Poor Romeu

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Ambas Ashley e Denise ergueram as sobrancelhas ao verem Daniel aparecendo na frente delas com a mesma roupa de antes. Apesar de estar sem nenhum ferimento e aparentar estar bem, seu cenho estava cansado e Denise notou profundas olheiras em baixo de seus olhos.
Quando ele levantou a cabeça  e encarou Ashley seus olhos cerraram, e seus movimentos preguiçosoa tornaram-se cautelosos. O queixo ergueu-se ao falar com ela:
- Está fazendo o quê aqui? Não vai deixar ela em paz nem agora que está machucada? - ele perguntou, a voz tão afiada quanto cacos de vidro.
Ashley deu de ombros, não parecendo se importar com a aspereza na voz de Daniel.
- Vim ver se ela estava bem. - ela declarou. - Já estou de saída. Relaxa, Romeu.
Ele revirou os olhos e encarou Denise, que tinha uma careta no rosto. Alarmou-se.
- Está tudo bem? Está sentindo dor? - ele perguntou, se aproximando dela.
Denise fez um gesto com a mão.
- Estou bem. Onde você estava? - ela perguntou.
- Estava em casa. Falando com a mamãe.
Ashley soltou um risinho ao ouvir isso. Daniel a fuzilou com os olhos.
- Você não estava de saída? - ele perguntou, cruzando os braços.
Ashley sem responder, pegou a bolsa na cama de Denise e levantou. Se aproximou da morena e deu um beijinho bem falso na testa da mesma, fazendo com que ela recuasse.
- Passo mais tarde para levá-la para o Thomas. Aproveite bem o grandão enquanto isso. - ela maliciou, com um sorriso nos lábios.
Denise resolveu ignorar o comentário ou acabaria com mãos apertando o pescoço da loira.
E então ela deu uma piscadinha para Daniel, que retribuiu com um cenho de nojo.
Então ela andou rebolando até a saída, deixando eles sozinhos.
Daniel hesitou.
- Você está bem mesmo? Como está o seu pescoço? - ele perguntou suavemente.
Denise deu de ombros, levando a mão até o pescoço, que estava enfaixado. Sentiu uma pontada de dor ao fazer isso.
- Pensei que estaria pior. - ela respondeu honestamente.
Pensei que estaria morta, ela completou mentalmente.
Os ombros do maior murcharam.
- Eu posso fazer uma pergunta? - ele perguntou tão baixo que Denise quase não ouviu.
Denise assentiu com a cabeça. Daniel desviou os olhos.
- Por que... fez isso? Por que tentou... - ele tentou perguntar cuidadosamente.
E não precisou completar, Denise respondeu com um sorriso amigável.
- Desculpe por ter feito isso. - ela mordeu o lábio. - Eu não estava muito em sã consciência.
Daniel não pareceu muito convencido, mas assentiu com a cabeça mesmo assim.
- Eu sinto muito que esteja passando por isso. - ele murmurou, pegando na mão dela.
Os dedos entrelaçaram com calma. A mão dele estava gelada e trêmula. Denise franziu o cenho.
- Eu vou dar um jeito. - ele sussurrou, apertando as mãos.
Denise sorriu nervosa e cuidasosamente desvencilhou as mãos.
- Como você poderia dar um jeito? - seu tom era cético, ele percebeu.
Os olhos de Daniel suavizaram, e ele voltou a entrelaçar seus dedos com os da Denise. Os olhos vagaram para o nada.
- Você se lembra quando sujou seu vestido rosa e estava sem nada para o baile de primavera? - ele perguntou.
Denise assentiu a cabeça confusa. Como ele sabia disso? Onde ele queria chegar?
- Lucas pediu para que eu a ajudasse. - ele explicou as perguntas mudas.
- Então aquele vestido branco cetim que apareceu misteriosamente no meu quarto... - ela arregalou levemente os olhos.
- Sim, eu botei lá para você. Você estava desesperada por um vestido novo e eu consegui para você. - ele sorriu docemente.
Denise olhou para as mãos entrelaçadas, e em seguida olhou para Daniel. Os olhos dele estavam mais escuros do que nunca.
- Me desculpe, Daniel, mas a comparação é ridícula. - ela respondeu, contendo a vontade de soltar a mão dele outra vez.
- Conseguir um vestido novo é muito mais fácil do que vencer um vilão assassino, que por acaso tem ajuda de centenas de pessoas, inclusive da polícia.
Daniel riu suavemente, o polegar fazia carinhos nos dedos de Denise.
- A questão não é essa. A questão é que não há muita coisa no mundo que eu não faria por você. - ele falou baixinho.
Denise se engasgou, surpresa. Claro que já desconfiava, mas as palavras ainda a chocaram.
- Mas... Nos conhecemos há tão pouco tempo... - ela tentou.
Daniel riu, a interrompendo.
- Correção, você me conhece a pouco tempo. Eu provavelmente fui apaixonado por você desde sempre.

***

A primeira reação de Mari foi gritar. Ela não entendeu porque, pois já esperava que ele aparecessem, mas saiu sem que ela quisesse e só percebeu segundos depois que o grito arranhara sua garganta.
Sua segunda reação foi correr; suas pernas se moveram antes que ela pudesse pensar no assunto, correu tão rápido quanto podia. Infelizmente Thomas fora mais rápido e a segurou facilmente pela cintura. E então ela gritou de raiva novamente.
- Você está parecendo uma selvagem assim. - ele comentou, ainda com as mãos na cintura dela.
Thomas estava estranhamente de smoking preto assim como as gravatas e os sapatos. O cabelo estava sedoso e cheio de gel. Até mesmo estava de perfume. Uma fragrância que lembrava amêndoas e margaridas.
Mari desistiu de tentar fugir, fechando os olhos com força.
Ele a soltou, sabendo que ela não lutaria.
- Você vai me matar? - ela perguntou.
Rafael e Thomas se entreolharam. O estômago de Mari embrulhou.
- Não sei. Você vai me provocar? - ele ergueu uma sobrancelha.
Mari deu de ombros.
- Não sei. Se você pedir para isso... - ela respondeu secamente.
Thomas estreitou os olhos.
- Vou ignorar essas gracinhas. Enfim, tenho uma proposta para te dar. - ele declarou,  os braços se cruzaram.
Pequenas rugas apareceram em cima das sobrancelhas erguidas de Mari, um claro sinal de confusão. Ela ergueu o queixo para ele.
- Não estou interessada, obrigada. - ela respondeu com um sorrisinho irônico.
Ambos Thomas e Rafael suspiraram.
- Pare de ser tão irritante. - Rafael resmungou.
Thomas lançou um olhar irritado como se dissesse: "Quando eu te permiti de falar?"
- Escute. - Mari pediu, ignorando Rafael.  - Deixe que eu e Denise saíamos do país. Nunca mais voltaremos. Nunca mais ouvirá falar sobre a gente. Iremos esquecer esse assunto, para sempre. - ela implorou.
Thomas riu suavemente.
- Você pode ouvir minha proposta primeiro? - ele perguntou.
Mari assentiu com a cabeça, de repente esperançosa.
- Eu deixo você sair da cidade, do país, para onde você quiser. Eu deixo vocês livres, nunca mais eu as emportunarei. Deixo até você levar aquele Lucas. - ele pronunciou o nome do garoto como se fosse o nome de alguma doença contagiosa.
Mari piscou.
- Contanto que...?
Thomas apenas a olhou. Rafael mudou o peso do pé parecendo desconfortável.
- Que façam um último favor para mim. E espero que pense bastante a respeito, senhorita, pois será sua única chance.

***

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