1. Pico de coragem

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Pov Lisa

O vento singelo balançava seus longos cabelos dourados com delicadeza, enquanto o sol repousava sobre seu rosto. Seus olhos fechados transmitiam a clara sensação de que ela estava em paz, tão linda.

Durante dois anos, eu a observava com cautela, sempre de longe, sem fixar o olhar por muito tempo. Mas hoje, não pude deixar de notá-la por mais de cinco minutos. Me dei o deleite de faze-lo. Se fosse humanamente possível, a olharia por horas a fio, guardando cada linha, cada pequeno sinal em seu rosto, cada expressão...

Ela era minha musa secreta, uma figura divina que preenchia meus pensamentos e sonhos. Eu não sabia seu nome, eramos de cursos diferentes e sempre tomei muito cuidado para que ninguém além de mim soubesse dessa paixonite, mas conhecia cada detalhe de sua rotina. Ela tomava café todas as manhãs numa pequena cafeteria da esquina da faculdade, que por milagre, é onde trabalho meio período, sempre com um livro na mão. Seus olhos percorriam as páginas com concentração, e eu imaginava que ela estava lendo poesias ou romances.

Às vezes, ela sorria para o nada, como se lembrasse de alguma doce lembrança. Eu me perguntava o que a fazia rir daquela maneira. Seria um amor antigo? Uma aventura vivida em algum lugar distante? Eu nunca saberia.

Minhas cartas que durante muito tempo foram um segredo solo, agora estavam chegando em suas mãos, eu as guardava em uma caixa escondida sob meu colchão, como um tesouro precioso. Mas num pico de coragem decidi tentar entregar algum pequeno bilhete, e de longe observar como seria sua reação.

Esperei o melhor momento para aquilo, por centenas de vezes pensei em desistir mas tinha que aproveitar minha breve coragem.

Aproveitei o descuido de Rosé para colocar o pequeno bilhete em sua mochila, a cafeteria estava parcialmente vazia devido ao horário, e o deixei de uma maneira que fosse fácil de ser encontrado e que eu pudesse capitar sua reação com aquele gesto.

Cada milésimo de segundo parecia uma eternidade. Minhas mãos tremiam enquanto eu observava Rosé voltar do banheiro. Ela estava tão perto, e ao mesmo tempo, tão inalcançável. O bilhete que eu havia colocado em sua mochila agora parecia pesar toneladas.

Rosé guardou seu kit de higiene, e seus olhos percorreram a cafeteria.

Será que ela notou o bilhete?

Meu coração batia descompassado, e eu prendi a respiração.

Ela viu?!

Rosé pegou o bilhete e olhou ao redor, como se buscasse por alguma pista. Seus lábios se curvaram em um sorriso, e meu estômago deu um nó. Será que ela achou ousado? Ou será que gostou?

Finalmente pude respirar aliviada. Eu havia dado o primeiro passo, e agora, o destino estava nas mãos dela.

Kiss me, please! [ChaeLisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora