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"O horizonte cinzento carrega consigo uma morbidez pesada. É atrativa, me convida com uma altivez que contrasta drasticamente com sua aparência desesperadora. Sinto meus pés flutuantes sobre a brisa. Cada segundo que se passa trás o chão mais para perto. É estranho, quanto se pode refletir ao ver a morte se aproximar? Acho que não muito."

  Minha mãe, juntamente com meu pai, abasteceram a nossa van de viagem com tudo o que puderam. Saímos pela garagem rumo à cidade em que o velho Norton vivia. Os tremores e luzes pirotécnicas eram nossa companhia. Logicamente com o cáos, é claro.
  A nossa rua escapou das bolas de fogo que choviam do céu, entretanto, à medida que meu pai avançava ficava evidente que outros lugares não tiveram a mesma sorte. Enormes crateras se abriram nas ruas, tragando carros e até casas inteiras para dentro da escuridão. Isso sem falar dos pobres coitados que não tiveram a sorte de se salvar e agora se encontravam jogados em  meio aos destroços. Diverso cadáveres dilacerados, carbonizados e amontoados, por onde passávamos. Uma cena horrível de se ver e impossível de se esquecer.  As principais rodovias de tráfego estavam interditadas ou congestionadas. Desta forma era impossível seguir por elas, o que tornava nossa jornada ainda mais longa.
  Ah, com relação a nossa viagem para casa de tio Norton, jamais chegamos até lá.
 
           
                                  

Os Diários de Charlie FordyOnde histórias criam vida. Descubra agora