Sempre Foi Você

Grace- capítulo 42

Que merda foi que eu fiz? Onde foi que eu errei?

Era tudo tão simples. Roberto e eu éramos o par perfeitos juntos. Pela lógica que sempre cerca os pares perfeitos, nós deveríamos ter sido namorados e teríamos nos casado e consequentemente, tudo o que ele tem seria meu. Ele, seria todo meu.

Não tinha como dar errado,era para ter sido assim desde que nos conhecemos. Se a maldita Laura não tivesse interferido.

Por que aquela pamonha tinha que se meter no meu caminho outra vez? Depois de todo o trabalho que tive para separá-los e poder ficar ao lado dele, ela voltou, só para estragar tudo novamente. Se ela não tivesse voltado, tudo teria dado certo.

Eu teria conseguido fazer com que ele ficasse comigo, e agora eu não estaria nessa situação lamentável, presa.

O delegado a minha frente me olha com cara de poucos amigos. Estou com as pernas tremendo, não é de medo, é de raiva mesmo.

Quero sair daqui logo. Meu pai com certeza vai mudar de idéia, ele sempre muda. Irá pagar o que for preciso para me tirar daqui. Dinheiro compra tudo e ele não vai me deixar aqui, isso acabaria com a imagem dele de bom samaritano. Logo saio dessa pocilga.

A mesa do delegado me da nojo, está entulhada de coisas e papéis, embora estejam corretamente empilhados, deve fazer anos que não vê uma limpeza decente, deve ter sujeira de anos ali, não quero nem chegar perto daquilo, quanto mais me sentar nessa cadeira imunda que milhares de pessoas já se sentaram, me recuso a sequer pensar em fazer isso.

Eca! – me dá arrepio só de imaginar em sentar naquilo.

Não consigo parar quieta.O ódio que sinto me impulsiona, me domina completamente. Recuso-me a acreditar que isso esteja acontecendo comigo. Não pode ser verdade. É um pesadelo e logo vou acordar e ver que Roberto está deitado ao meu lado, no quarto do hotel e deu tudo certo assim como planejei. Não, melhor, vou acordar e vamos estar deitados na confortável cama que tem no quarto dele na fazenda e faremos amor e o dia será maravilhoso.

Tem que ser isso não pode ser possível que tudo tenha saído tão errado assim.

O que eu queria era simplesmente ter a vida que eu mereço. Custava o destino dar uma ajudinha? Que mal teria em ser rica e ter uma vida confortável? Mas não, a Laura tinha que se intrometer no meu caminho e tirar o Roberto de mim novamente.

O delegado pede pela segunda vez para que eu me sentar, encarando-me seriamente, com um olhar quem não admite ser desobedecido. Me recuso a fazer o que ele manda e sustento o olhar em desafio, sua única reação é arrumar sua postura, em pé atrás da mesa e cruzar os braços, levantando a sobrancelha, esperando que eu faça o que falou. Contrariada o obedeço, olhando sem desviar a visão.

Enquanto nos encaramos, um rapaz que não reconheço entra na sala, finalmente nos tirando do duelo silencioso. Ele está muito bem vestido em um terno impecável, não deve ser mais velho que eu, pela aparência. Assim que nos vê vem em minha direção.

—Boa noite. Pela descrição que recebi, você deve ser Grace, certo?–fala sério com voz grave.

—Sim, sou eu. E quem diabos é você?

—Muito prazer. Sou Felix Souza. Serei seu advogado. Seu pai me contratou.— diz estendendo a mão. Me levanto, ignorando a mão estendida e recebo um olhar analítico de cima a baixo, ele não parece gostar do que viu. Não ligo se ele gosta ou não, ele não foi contratado para dar acessoria de moda, o que claro eu não preciso. Só o que quero é sair daqui logo..