo seguiu para o carro.
Assim que chegou lá destravou o carro, e quando pensou em perguntar algo, Robin já foi logo falando:
- Vamos logo que eu não quero chegar muito tarde na casa do Henry.
- Tudo bem. - se limitou a responder.
Vez ou outra durante o trajeto Thommas olhava de lado para Roberta, e se não fosse sua perna balançando algumas vezes, diria que ela estava brincando de estátua. Não falava uma palavra sequer e não tirava os olhos da estrada, como se olhar aquilo fosse bem mais interessante que conversar com ele.
- Que merda você tem? - Thommas indagou quando já não lhe restava mais nada de paciência.
- Nada. - ela respondeu ríspida
- Claro que você tem. Desde a faculdade que você não fala nada. Tá o caminho inteiro parecendo uma estátua, com a cara feia. O que você tem?
- Eu já disse que nada, mais que merda! Talvez seja melhor você voltar a não me dar atenção como fez hoje na saída da faculdade, assim eu fico em paz. Quer que eu chame a Celeste? Acho que ela pode ajudar na hora de chamar sua atenção.
- É isso? - ele gargalhou enquanto dirigia - Primeira coisa: eu não te ignorei; Segunda coisa: a Celeste não tem nada a ver com isso...
- Vai dizer que você não tava amando ela se jogando pra você? Você só faltou babar.
Roberta acusou rolando os olhos em repulsa. Só de lembrar sentia vontade de socar a cara de Thommas.
- Ela não tava se jogando em cima de mim, não seja louca.
- Claro que estava, e você adorando - ela bufou.
- E desde quando você se incomoda com isso? Você tá com ciúmes? - ele perguntou com um sorriso cheio de prepotência.
ELA ESTAVA COM CIÚMES DELE.
- Eu com ciúmes? É claro que não. - respondeu da maneira mais convincente que conseguia - Por mim vocês podem fazer o que quiserem, podem ficar onde quiserem. Só não suporto aquela melação toda.
- Novamente te pergunto: desde quando você se incomoda com isso? É óbvio que você tá com ciúmes. - brincou.
- Eu já disse que não estou - ela gritou e ele olhou assustado - Quer saber desde quando isso me incomoda? Isso me incomoda desde quando aquela vaca faz isso de propósito só pra me irritar. Tá na cara que ela tava te usando pra me atingir. Você é um idiota babaca que não percebe isso. Na verdade até percebe, mas como o idiota que é, ama a ideia de me atingir, daí entra na brincadeira dela. Babaca.
- Chega - Foi a vez de Thommas gritar.
Para poder olhar Roberta nos olhos, Thommas manobrou e parou o carro no canto da estrada.
- O mundo não gira em torno de você, minha querida Roberta.- ele falou gesticulando as mãos de maneira irritada - É tão inacreditável assim que as coisas aconteçam sem que você tenha algo a ver com isso? Alguém só pode se interessar por mim se for pra te atingir? Eu só posso me interessar por uma pessoa se for pra lhe atingir? Você ao menos sabe que não é o sol? - perguntou irônico.
- Isso não tem nada a ver com o mundo girar em torno de mim - ela gritava em resposta. - Só estou falando a verdade. Admite, você sabia que isso tava me incomodando.
- A Celeste poderia até estar se jogando pra mim, mas eu apenas estava sendo educado com ela. O que você queria? Que eu ignorasse a garota? E outra coisa, se eu tivesse mesmo babando por ela, que mal tinha? Eu sou solteiro. - e frisou a última frase.
- Eu sei disso, Thommas. Você não quer voltar lá e fazer o que estava com vontade, não? Vai lá.
Roberta parecia quase fora de si enquanto apontava para trás.
- Eu não estava com vontade de nada! Mas que merda! - ele gritou - Mas você está certa, eu bem que poderia ir lá e dar uns pegas nela. Talvez assim eu me torne o tipo de cara que você gosta. Não é mesmo?
- Como? - ela perguntou confusa.
- Isso mesmo. Talvez se eu não der a mínima pra você, sair pegando todas na sua frente, te tratar como um nada, uma qualquer, você se interesse por mim. Não é de caras assim que você gosta?
- Cala boca! Do que você tá falando?
- Estou falando que é de caras assim que você gosta. Bom, você já me falou de um Paul que passou meses com você mas nunca te assumiu. Falou de outro que nem lembro o nome que te trocou pela ex namorada. Falou de outro que você nunca teve nada com ele, mas o esperou por meses pra no fim ele dizer que gostava de outra. Tu nunca namoraste, mas não quer dizer que nunca quis. Você gosta que te maltratem, você fala da Celeste, mas você tem tanto em comum com ela...
- Retire o que você disse! - Roberta disse entredentes e segurando a vontade de pular no pescoço dele e lhe acertar na cabeça.
- Você sabe que estou certo, a Celeste ama caras que não sentem nada por ela. Você é do mesmo jeito. Se eu fosse ao menos um pouco parecido com esses carinhas que você já gostou, te tratasse da maneira que eles te trataram, você estaria aqui babando por mim. Porque é disso que você gosta - ele cuspia as palavras com toda raiva. - Você gosta de ser desprezada, que te tratem como uma garota qualquer.
Thommas iria falar mais coisas, mas foi interrompido por uma tapa de Roberta em seu rosto.
- Eu te odeio, Thommas! - ela gritou abrindo a porta do carro - Eu te odeio!
- Pra onde você vai? - ele perguntou ao vê-la sair do carro, furiosa.
- Você não precisa se preocupar com isso. Só não vou continuar no seu carro.
- Você sabe que eu não vou insistir, não sabe? - ele realmente não queria insistir, estava puto demais com ela.
- Não faço questão. Na verdade, a única coisa que quero é que você vá embora e morra no caminho. - falou irritada.
- Então, tchau.
Ele se esticou pra fechar a porta que ela deixou aberta e foi embora.
- Dane-se. Eu não tenho obrigação com ela. - Thommas falou pra si mesmo assim que deu partida no carro.
Bastou Thommas dar partida e ir embora pra Roberta cair no choro. Ela não conseguia acreditar que ele, logo ele, a tratasse assim. Se ele queria que ela se sentisse um lixo, parabéns, ele tinha conseguido.
Foi depois de uns dois minutos de choro que ela parou pra olhar onde estava. Era literalmente o meio do nada. Logo pensou em ligar pra alguém, mas viu que tinha esquecido o celular no carro. Isso foi motivo pra mais choro.
Thommas estava muito puto com a Roberta, se ela não fosse uma garota iria receber um bom soco como troco daquele tapa. Mas jamais faria isso com uma mulher, na verdade não era de trocar socos com ninguém.
Ele achava que estava certo naquela briga, afinal, só falou verdades. Olhou pra o lado e viu o celular dela tocando.
- Idiota.
Fez o retorno e foi buscar ela. Tudo bem que ele achava que ela não merecia, mas ele jamais a deixaria sozinha no meio do nada sem conseguir ligar pra ninguém.
- Você é um idiota, Thommas, por isso ela não tá nem aí pra você. - ele falou pra si mesmo.
Não demorou muito pra ele chegar onde ela estava. Estacionou e abriu a porta pra ela entrar, mas ela estava de cabeça baixa sentada numa pedra e nem percebeu. Então ele buzinou, assustando a garota.
- O que você quer? - ela perguntou limpando as lágrimas.
- Entra
- Eu já disse que não vou pra casa com você, será que pode me deixar em paz?
- E você vai pra casa como, então? Você sabe que corre risco de te assaltarem? - Thommas indagou irritado.
- Talvez com esse meu jeito de qualquer, algum cara goste de mim e pare pra me dar carona.
- E te estupre depois. Porque nesse meio do nada é bem capaz de acontecer isso. - ele falou irritado e ao mesmo tempo com raiva de si mesmo, ela não era uma qualquer - Entra logo, Roberta.
Ela continuou parada.
- Por favor, entra.
Roberta acabou cedendo. Ela sabia que era o melhor.
- Eu quero ir pra casa. Pra nenhum outro lugar. - falou, referindo-se ao antigo destino deles.
- Vamos pra casa - ele falou, se sentindo péssimo.
Os dois estavam calados o caminho inteiro. Roberta nem pra cara de Thommas olhou, olhava pra janela desde que entrou no carro. Já ele olhava quase que o tempo inteiro pra ela pelo canto dos olhos. Ele sabia que tinha pegado pesado, - não em tudo - e precisa se desculpar.
- Me desculpa, tá bom? Eu estava irritado, não pensei no que falei.
- Hum - foi a única coisa que ela disse.
Thommas achou melhor não falar mais nada, na verdade ele nem sabia mesmo o que falar, sempre foi péssimo nessas coisas.
- Não precisa me deixar em casa. Aqui tá bom. - finalmente ela falou alguma coisa.
- Para de bobeira, eu te deixo lá.
Novamente ela voltou a ficar em silêncio. Thommas estava quase surtando com aquilo. Preferia dez mil vezes ela xingando-o do que calada e com cara de choro.
- Chegamos.
Quando Roberta se virou pra abrir a porta, Thommas a segurou pelo braço.
- Desculpa mesmo, Magrela. Eu falei sem pensar. Reconheça que você também errou - ele falou tentando fazer graça, mas ela não pareceu achar graça alguma - Você me deixou puto da vida, daí acabei falando o que devia e o que não devia. Me desculpa?
- Não se pede desculpas por falar o que se pensa. - Roberta disse.
- Acontece que eu não penso isso. Quer dizer, não daquele jeito. Você não é uma qualquer. E eu sou sim um idiota.
- Hum. - falou e abriu a porta saindo do carro - Boa noite - ela fechou a porta do carro e virou as costas, entrando em casa de maneira rápida e chorando logo que fechou a porta.
Thommas ficou lá, sem saber se deveria ter beijado-a, tê-la abraçado, implorado de joelhos por perdão. A única certeza que sabia, era que tinha pisado feio na bola.
- Merda - falou e deu um murro no volante.
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The Better Part of Me
Dla nastolatkówComo Roberta diz: Thommas é um clichê ambulante. Sai com várias, diz eu te amo para todas. Mas ele tem um diferencial, costumar namorar com todas elas, mesmo que por pouco tempo. Já Roberta, é do tipo certinha: não bebe, é virgem e nunca teve um na...