Capítulo 1

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Sinto a brisa gelada que entrava pela janela de meu quarto bater em meu rosto, fecho meus olhos desfrutando daquela sensação gostosa que o frio trazia, era como se eu fosse totalmente livre, os fios de cabelo que soltaram de meu coque se mexiam calmamente, acompanhando o vento de fim do outono.

-Ayla, você viu as chaves do meu carro? – Tomás meu irmão entrou em meu quarto sem bater, de novo.

- Acho que na bancada da cozinha.- me virei para observá-lo, ele usava uma calça jeans escura acompanhado de uma blusa branca simples e seu casaco de couro preto. – Vai sair?

-Vou sim, festa da faculdade.- ele piscou para mim.- Papai não te da dinheiro para comprar roupa? Você vive roubando minhas camisas e moletom. - cruzou os braços se encostando no batente da porta.

-As suas são mais confortáveis.- dei de ombros olhando para o moletom que eu usava, essa vez era um todo preto com capuz e bolso na frente , batia quase no meio de minhas coxas.

-Certo.- deu risada.- To saindo, não me espere acordada e feche essa janela, vai ficar resfriada.- beijou minha testa e saiu fechando a porta do meu quarto.

Tomás era meu irmão mais velho, tem 21 anos e faz faculdade de Direito, para um dia assumir a empresa de nosso pai, ele é praticamente o oposto de mim, ele tem vários amigos, era animado para tudo e vivia de bom humor. Na aparência posso dizer que somos um pouco parecidos, os cabelos castanhos e olhos pistache que herdamos de nosso pai, e a pele super pálida de minha mãe, Tomás tinha uma barba rala as vezes, pelo fato de odiar fazer a barba, o que eu particularmente achava que combinava com ele.

Fechei minha janela quando vi que tinha começado a chover, minha barriga roncava alto, por conta das horas sem comer. Desci as escadas correndo e fui até a cozinha, abri os armários e não achei nada de interessante para comer, resolvi pedir uma pizza para aliviar minha fome. Enquanto espero a pizza chegar pego meu telefone e disco um número rapidamente.

- Senhorita Ayla, pois não? – ri da voz que Noah usou para atender o telefone.

-10 minutos na minha casa? – perguntei me jogando no sofá da sala.

- Claro, vou dormir aí. – ele avisa, como se precisasse.

-Eu sei, já pedi a pizza.

- To indo.

Noah é meu melhor amigo, desde que me conheço por gente, crescemos juntos, ele poderia ser meu irmão junto com Tomás, ele é meu porto seguro, sempre me protegeu e ainda protege. Lembro que quando éramos mais novos tentamos algo mais do que amizade, e o resultado foi desastroso, nós fomos feitos para ser amigos, apenas isso.

Desligo o telefone e fico trocando os canais da televisão, falhando em encontrar algo legal pra ver em um domingo de noite. Depois de alguns minutos a campainha toca.

-To indo. – berro da sala enquanto a campainha continua tocando. – Esqueceu o dedo na porcaria do botão? – pergunto abrindo a porta e dando de cara com Noah com um sorriso travesso nos lábios.

- Oi pra você também princesinha. - ele falou me abraçando e levando para dentro da casa. – tranca a porta enquanto eu levo minhas coisas lá em cima.- fala me soltando e indo para a escada.

- Folgado.- falo baixo enquanto tranco a porta.

Pego duas latas de refrigerante e levo pra sala, logo Noah se joga no meu lado e começa a brincar com meus longos cabelos, dou um leve sorriso.

-Minha princesinha sumiu nesse final de semana. – notei a preocupação em seu tom de voz.

-Não se preocupe, as vezes eu gosto de ficar sozinha, você sabe. – de uns anos pra cá eu tinha adquirido esse "hábito" de ficar um tempo sozinha, apenas com meus pensamentos.

-Eu sei, é só que...- ele bufou. – você podia apenas dar um sinal de vida de vez em quando.

- Desculpa.- falei me aconchegando em seus braços. – Não gosto de te preocupar. – suspiro.

-Só não faz de novo. – ficamos ali abraçados vendo televisão quando a pizza chegou, Noah que foi buscar a pizza e logo trouxe pra sala.

Comemos a pizza quase inteira, Metade milho e a outra metade catupiry ,colocamos o que sobrou da pizza na geladeira e fomos para o meu quarto.

- Vou tomar banho princesinha.- ele entrou no banheiro fechando a porta.- nem tente espiar pela trinco menininha. – ele berrou e eu gargalhei.

-Meu sonho ficar vendo você no banho Noah. – vez dele de rir.

-Algumas meninas da escola adorariam. – revirei os olhos.

-Elas não contam. – escutei á água começar a correr e ele berrou mais alto.

-Seu ciúmes princesinha. – entrei embaixo dos meu cobertores e fechei a cara, não gostava das outras meninas da escola , ou qualquer outra pessoas daquele lugar, apenas Noah.

Estava quase dormindo quando Noah resolve sair do banheiro, ele usava apenas uma calça de moletom deixando seu físico livre, revirei os olhos.

-Nem no frio você sabe colocar uma camiseta? – empurrei a coberta para o lado e fui até o banheiro escovando os dentes.

- Aquilo incomoda para dormir.

-Não incomoda não, sempre usei. – disse cuspindo a espuma.

-Você já tentou? – ele perguntou enquanto se ajeitava na cama.

-Sabe, nunquinha.- parei e pensei. – e acho que nem pretendo. – ele riu e me abraçou quando eu deitei.

-Tenha bons sonhos princesinha.

-Você também Noah.

Acordo com meu irmão entrando no quarto e se jogando na cama,logo escuto Noah resmungar e abro meus olhos.

-Bom dia Tom. – sentei na cama coçando os olhos.

-Bom dia nada, boa noite, só vim avisar que ta quase na hora da escola de vocês, eu vou dormir. – ri dele que estava se embolando para falar.

-Então vai lá, já acordamos. – ele sai resmungando alguma coisa.

-Vamos lá Noah. – dei um beijinho na ponta do seu nariz. – Se não vamos nos atrasar.

-Qual o problema de se atrasar? – ele reclamou virando para o lado enquanto eu ia para o banheiro.

- Não gosto de atrasos.

-Você é igual o coelho branco da Alice no país das maravilhas.- escutei alguns barulhos vindo do quarto.

-Devo levar como um elogio? – Saio do banheiro amarrando meus cabelos e pego um moletom limpo, e meu dessa vez, e coloco saindo pela porta.

-Claro que sim. Você é o maldito coelho do tempo. – escutei ele falar enquanto eu descia as escadas pegando minha mochila.

-Okay, okay,... Agora vamos logo que eu não tenho o dia inteiro.

-Não disse, você é ele. – ele falou passando por mim e saindo pela porta.

-Tá certo, agora só anda logo. – falei o empurrando para andar mais rápido. – E você não penteou o cabelo. – apontei para seus cabelos loiros que estavam uma bagunça, mas eles assim combinavam com ele.

-Descobriu meu segredo. – ele falou rindo e eu o acompanhei.- Mas voltando ao assunto, porque você é tão apressada? Nunca descobri o porque.

-Bom, eu tenho uma teoria, o tempo é precioso, e se ficarmos nos atrasando para as coisas perderemos muitas coisas.

-Somos novos Ayla, temos muito tempo pela frente, o tempo é bem longo. – ele falou como se fosse óbvio.

-Na verdade, o tempo pode ser muito curto. – falei perdida em meus pensamentos.

Talvez eu realmente seja o maldito coelho do tempo.

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A lei da vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora