4 - Saudações, Lilith

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Galhos arranhavam a minha pele. A grama alta e úmida roçava nas minhas canelas sob as meias. O barulho de grilos era extremamente irritante.
_ E ainda tem o cheiro dessa ovelha - resmunguei, puxando o animal para que andasse mais rápido.
Cheguei em uma bifurcação. Eu sempre sigo pelo caminho da direita, mas...
_ Está obstruído - cheguei mais perto - Uma árvore? Talvez tenha sido por conta da tempestade da semana passada - constatei em voz alta, olhando para o caminho da esquerda logo em seguida - O que terá para esse lado? Nunca fui por aqui... - terminei de falar e segui pela esquerda, sentindo um daqueles pressentimentos ruins.
"Não vá por aí! Tente dar um jeito!", a voz em minha cabeça dizia o certo, mas eu executei o errado.
Ao final da pequena trilha, encontrei um espaço grande e plano, sem árvore alguma, apenas troncos cortados. A lua estava bem visível e sua luz clareava fracamente o local.
Iniciei as preparações, tentando ignorar a estranha sensação que aquele lugar exalava.
Amarrei a ovelha em dos troncos de árvore cortada e tirei a mochila das minhas costas. Abri a mesma e retirei tudo o que havia dentro, depositando cuidadosamente no chão.
Comecei fazendo um círculo médio no chão com as velas pretas. Havia um espaço de, mais ou menos, 10cm entre cada vela. No centro do círculo, pintei um pentagrama com o pincel e o sangue de galinha, deixando um bom espaco no meio. Coloquei uma vela roxa em cada ponta do pentagrama. Estendi o pano branco no centro de tudo e soltei a ovelha do tronco, trazendo-a até o pano.
Puxei o capuz para cima novamente. Estava na hora.
Peguei a faca de caça e, sem enrolação, cortei o pescoço do animal. Ela gorgolejou, fazendo um barulho estranho. Sangue respingou em minhas vestes e em meu rosto.

Quente.

Em seguida, puxei o cálice de prata e deixei o sangue, que escorria do pescoço da ovelha, preencher metade do recipiente. Com o estilete, tracei o símbolo de Behemoth em meu pulso, peguei um pouco do meu sangue com os dedos e desenhei uma cruz invertida em minha testa. Deixei o líquido escarlate que pingava de meu antebraço preencher a outra metade do cálice. Lentamente, bebi todo o conteúdo do recipiente em minhas mãos. O gosto de ferro era extremamente presente. Estava morno.
Com a mão esquerda, estalei os dedos e as velas brilharam, iluminando ainda mais o ambiente. O símbolo de Behemoth pulsou. Senti os meus olhos rubros se acenderem, como uma fogueira confortável no inverno.
_ O Behemoth. Princeps inferos. Dominus meus. Ad quem non debes animam mean, et mori. Hic ego hodie showing devotionis offerimus tibi hoc sacrificium. Lucifer, qui nescit mortem ovis non frustra huuis pauperis - agarrei a faca de caça, levantei-a o mais alto possível e cravei-a no estômago da ovelha - Venite ad me dominus. Accepit meum offer mi ovium, ut in omnibus gratias ago tibi, mihi fecistis. Venite dominus! - retirei a faca da ovelha. Ela já estava morta. Observei as chamas das velas tremeluzirem e o símbolo em meu pulso arder - Venite* - gritei, enquanto uma corrente de ar muito forte passava por mim, fazendo meus cabelos balançarem para trás.
Um redemoinho de poeira e vento surgiu sobre o pano branco em minha frente, revelando a imagem de Behemoth no centro. Seus olhos, tão vermelhos quanto os meus, abriram-se e ele me encarou calmamente.
_ Saudações, Lilith - disse, fazendo sua voz rouca rebobinar dentro da minha cabeça.


NOTAS

E aí? O que acharam? ^^ Eu, particularmente, amei esse capítulo ahushauahue.
Repetindo, pessoal, esse ritual é totalmente inventado. Ele inteirinho. E não, eu não sou nenhuma bruxa e também não mexo com esse tipo de coisa. Só tenho uma imaginação fértil e gosto de assistir filmes de terror.
• *Aqui segue a tradução do ritual (aquilo é Latim, peguei no Google Tradutor ahuahauahsu):
"Ó, Behemoth, Principe do Inferno. Meu mestre. A quem eu devo a minha vida e a minha morte. Cá estou eu, hoje, lhe mostrando minha devoção por esse sacrifício. Lúcifer sabe que a morte dessa pobre ovelha não foi em vão. Apareça para mim, mestre. Aceite a minha oferta, a minha ovelha, como forma de agradecimento por tudo o que fez por mim. Venha, mestre. Venha!"
• Eu acho que é isso, galera. Kissus e até quinta 🌚🍷

Os Demônios Também Dizem: "Gostosuras ou Travessuras?"Onde histórias criam vida. Descubra agora