Ao meio dia, Lucas ligou para seu colega e combinaram que à noite iríamos visitar Thomas.
E esperamos.
Esperamos mais um pouquinho.
Mais um pouco.
E o telefone finalmente tocou.
Lucas atendeu, fez um sinal e eu me levantei e fui com ele até um ferro-velho.
- Escolhe um carro. - Ele ordenou.
- Hm, esse aqui! - Falei, apontando para um fusca vermelho.
Então ele arrombou a porta, mas ela não caiu, só abriu.
Então ele me jogou lá dentro e entrou pela outra porta, a do motorista.
- Quantos anos você tem? -perguntei.
- 16.
- Não pode dirigir seu louco!
- Ninguém me diz o que posso ou não fazer.
Fiquei calada.
Ele pisou no acelerador e fomos em direção ao hospital.
Alguns minutos depois.
- Merda! - Ele disse. -A polícia.
-O que?! Droga! - Gritei, olhando através da janela para o carro policial.
- Calma, está tudo bem, ele não nos reconheceu.
- Ufa. - Disse, com um suspiro de alívio.
O caminho até o hospital foi monótono, sem nenhuma palavra.
Chegamos.
Fomos para a parte de trás do hospital.
- Valeu, Jonathan. - Lucas disse - Qual janela?
- A terceira do lado direito. - Jonathan disse, apontando para a janela.
Jonathan passou e deu um sorriso pra mim.
Me senti desconfortável.
Lucas pegou uma corda e jogou-a na janela, que se encontrava aberta.
- JESUS! - Ouvimos uma voz familiar. - Que isso?!
- Thomas!! Estou indo te buscar. - Gritei.
- Shh! - Lucas disse.
Subi a corda.
Thomas correu e me deu o melhor abraço que eu poderia receber.
Me ajoelhei, ficando do tamanho dela, toquei em seu rosto e chorei.
- Eu te amo como se fosse meu irmão! - Disse - Não me assuste mais!
Beijei sua bochecha.
- Estou melhor! - Ele disse.
Ouvi passos e corri para o armário, o fechei.
-Thomas, tem alguém aqui? Ouvi vozes... - A enfermeira perguntou.
-Estava cantando. - Ele disse.
- Thomas, quem são seus pais?
- Eu não sei. - Ele respondeu.
A enfermeira fez careta e depois saiu do quarto, eu corri até a janela e vi Lucas de braços cruzados conversando com uma garota. Aquilo me deixou desconfortável, será que... estou gostando dele? Não, não pode ser. Eu sou só uma pedra no sapato dele.
Para de drama sua idiota!
Disse a mim mesma.
Eu sei que Lucas não era o tipo de cara que se apaixona.
- Veio me tirar daqui? - Thomas disse, segurando meu braço.
- Sim. - Sorri.
Estava triste, mas dei um sorriso forçado e sai do hospital com Thomas.
Escondidos.
Fui caminhando até Lucas e o mesmo me deu um sorriso.
Falso.
Eu comecei a ter um sentimento estranho, era ódio e amor.
Aqueles olhos verdes pareciam tristes, mesmo assim fechei a cara.
- Vamos. - Falei em um tom sério.
Ele assentiu e fomos até o carro, eu deixei meu amuleto cair.
Thomas e Lucas foram na frente.
Eu peguei meu amuleto, tenho ele desde que nasci. Acho que foi do meu pai.
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