Laura-capítulo 4

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Respirei fundo abri a porta da caminhonete.
Entrei com o meu melhor sorriso e bati a porta com toda força que tinha .
Meu diabinho interno pondo as manguinhas de fora. Rio por dentro.

—Você não tem geladeira na sua casa, não né? – era para ele ao menos parecer estar bravo, mas algo em sua voz o desmentia.

—Tenho, mas esta porta é mais gostosa de bater. Digamos que isso serve para testar se ela presta mesmo.– sorri.

Escuto ele resmungar, mas não consigo entender muito bem.

— O quê!?

—Nada não, deixa pra lá. Disse dando risada e balançando a cabeça.

— Ah, e só para você saber, eu não estava fazendo "cu doce"eu apenas não entro em carro de qualquer um, ainda mais de um estranho.
—Desde quando eu sou um estranho, Laura?
—Fala sério, Roberto. Eu não te conheço direito, nunca conheci, não é mesmo? Você fez questão de não me mostrar sua verdadeira face.
—Do que você está falando, eu sempre fui sincero com você.
—Ah tá .
—Laura .....
—Roberto você vai me dar carona ou vamos ficar parados aqui com você tentando me convencer que é um anjinho? Porque nisso eu não vou acreditar, nunca. Posso não te conhecer profundamente, mas sei o suficiente para saber do que você é capaz.
—Eu jamais iria me fazer de anjinho prefiro ser um capetão. É mais excitante, não acha?
Disse isso levantando uma das sobrancelhas e sorrindo.
Senti um friozinho no estômago. Como eu queria saber qual é o poder que um safado desses me deixar assim com um simples sorriso.

Mexe totalmente comigo, até a última célula do meu corpo reage a ele, usando apenas essa cara de safado, mesmo sem ele querer.

E como num estalo me dei conta do que ele estava fazendo.

Não acredito que esse filho de uma.... Não vou xingar a mãe dele, ela não tem culpa do filho ser um cafajeste. Não acredito que ele está jogando papo furado para cima de mim. Dessa vez eu não caio lábia dele, de jeito nenhum.

Mordo a língua para segurar a vontade de xingá-lo.

Nunca fui de adepta a distribuir impropérios e xingamentos por qualquer coisinha. Somente uma vez ou outra, e isso quando algo dava muito errado mesmo, é que saia um "merda", "porcaria" ou "meleca", mas hoje meu repertório de xingamento está na ponta da língua.

Podia ser que ele não estivesse tentando flertar comigo. Eu estou de mau humor causado pelo estresse, o calor e a fome, quem sabe tudo isso junto, e tenha feito eu ver coisa onde não tem.

Pode ser isso sim. Quando estou com fome me transformo, que nem a Fiona, fico de muito mau humor, só falta ficar verde.
Mas acredito piamente que meu mau humor seja fruto da simples presença desta pessoa ao meu lado, que desperta o que há de pior em mim.

Melhor eu pensar muito bem antes de falar, pois é muito provável que eu acabe deixando escapar algumas coisas de que me arrependa depois.

—E então, que bons ventos a trazem de volta? Cansou da cidade ou das pessoas de lá?

—Não, não cansei de nada. Apenas vim visitar meus pais fazendo surpresa para eles aproveitando enquanto estou de férias.

— E para isso tinha que vir á pé? Interessante. Eu sabia que você é esforçada, mas masoquista eu não sabia. Ah, já sei, você estava se penitenciando por ser uma filha desnaturada que não visita o pais.

– Não que seja da sua conta, mas é que aconteceu um erro de cálculo de minha parte e fiquei sem saída a não ser vir à pé.

— Isso quer dizer que você não tentou saber se tinha algum meio de transporte que poderia te levar até a casa de seus pais. Estou certo? – riu.

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