Laura-Capítulo 41

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Este dia está no topo da lista dos dias mais loucos e longos da minha vida, com toda certeza, cheio de reviravoltas.

Desde que o vídeo com Grace foi parar nas redes sociais me senti como se estivesse em uma montanha russa prestes a descarrilar e ser jogada para fora do caminho que percorri a duras penas, a beira de perder tudo o que Roberto e eu estávamos construindo, apenas por uma vingança ridícula e sem cabimento de minha parte.

Eu precisava ter feito aquilo com Grace, para ela parar de correr atrás do Roberto? Não, não precisava. E deu certo? Não, não deu e ela continuou, e ainda por cima quase conseguiu que eu me separasse dele.

Eu tinha certeza do amor dele por mim, ele havia provado de muitas maneiras que era a mim que ele queria, mas me deixei levar pela maldita ideia de que eu precisava dar um susto nela, enfiei na cabeça que assim ela pararia, ela iria me respeitar, veria que eu me tornei alguém que conseguiria enfrentá-la de igual para igual caso ela não desistisse, quis devolver na mesma moeda apenas um décimo de toda humilhação que ela me causou a vida toda, e com isso consegui me tornar alguém exatamente igual a ela, alguém que faria maldades sem pensar no tanto que machucaria outra pessoa.

Depois que vi o vídeo me senti tão mal quanto jamais pensei que sentiria, me vi uma pessoa totalmente diferente daquela que eu costumava ser. Senti nojo de mim por ter aquilo, justo eu que havia sofrido tanto com humilhações, acabei me tornando o que tanto odiava. E em parte foi por isso que protelei em mostrar o vídeo para Roberto, meu medo era que assim que assistisse, ele perceberia que eu não era melhor que Grace, que eu podia ser tão má ou pior que ela.

O que aconteceu veio somente para reafirmar o que eu já sabia,o que a maldita raiva me fez esquecer, de que a vingança é uma faca de dois gumes, onde ninguém vence, todos saem machucado, os dois lados perdem.

Jamais imaginei que iria passar por tudo o que passei hoje, parecia que eu estava no meio de um furacão, tanta coisa aconteceu que parecia esse dia não teria mais fim.

Me vi vivendo eternamente nele, cada segundo contados como se fosse em horas, um turbilhão infindável de sentimentos, envoltos em angústia, medo e desespero.

Nem dá para acreditar que finalmente nossa vida começou a retornar aos trilhos. Estou emocionalmente e fisicamente exausta, praticamente implorando para que o dia acabe logo e com isso vá embora todas as agonias que senti.

E assim como dizem que depois da tormenta vem a bonança, as dúvidas que poderiam me separar de Roberto foram dissipadas. Estou mais unida que nunca a Roberto, porém ainda tenho um caminho a ser percorrido até que possamos colocar este dia num baú das lembranças e fechá-lo deixando para trás.

Temos algumas providências a tomar, uma delas é ir a delegacia onde Grace está sob custódia.

Ela estar presa nos deixa mais tranquilos, porque além de não corrermos o risco de sermos atacados por ela a qualquer momento, também não corremos o risco de termos que visitar um de nossos pais na prisão por causa de terem feito algo a ela.

Roberto e eu estávamos felizes por termos feito as pazes.

— Vou passar o resto de minha vida te provando de todas as maneiras possíveis que valho a pena todo esse amor que tem por mim. Eu te amo tanto, Laura. – se aproximou de mim.

Tudo estava se encaminhando para o desfecho lindo e maravilhoso até eu levar minha mão ao braço dele para me apoiar para beijá-lo. Toquei sem querer no machucado que o tiro fez, arrancando um "Ai" no mesmo instante e levando-os a ver que havia um machucado nele, que até aquele momento eles não tinham prestado atenção, isso porque tinha sangue na roupa de Roberto.

—Mas o que aconteceu? –Marina disse na mesma hora.

—Nada de mais, – como se não fosse nada mesmo– apenas o machucado que Grace fez em mim, com a arma.

Ouvimos um sonoro:

—O que?– de todos.

—E como você só nos diz isso agora? Vamos logo para o hospital –Marina foi logo tentando empurrar Roberto para a saída e falhando– Como é que não percebi antes?

—Eu percebi o sangue, mas achei que pudesse ser de Grace. —minha mãe disse

Olhamos todos para ela.

Será que ela pensa que Roberto chegaria a bater em uma a mulher e pior, até o ponto de arrancar sangue dela?

—Calma, não me olhem assim. Eu achei que a Laura tivesse dado a surra que Grace merecia e Roberto tivesse se sujado ao apartar a briga, só isso. Bem que eu queria ver aquela asinha com um olho roxo. Não me levem a mal, mas ela já aprontou demais e se pudesse eu mesma a deixaria com o olho desse jeito.

– Ah ta!– Marina disse e todos nós que inconscientemente tínhamos prendido o fôlego respiramos aliviados. —não sou de violência, mas eu também te ajudaria, aquela lá vem aprontando há muito tempo, e está na hora de receber o que merece. Nós todos vamos com vocês para a delegacia e fazer com que ela pague por tudo.

Roberto e eu nos olhamos, aquilo não iria prestar. se bem os conhecíamos eles poderiam acabar presos, principalmente Marina e minha mãe.

— Vocês não precisam fazer isso. Nós iremos apenas para prestar esclarecimentos. Provavelmente ela nem vai estar lá quando chegarmos, ou seja vocês não poderiam fazer nada, mesmo se fossem com a gente. Vão para casa e nos esperem, tudo vai dar certo. Confiem em nós.

—Mas como assim? Ela tem que estar. Ela tem que ser presa. Tentou matar você. Agora é que vamos mesmo,ela não pode sair impune.–Minha mãe se manifestou.

—Eu quis dizer que talvez ela já tenha ido para uma cela, entenderam?

—Temos que ir logo para lá, agora. Isso não pode ficar assim.–Marina ressaltou.

—Se acalmem. Ela não vai escapar. Foi presa em flagrante. E eu preciso mesmo ir ao médico antes. Eu vou ligar para o Paulo e pedir que ela vá antes de nós e se encarregue de tudo o que for necessário para que ela pague pelo que fez, tudo bem?

Paulo que além de amigo era o advogado de Roberto, foi praticamente intimado a comparecer a delegacia. Esse foi o único meio que encontramos para conseguirmos acalmá-los, um pouco pelo menos.

Eles finalmente concordaram, a contragosto, e voltaram para casa, mas não sem antes dizer que nos esperariam até chegarmos em casa, ou seja eles iriam para a casa de Roberto e nos esperariam lá.

Roberto passou pelo médico, e em seguida nos encaminhamos para a delegacia.

Chegamos à delegacia e logo demos de cara com Paulo com o telefone em mãos.

— Até que enfim chegaram. Já estava ligando para vocês. Como vocês estão? - disse ansioso.

— Estamos bem. Eu tive que ir ao médico antes de vir para cá, por isso demoramos.

—Nem acredito que ela teve coragem de atirar em você. Podem ficar tranqüilos, ela vai pagar por tudo o que fez, nem o bebê que ela espera vai me impedir de continuar até conseguir que ela responda por cada coisa que ela fez a vocês.

—Então ela está grávida mesmo?- perguntei, Paulo assentiu com a cabeça e o vi se dirigir a Roberto.

— Esta, mas não sabemos de quem é. Ela ainda não disse quem é o pai.

Não sei se fico alegre ou triste com isso.

— Ela está em depoimento ainda, vamos até lá.

E fomos para a sala do delegado.

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