Alone In The Rain

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— Pode ir. Não vou sair daqui até encontra-lo - Denise murmurou dando um passo para trás. A loira colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha.
— Tudo bem. - Ashley deu um sorriso cínico - Mas vai precisar de uma limpeza antes.
Denise franziu o cenho.
— O que quer dizer com isso?
— Uma limpeza nos seus ouvidos. Eu já disse que o pegaram, e ele vai ter companhia se nós não formos AGORA. 
Ela cruzou os braços, seu rosto ficava cada vez mais vermelho de raiva.
Denise ignorou-a, deu meia-volta e se aproximou da multidão, e quando olhou para trás, Ashley havia sumido.
Ela ergueu o olhar por toda a multidão a procura de Rafael. Ele não estava ali. 
Procurou pelo enorme salão de festas. Nada.
Passou pela sua cabeça a ideia de desistir. Tinha que aceitar o fato de que nunca mais veria o amigo. 
Denise balançou a cabeça afastando esses pensamentos e encostou as costas na parede tentando se afastar da multidão.
Ela ouviu um grunhido baixinho e agonizado vindo de um canto escondido da casa.
Pensou ter sido impressão, mas ouviu novamente. Mais alto dessa vez.
Certificou-se de que ninguém a vigiava. Os convidados dançavam alegremente com a música, os seguranças estavam entretidos com a comida.
Ela caminhou até a porta e ouviu o grunhido novamente.
Ela leu com dificuldade devido a escuridão.

QUARTINHO DE LIMPEZA

Olhou uma ultima vez para trás e entrou no quarto, fechando a porta atrás de si em seguida.
Suas mãos ficaram trêmulas, mas tudo o que sentia era o cheiro forte do amaciante.
Denise apalpou a parede até encontrar o interruptor.
A luz fraca fez uma diferença considerável. Se espantou-se ao ver Rafael na sua frente amarrado a uma cadeira, com uma mordaça prendendo sua boca.
— Meu deus! - Ela exclamou baixinho enquanto tirava a mordaça - O que fizeram com você? 
Ele respirou ofegante enquanto ela desamarrava suas mãos.
— Eu... Não sei - Ele reapondeu com dificuldade - Estavam todos distraídos. Tudo seguia como o planejado. Eu estava indo até o escritório. Mas quando estava subindo as escadas, alguém injetou uma seringa com veneno em meu pescoço. E agora estou aqui.
— Ashley. - Ela murmurou - Ela mentiu. Disse que haviam o pego. Mas foi ela quem fez isso.
Tudo se tornava mais claro na cabeça de Denise. Ashley não viria ali só pra ajudá-la. Ela queria dar um fim em Rafael. E a limpeza nos ouvidos havia sido uma dica pro lugar onde ele estaria.
— Mas o que ela fazia aqui? - Ele se levantou da cadeira.
— Ela levou a pasta. Vamos embora antes que desconfiem. - Ela afirmou, abrindo a porta.
Eles saíram da casa e caminhavam em silêncio em direção a uma floresta, enquanto o céu nublado anunciava uma chuva em poucos minutos.
— Obrigado - Ele murmurou - Por ter salvado a minha vida.
— Não exagera. - Ela riu - Na pior das hipóteses, você ficaria preso a noite toda até ser encontrado pela manhã por algum empregado.
— Obrigado por me impedir de ir pra cadeia então. - Ele ergueu a mão atrás da cabeça e bagunçou os cabelos.
— Faria o mesmo por mim. - Ela evitou um sorriso, pois teve a sensação de que ele a observava pelo canto do olho.
Eles chegaram ao começo da floresta onde o cárcere de Thomas estava localizado. As sombras das árvores faziam com que ela ficasse mais escura e assustadora. Denise não enxergava um palmo a sua frente. 
— Eu trouxe lanternas - Susurrou Rafael como se ouvisse seus pensamentos.
Ela deslizou a mão pela lanterna até achar o botão LIGAR.
— Sabe o caminho? - Questinou ela iluminando a trilha.
Ele afirmou com a cabeça.
— Não é muito difícil de decorar.
Ele deslocou-se com agilidade. Denise o seguiu tentando inutilmente acompanhar o ritmo de seus passos. Ao contrário da garota, Rafael desviava dos galhos e pedras com facilidade. 
Ela tombou no chão ao tropeçar em um tronco. Inclinou-se para levantar mas seu tênis estava preso em um buraco.
Tentou desprender-se mas não teve sucesso.
Iluminou a trilha com a lanterna. Rafael já havia sumido de vista. 
Não pensou duas vezes..
— SOCORRO - Ela gritou sentindo suas cordas vocais falharem. Mas a unica resposta que teve foi a cantoria dos grilos e a chuva caindo sob seus ombros.
Respirou fundo, tentando manter a calma. Logo Rafael perceberia seu sumiço e voltaria para ajudá-la, certo?
A chuva ficava cada vez mais intensa e parecia não querer parar tão cedo.
Ω
— Não sei onde ela está! - Lucas respondeu com a voz preocupada. Ele estava na cabana debruçado no chão com o nootbook em seu colo.
— RESPONDA! - A mãe de Mari aumentou o tom. Lucas afastou o celular do ouvido. 
— Talvez ela fugiu. 
Como ele gostaria de acreditar nisso.
Ele sentia-se culpado, deveria ter insistido mais para Mari não voltar para casa, mas era tarde demais para arrependimentos.
Ele fixou os olhos na tela do nootbook
CARREGANDO ... 80% de 100%
— Você usou a mesma desculpa para a Denise. - Ela retrucou - Mari saiu sem avisar, sem despedir-se e nem ao menos deixou um bilhete. Ela nem levou o celular.
— Ela vai voltar. 
99% DE 100%. CONCLUIDO. 
— Eu prometo. - Ele desligou o celular ainda incrédulo. Ele havia conseguido.
O computador de Thomas havia sido rastreado e com isso, Lucas achou sua localização.
Ele se levantou e ergueu o olhar por toda a cabana. Não conseguia esquecer o rosto decepcionado de Mari ao descobrir que ele trabalhava para um psicopata.
Ele respirou fundo, guardou o nootbook na mochila e a colocou sob os ombros. Antes de sair, ele foi até a cozinha e pegou a maior faca que viu.
Espiou o lado de fora através da janela. A chuva caia bruscamente pelo chão de terra que já tinha se transformado em lama.
Parecia que a chuva não ia acabar tão cedo, mas ele já havia perdido muito tempo.
Ele abriu a porta e saiu.

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