11 - Olá, Asmodeus

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Abri os olhos e, dessa vez, pude perceber que era um sonho. A mesma sensação de estar em um lugar estranho surgiu, fazendo-me ficar em alerta. Estava prestando atenção em qualquer movimento, cheiro ou som.
_ Você aprende rápido, não é? - escutei, reconhecendo instantaneamente aquela voz.
_ O que acha de dizer o seu nome? Sabe tudo sobre mim e eu apenas sei que você é um demônio. Muito deselegante, por sinal - provoquei, tentando arrancar alguma coisa dele.
O "homem" surgiu das sombras e encarou-me. Estávamos em uma sala grande, totalmente branca e vazia. Qualquer barulho ecoava no local. Novamente, eu estava apenas de roupas íntimas e acorrentada. Mas apenas por um pé, com uma daquelas bolas de ferro (que eu nem sonharia em mover). Meus braços estavam livres. Tentei calcular a distância que eu poderia andar, com base no tamanho da corrente.
_ Poucos metros - respondeu a pergunta que não foi feita. Arqueei as sobrancelhas - Você estava olhando fixamente para as correntes e não é difícil imaginar o que passa nessa sua cabeça.
"Ótimo, ele não lê mentes", constatei.
_ Meu nome é Asmodeus, um dos anjos que caiu do céu ao lado de Lúcifer.
Fiquei automaticamente tonta. Todos os anjos que caíram com Lúcifer tornaram-se Príncipes do Inferno. Contudo, só existem três: Belzebul, Behemoth e Zarak.
_ Lúcifer me exilou, pois eu o traí: tentei voltar aos céus, dizendo que ele havia me forçado a cair. Obviamente, não consegui e, como castigo, fui expulso da parte "boa" do inferno - explicou, gesticulando com as mãos, como se estivesse conversando com um velho amigo.
Fala sério!
Levantei-me e chacoalhei a perna acorrentada. "Resistente", constatei.
Percebi que Asmodeus estava muito quieto e fiquei apreensiva.
_ O que está fazendo? - indaguei, tentando parecer forte. Por dentro, eu estava aterrorizada.
_ Decidindo o que irei fazer com você hoje - murmurou, lambendo os lábios.
Arregalei os olhos e andei o máximo que pude em sua direção, até a corrente repuxar a minha perna. O demônio olhou-me sem expressão alguma.
_ Você gosta de obediência, não é? Que pena, porque eu sou uma pessoa muito teimosa - rosnei, levantando as minhas duas mãos. Não queria ter que fazer isso, mas eu não tinha escolha e hoje os meus braços estavam livres.
Antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, joguei minhas mãos para frente, mandando uma descarga elétrica para os seus pés, o que fez o mesmo cair no chão. Uma fumaça surgiu, tornando baixa a minha visibilidade. Eu sei que poderia estar cavando o meu próprio sepulcro. Porém, por que não me mexer um pouco enquanto podia?
_ Eu sou uma feiticeira dos Elementos. Controlo a Eletricidade. Existem mais seis elementos: Água, Fogo, Terra, Ar, Gases Tóxicos e Minerais - disse, orgulhosa - Você provavelmente sabe disso, mas eu não me importo.
De repente, senti um dor absurda nas costas e caí ajoelhada no chão, chorando e gritando. Era uma sensação inimaginável, que me fazia revirar os olhos.
_ Então você quer lutar - Asmodeus disse e, em seguida, a minha perna foi solta da corrente e a dor nas costas cessou - Tudo bem. Vamos ver o quanto você aguenta! - urrou e correu na minha direção, atravessando a fumaça que tomava conta do ambiente.
O soco foi mais forte do que pensei. Tentei desviar, mas não consegui. Ainda estava me recuperando da súbita dor nas costas. Meu nariz latejou e eu senti o típico gosto de sangue na boca.
_ Não sabia que era uma feiticeira dos elementos. Não é algo que você costuma comentar, sim? - zombou o demônio.
Fugi de um chute, rolando para o lado, e mandei mais uma descarga elétrica em Asmodeus, que arqueou as costas para trás, desviando.
_ Existem muitas coisas sobre mim que você não sabe.
Continuamos lutando e eu percebi que ele não utilizava magia. Poxa, ele é um demônio! Quase um Príncipe do Inferno! Não achei, em nenhum momento, que teria chances contra ele ou que seria capaz de acertá-lo.
_ Por que não está usando magia? - perguntei, recompondo-me de uma sequência de chutes.
_ Por que não me atacou na escola? - respondeu com outra pergunta, tentando mudar de assunto. Estava tremendo por conta da grande quantidade de eletricidade que estava recebendo.
_ Responda a minha pergunta! - gritei, juntando as duas mãos e descarregando as minhas últimas energias naquele ataque. Eu não usava meus poderes há um tempo, o que me deixou em desvantagem.
Asmodeus deslizou na minha direção com destreza, saltando no ar e me socando. Fui arremessada para a parede, quebrando-a. Gemi de dor, enquanto deslizava até o chão. Sangue escorria da minha boca em grande volume, meu copo inteiro doía e eu tinha certeza de que o meu nariz estava quebrado.
_ Eu não te devo explicações - respondeu com grosseria - Agora, a minha diversão vai começar. Apesar de essa ter sido uma ótima disputa - completou, virando o meu corpo para cima, o que fez a dor triplicar.
Sua mão estava seguindo para o meu sutiã e eu já havia aceitado o meu destino.
_ O QUE? QUEM TOCOU EM VOCÊ? - berrou, assustando-me.
Franzi o cenho e percebi que Asmodeus estava olhando para o meu pescoço. Para um chupão em meu pescoço.
_ Lucius - choraminguei, suplicando por ajuda, pela última vez.


Tudo escureceu. Ainda sentia a presença do demônio ao meu lado. Todavia, também sentia uma energia a mais. Uma energia forte e assustadora.
_ Olá, Asmodeus - escutei, antes de desmaiar contra a minha vontade.





NOTAS
hellou 🌚🍷
• De noite de novo, porque eu não sou obrigada hauabuahsus
• Lembrando, mais uma vez, que tudo nessa história é invenção. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.
• Altas revelações, novamente heuehuwbue
• Digam-me o que estão achando, por favor. Eu tenho me sentido meio pra baixo ultimamente e pensado muito na qualidade dessa minha obra. Críticas, sugestões, tudo é bem-vindo ^^
• Bom final de semana e até terça-feira 💕

Os Demônios Também Dizem: "Gostosuras ou Travessuras?"Onde histórias criam vida. Descubra agora