Capítulo 12

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– Mas você tá bem? – perguntou, olhando nos olhos dela.
– Vou ficar – respondeu, sorrindo.
Por algum motivo, o professor carrasco de cultura digital ainda não tinha chegado. Então, Thommas e Robin aproveitaram o momento para conversarem um pouco.
– Mas e você? Desde que aconteceram todas aquelas coisas que a gente só fala de mim.
– Eu estou bem, quer dizer, nada que se compare a sua situação – Thommas disse.
– Relaxa, que a minha deu uma melhorada.
– Sabia que o Derek e a Mary estão oficialmente se pegando? – ele perguntou de um jeito engraçado.
– Sério? Fico feliz por ele, sei lá, ainda me sentia um pouco culpada em relação ao pouco que rolou entre a gente.
– Você não teve culpa do que aconteceu, ninguém teve. Embora indiretamente ele ainda me culpe um pouco. – Thommas falou, lembrando das vezes que Derek ainda agia de forma diferente com ele.
– Não sei o que é preciso fazer para ele tirar da cabeça essa coisa de que você foi o motivo.
– Não fui? – ele perguntou rápido.
– O quê? – foi a vez dela perguntar, surpresa.
– Não estou dizendo que acho que fui o motivo principal, mas eu não tive nada a ver com a falta de envolvimento de vocês dois?
– Que pergunta é essa? Eu já disse que não.
Será que ele não percebia que ela odiava quando insinuavam que ela trocou um amigo pelo outro? Afinal, aquilo nem tinha acontecido de fato.
– Relaxa – disse, como se soubesse que ela estava irritada. – É só que, a gente já ficou. Quero dizer, – se aproximou dela pra explicar melhor as coisas. – eu não beijei e fiz acontecer aquilo sozinho.
– Não estou afim desse papo, okay? – levou a mão até a bolsa para pegar um livro.
– Ei – ele segurou a mão dela. – Não é uma coisa de outro mundo se você sentir algo como eu sinto por ti.
– Acontece, – ela puxou a mão. – que eu não acredito nem nos seus sentimentos por mim.
E abriu a bolsa para pegar o livro.
– Por que você não acredita? – Thommas perguntou, mas Roberta fingiu já ter começado a leitura. – Hein, Magrela, por que não acredita?
Ela continuava calada, mas tinha vontade de dizer: "Por que você diz que gosta de mim, mas se agarra com outra garota."
Mas sabia que o melhor era ignorá-lo, gostava de vê-lo irritado e como depois isso só o fazia a tratar melhor.
– Eu estou falando com você – ele baixou o livro da mão dela irritado.
– Uma coisa que você tem que entender: a conversa termina quando eu calo.
Levantou com o livro na mão e foi saindo da sala.
– O professor vai chegar, vai perder a aula?
– Sou inteligente o suficiente para correr atrás depois. Não se preocupe comigo.
Ele sabia pra onde ela estava indo, com toda certeza iria ler no lugar deles, e ficou tentado a ir até lá conversar com ela e dizer que ele gostava, sim, dela.
Como ele era idiota, ela o tratava de maneira grosseira e ele estava ali, morrendo de vontade de correr atrás e se declarar pra ela.
"Você é uma vergonha para os homens, Thommas Scott. Uma vergonha", pensou de si mesmo.

– Pensei que fosse perder essa outra aula, também. – Thommas falou, quando Roberta finalmente voltou para a sala.
– Só estava lendo um pouco, não precisava se preocupar. Teve algo importante?
Thommas a olhou e teve ainda mais certeza que Roberta não era o tipo de garota normal.
Primeiro ela sai da sala, claramente irritada. Depois ela volta e fala com ele como se nada tivesse acontecido.
– Roberta.
Ela virou para ele.
– O quê? – perguntou com um sorriso.
– Você é a garota mais estranha que eu conheço.
– Como? – riu, confusa.
– Você é a garota mais estranha que conheço – ele repetiu. – Só queria deixar isso registrado.
Ela o olhou, sorrindo.
– Tá bom, então.
Quando ele ia virando para olhar para frente, ela tocou no ombro dele, e virou-se para ela.
– O que seria dessas aulas se eu não tivesse você pra fazer comentários como esse e melhorar meu dia? – fez a pergunta com um sorriso nos lábios.
– Eu deveria te odiar por fazer isso – Thommas falou, e virou pra frente. Deixando Roberta um pouco confusa sobre o que ele queria dizer com aquela frase.

– E você e o Derek? Fico feliz por estarem juntos, mas você deveria ter me contado antes – Hope falou para Mary, enquanto as duas andavam juntas pelo corredor da faculdade, rumo à porta principal.
– Eu precisava ter certeza que ali era possível sair algo. Primeiro por causa do lance com a Robin, depois porque o Derek nunca fez a linha homem de uma mulher só, Roberta foi a primeira a conseguir isso.
– Isso é verdade. Mas não acho que ele vá brincar com você, como fez com as outras.
– Hoje eu também acho que ele não vá fazer isso – falou, sorrindo. – Parece que estamos mesmo firmando algo.
– Que bonitinho! – Hope exclamou. – Vai ser fofo se vocês namorarem de verdade.
– Falando sobre Mary e Derek? – Robin chegou passando os braços ao redor das duas.
– Er... – Mary virou-se, claramente desconcertada.
– Que foi?
– É que nós duas ainda não falamos direito sobre isso, e eu sei que deveria ter conversado com você antes. Mas você me parece tão bem sem ele, na verda...
– Mary, - Robin a interrompeu - Derek e eu fomos algo que aconteceu lá trás. Não vejo e não verei mal algum em vocês dois estarem juntos.
– É que vocês tiveram algo... – Mary continuou tentando se explicar, parecendo culpada.
– Mas passou. Não deu certo justamente por falta de sentimento, e se ele está com você é por que não há dúvidas que esses sentimentos também não existem mais da parte dele.
– Não vai ser estranho se a gente se beijar na sua frente?
– Acho que no início vai ser um pouco engraçado e talvez desconfortável para os três, mas não por sentimentos. É só por saber que aquilo já rolou entre as outras pessoas. Mas depois acostuma. – Roberta falou, tentando tranquilizá-la. Não havia motivos para pânico.
– Meu Deus! – a menina exclamou com aquela voz de criança. – Vão achar que entre a gente existe algum tipo de rodízio ou santo casamenteiro.
– Hã? – Hope e Roberta perguntaram juntas, confusas.
– Fran e Mandy não estudam aqui, mas andam conosco. Daí Fran dá uns pegas no Daniel, Mandy namora o Henry. Você ficou com o Derek, hoje eu fico com ele, e ainda tem você e o Thommas, só a Hope que não tá no meio disso tudo.
– Ainda bem, né?! Talvez isso seja proibido para menores de idade.
As outras duas riram e Roberta até pensou em falar que não tinha nada com Thommas, mas isso não iria adiantar, e outra, ela realmente não sabia se isso era verdade.

"Próxima semana é o aniversário da Hope, mesmo com dezoito anos, queremos fazer algo mais calminho. Os pais dela estão nos achando festeiros demais para a filha deles hahaha. Estamos pensando no boliche, que tal? – Thommas"
Roberta estava deitada na cama escutando músicas quando recebeu a mensagem.
Ela riu do pensamento dos pais de Hope; ela também achava os amigos muito festeiros. Viu o que os amigos pretendiam e achou boliche uma ótima ideia. Só não sabia se Hope iria curtir uma festa menos adulta, ela não gostava de ser a criança do grupo.
"Acho uma ótima ideia. Mas tem certeza que ela não quer marcar essa data com coisa adulta? – Robin"
"Ela ainda é mais nova que a gente, então tem que acatar nossas ordens e vontades rsrsrsrs. Fica fechado o boliche mesmo. – Thommas"
"O senhor é quem manda hahahaha – Robin"
"Bom saber que mando em você, mesmo que de vez em quando – Thommas"
"Não me faça desistir, e não se acostuma. É só por que quero :p – Robin"
Thommas riu da mensagem dela, em partes ele era obrigado a concordar com ela. Se alguém tinha o poder da palavra na amizade dos dois, esse alguém era ela. Talvez porque ele estivesse sendo um pouco trouxa, ou talvez por que ela fosse mesmo boa nisso.
Vai saber.

***

The Better Part of MeOnde histórias criam vida. Descubra agora