Encarando a verdade-Capítulo 39

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Laura

Fiquei ali chorando, não sei explicar por quanto tempo, com meus pensamentos embaçados pela dor  em saber que Roberto esteve com Grace por tanto tempo, com a possibilidade dela estar grávida e a agonia de perdê-lo para sempre por causa disso.

Minha insegurança e meu orgulho me fazem duvidar de tudo, embora Roberto tenha afirmado de forma veemente que ele não nutre sentimento nenhum pela Grace. É difícil de engolir e acreditar. 

A tristeza me engole sem dó, nem piedade, é como em um mar de lama negra no qual me afundo.

Relembrando dos nossos momentos juntos: o jeito com que aqueles olhos azuis me capturaram instantaneamente ao me segurar, antes que eu caísse, ao trombarmos no corredor da escola, seus sorrisos lindos , fáceis e contagiantes, seu humor e sua tendência a sempre se meter em confusão.

Como se estivesse revivendo sinto o frio na barriga, que senti quando ele baixou a janela da caminhonete, me deixando sem ar por ver o quanto ele continuava lindo; lembro do meu coração acelerado tendo total certeza do quanto ele mexia com todo o meu ser; a fatídica carona que aceitei; a alegria de quando ele se declarou e nos beijamos pela primeira vez.

Enfim me lembro de cada detalhe de nós dois.

Todas as lágrimas que tenho parecem querer sair ao mesmo tempo.
Esse estado em que me encontro me faz ver de uma forma mais ampla todos os momentos felizes  juntos, e  são tantos momentos preciosos  cheios de extrema felicidade, que me aperta o coração só em pensar que por minha causa não talvez viveremos mais nenhum deles juntos .

A dor e o choro me consomem por ter a certeza de que ele não mais me olhara da mesma forma que fitou da primeira vez que fizemos amor.
Nunca me  esqueço de cada detalhe do seu toque e do êxtase que sentimos ao nos deixar levar pelo ardor dos nossos desejos.

Revivo a separação pela mentira: Grace me fazendo ver, à eduras penas, o quanto somos diferentes e  em meio ao sofrimento, posso ver o quanto somos compatíveis quando estamos juntos.
Ao lembrar que ela o teve apenas em seu passado e eu poderia ter tido um futuro com ele, se tivesse deixado de lado meu orgulho e meu ciúmes, me dói tanto, que sinto falta de ar.
É difícil lidar com a perda, mas é ainda pior quando se podia ter feito algo para evitá-la.
No final de tudo ela saiu ganhando, mesmo não estando com ele agora.
Não é fácil passar por cima de certas coisas na vida, entretanto é mais difícil ficar de braços cruzados enquanto vê sua felicidade escorrer por entre seus dedos.

O orgulho nada mais é que um algoz ao qual me prendo inutilmente e não vai levar a nada a não ser mais sofrimento para nós dois.

A angústia que sinto em não tê-lo comigo é maior que tudo isso: e chama-me á razão para o fato de que sofro mais por estar longe dele, do que por aceitar que ele esteve com Grace por tantas vezes.

Por tudo o que passamos juntos , lá no fundo eu sei que é a mim que ele ama, com  quem ele quer  ficar, ou  queria antes.

 Eu tenho todo o direito de estar insegura, e com medo depois do que ele fez.  Tenho direito ter as minhas  dúvidas.

Mas porque dói tanto então ?

 Dói ao pensar que não terei ele perto de mim, que não me abraçará e nem me aconchegará em seus braços. 

Desde quando o que ele viveu com Grace, tem mais valor do que o que nós vivemos? 

E o quanto importa isso, se for ver  tudo o que ainda poderíamos compartilhar?

Quer saber, não vale nada para mim.
Eu não mereço sofrer por algo que aconteceu. Mereço ser feliz com o que ainda será. E isso o que quero  e o que realmente importa. 

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