Capítulo 4

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Acordo com Tomás me chamando.

-Ayla, acorda, você tem aula. - ele puxa minhas cobertas e eu resmungo. - vem logo. - me tira da cama me pegando igual uma boneca.

- Não quero ir hoje Tom. - me agarrei nele.

- Você não tem opção docinho. - ele riu me colocando em cima do balcão da cozinha. - Café ou Chá?

- O que você acha? - perguntei enquanto balançava meus pés.

- Quer conversar sobre ontem? - ele fala me dando uma xícara bem grande de café.

- O de sempre, a mesma cena, se repetindo varias e varias vezes. - falei depois de tomar um longo gole e ele suspira.

- Acha que vai precisar tomar os remédios de novo?

-Não, eu estou bem, foi só porque dormi agitada. - falei saltando do balcão e colocando a xícara na pia. - Vou me trocar, não posso me atrasar.- dei um beijo na sua bochecha e corri para meu quarto.

Coloco uma legging preta e um moletom cinza, deixo meus cabelos soltos e pego a mochila, pego meu celular e vejo chamadas perdidas de Noah. Ligo para ele enquanto desço as escadas.

- Bom dia minha princesinha. - dou um pequeno sorriso.

-Bom dia Noah, como foi o trabalho na casa da Allie?

- Sobre isso, precisamos conversar, já já chego ai na sua casa.

- Você demora muito, assim vamos chegar atrasados.- bufei.

- Não vamos não. – ele falou desligando, ao mesmo tempo que minha campainha começou a tocar sem parar.

- Você tem sérios problemas com campainha. – falei abrindo a porta e vendo Noah. - Tomás to indo pra aula. – berrei para dentro de casa.

-Se cuida. – ele gritou de volta.

-Vamos logo. – falei puxando Noah pela rua.

- Dormiu bem princesinha?

- Não muito, tive um pesadelo. – falei olhando para o chão.

-Quer falar sobre isso?- ele puxou meu rosto para ele, parando no meio da calçada.

- Agora não, mais tarde. – ele fez que sim e continuamos nossa caminhada. – E como foi ontem?

- Foi muito bom, depois que Lúcia foi embora. – gelei ao escutar seu nome.

-Ela foi? – falei em um fiapo de voz.

- Foi, e eu quero que você me explique melhor sobre o final da aula de ontem. – me olhou sério e eu fiz que sim.

- E Allie, é legal? – vi um sorriso nascer em seus lábios.

- Ela é maravilhosa, parece a Merida. – Noah e suas manias de achar um personagem pra alguém. – Ela é parecida com você em alguns quesitos, tipo querer me matar quando toco a campainha. – dei risada. – Ela é simplesmente perfeita. – ele suspirou.

-Alguém ta caidinho pela Merida. – brinquei com ele, batendo em seu ombro.

-Talvez...- ele deu de ombros. – ela comentou sobre começar a andar comigo na escola, mas não sei se você ia gostar. – ele me olhou e eu olhava para a frente.

- Eu ao sei, eu ...- vi de canto de olho ele ficar chateado, então suspirei. – Tudo bem, pode ser. – dei de ombros.

- Você é a melhor. – diz me abraçando, assim que passamos pelo portão da escola.

-Eu sei. – falei sem ter certeza. – Bom vou indo para minha sala.

-Espera, não vai conhecer Allie? – me encarou.

-Depois eu conheço, já vai bater o sinal. – ele fez que sim e sorriu.

Eu estava no meio da aula de matemática quando Noah me mandou uma mensagem dizendo que teve que ir pra casa porque sua mãe estava precisando da ajuda dele. Me forcei a voltar a prestar atenção na aula, no intervalo fiquei na sala mesmo e no final da aula, sai em disparada, eu parecia uma criancinha assustada sem o pai por perto, mas Noah era quem me ajudava naquela escola.

Vou andando de volta para casa, quando sinto uma mão me puxando para dentro de um beco e tapando minha boca.

-Achou que ia contar para o Noah e sair impune querida? – Lúcia falou sorrindo. - Estava enganada. – riu me empurrando mais para dentro do beco, onde apareceu mais gente da escola formando um circulo ao meu redor, ótimo ela não veio sozinha.

Eu não estava entendendo nada quando jogaram minha mochila para um canto qualquer do beco e começaram a me empurrar de um lado para o outro, me xingando de vários nomes, aquilo não me machucava apenas fisicamente com os empurrões e apertões, aquilo me machucava psicologicamente, onde a dor era pior do que a física. Lagrimas escapavam pelos meus olhos , o que vez as piadas e os xingamentos aumentar, e eu ainda não sábio o que eu tinha feito de tão errado para merecer isso.

-O que estão fazendo? Deixem ela em paz. – uma voz berrou da frente do beco, eu não conhecia, mas parecia irritada, fazendo todos olharem para a menina de cabelos ruivos.

-Allie. – Lúcia falou com desprezo. – Quem você pensa que é pra se meter nos meus assuntos?

-Seus assuntos? – ela riu indignada. – Você ta praticando bullying com a menina, vocês todos estão. Isso é horrível, como vocês se sentem bem fazendo a menina chorar? VÃO EMBORA. – ela berrou, e eu continuava imóvel me abraçando, e as lágrimas não cessavam.Alguns me olharam e baixaram a cabeça ao ir embora, outros saíram rindo.

-Obrigada. – sussurrei enquanto ela se aproximava.

-Você ta bem? – ela chegou perto de mim e levantou meu rosto. – Vem comigo, te levo em casa. – pegou minha mochila esquecida em um canto e foi comigo até em casa.

-Não conta pro Noah, por favor. – eu chorei mais ainda.

-Ele precisa saber Ayla, ele pode te ajudar.

-Eu sei...- olhei pra ela. – Eu vou falar depois, eu juro.

-Tudo bem. – ela falou depois de me analisar. – quer que eu fique aí com você?

-Não precisa, obrigada por tudo. – ela assentiu e me observou entrar em casa.

  Deitei em minha cama, chorando por tudo, pelo que as pessoas estão fazendo comigo, por ter que precisar de ajuda toda hora, por ser um peso para Noah e Tomás, e provavelmente para Allie agora, porque eu não poderia ser uma menina normal?

Talvez as pessoas fossem fúteis demais pra perceber que destroem outras pessoas.

- 1028 palavras.

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