no caminho do destino

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Laura
Desço do ônibus com um pulo. Sinto a corrente se mover ao redor do meu pescoço, aonde levo a mão, sentindo o pequeno volume por baixo da blusa.

Faziam anos que eu não o pegava, nem para olha-lo, quanto mais colocar no pescoço. Usei-o por apenas alguns minutos, depois disso deixei-o guardado até ontem, quando o achei no porta jóia ao escolher quais brincos que eu traria comigo.Não resisti e ao por no pescoço vi que ficava muito bem em mim, decidindo por não retira-lo.

Percebi que ele tem uma pequena fissura na parte azul, nada que tire sua beleza. Deve ter quebrado ao cair em algum momento, embora eu não me lembre de tê-lo deixado cair nenhuma vez. Ainda bem naquele dia em que o ganhei, com tudo o que aconteceu, eu sai correndo e esqueci de devolver o presente.

Naquele mesmo dia eu fiquei com muita raiva de mim por não ter aproveitado a oportunidade e jogado o colar na cara dele. A vontade de ir encontrá-lo apenas para fazer isso era grande, mas era menor que a vontade de sumir e nunca mais vê-lo, por isso o guardei e agora não quero devolver, eu não pedi nada , ele deu porque quis.

Agora resolvi colocá-lo, embora eu não acredite no que dizem sobre o olho grego, que ele protege contra a inveja e o mau olhado, mas o colar é lindo então porque não aproveitar e usá-lo?

Finalmente respiro fundo, enchendo bem os pulmões, sentindo o ar puro e fresco do interior entrar e correr por eles, trazendo leveza e bem estar. Coisa que eu não dava valor quando morava aqui.
Adiei minha volta para cá, o máximo que pude .
Acabei vindo porque tenho muita saudade dos meus pais e porque preciso realmente de um descanso depois de 5 anos longe desse lugar me dedicando aos estudos. Decidi tirar umas férias antes de começar a trabalhar na área em que me formei. Veterinária.

Olhando ao redor vejo que poucas coisas mudaram, uma das casas está de cor diferente, tem uma nova construção do outro lado da rua e as cores de algumas casas mais antigas estão desbotadas, tirando isso, o resto está da mesma maneira que a cinco anos atrás, pacato e hospitaleiro, com pessoas que passam pela gente cumprimentando.

Percebo que nem tudo mudou como eu mudei.

Com um pouco de "incentivo" mudei bastante, em todos os sentidos. Não sou mais aquela garota gordinha e ingênua que tiravam sarro, agora quem mexe comigo leva.
Não sou agressiva ou mal educada com quem é educado comigo, mas se me atacam eu retribuo, não levo desaforo pra casa.

Se for educado comigo, recebe toda a minha educação e respeito,mas se vier com grosseria ou má educação aí recebe em dobro.

Minha vida nesse lugar tinha seus altos e baixos, como a vida de todo mundo.

Eu vivia basicamente no sítio, e à cidade ia apenas para estudar e fazer compras.

Da cidadezinha em si eu sempre gostei, havia ali pessoas que me conheciam desde bebê, muita gente boa , então não era difícil encontrar alguém que me cumprimentasse pelo nome, pegasse minhas bochechas gordinhas e as apertasse(Ok, disso eu não gostava), era gostoso, eu me sentia bem naquele lugar.

O que eu não gostava, era ter que ir para a escola. Era meu pesadelo.

Não por ser uma péssima aluna, pelo contrário sempre fui uma excelente aluna, apesar de tudo.

Eu não gostava por ter que agüentar os freqüentes ataques de Grace. Isso desde o ensino fundamental. Sempre que eu falava para a professora ela dizia que eu era molenga, que era apenas brincadeira o que Grace fazia comigo. Com o tempo parei de reclamar, já que ninguém fazia nada para resolver.

Nem mesmo minha mãe resolveu aquilo ao conversar com a diretora, muito pelo contrário, piorou,depois disso conseguiram um motivo a mais para zombarem, e até mesmo a professora passou a faze-lo indiretamente, era um tormento.

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