Quando Denise acordou, sentiu uma sensação familiar. A maldita sensação que sentia toda vez que era dopada por Thomas e acordava totalmente desorientada. A sensação que pensou que nunca mais ia sentir. E junto com essa sensação veio o medo de abrir os olhos. O que a esperaria quando o fizesse?
Quando o fez, percebeu que estava em um quarto de hospital, com tubos ligados ao seu corpo. Bom, era melhor do que imaginava.
Sua visão não estava muito clara, mas ela conseguiu identificar a figura sentada próximo a janela.- Mari? - Balbuciou, sua voz soou como um choro.
A figura se voltou pra ela e deu um sorriso divertido.
- Acho que a anestesia não fez bem pro seu cérebro. - Ashley se levantou e se aproximou da cama da paciente. - Como se sente?Denise estranhou a presença dela ali, e por que estava preocupada com ela? Ela sentia como se a própria amiga estivesse ali falando com ela, mas Ashley não era Mari. Não era nem mesmo uma amiga. Ela engoliu em seco.
- O que aconteceu comigo?
- Tirando a parte de ter ficado louca e quase ter cometido suicídio? - Ela cruzou os braços e sorriu ironicamente - Se não fosse por mim aquele garoto teria praticado necrofilia com seu corpo.
Denise ignorou o comentário e fechou os olhos a fim de se lembrar melhor do que tinha acontecido. Ela se recordou de ter visto muito sangue saindo de si enquanto era levada por enfermeiros, com Daniel ao seu lado.
- Onde está ele?
- Seu namoradinho patético, você diz? - Ela pareceu hesitar - Conversando com a polícia.
- O quê? - Ela exclamou incrédula - Mas ele não fez nada, apenas me ajudou!
- As mãos dele estavam sujas de sangue, e a polícia não acreditou na história de você ter enterrado um canivete em seu próprio pescoço.
Denise não estava acreditando no que ouvira. A única pessoa que estivera do seu lado não estava mais ali pra ajudá-la. Para protegê-la de Ashley, Thomas ou quem quer que seja. Aquilo a deixou indignada.
- Sua alma está suja de sangue. Assim como suas calças também estava. - Ela retrucou irritada.
- Aquela polícia é patética, não questionaram quando eu disse que tinha menstruado. - Ela riu como se lembrasse da cena - Seu namorado não é rápido como eu para pensar em uma desculpa. Além disso, eles tem certeza de que Lucas têm somente cúmplices homens e eu claramente não sou um. Além de babacas, são bem machistas... - Ela deu uma pausa ao ver o olhar confuso da garota. - Não se preocupe, ele não vai ser preso, já deve está sendo liberado.
Denise franziu a testa, sua cabeça ainda não funcionava direito, mas o nome Lucas lhe pareceu familiar. Pensou no motivo de Ashley está ali, por boas razões com certeza não era.
- Sei o por quê de estar aqui. Está esperando que me dêem alta para que me leve até Thomas. - Ela murmurou.
Um barulho de passos foi ficando cada vez mais alto e Ashley lançou um olhar ameaçador para Denise, um olhar que provavelmente significaria algo como " Sim, você está certa, vou te levar pra Thomas e lá você será torturada da pior forma possível. Experimente contar algo a quem quer que seja que cortarei sua língua e a comerei frita com bastante pimenta " E então seu olhar se suavizou ao desviar para a porta quando a maçaneta girou.
Ω
- Não me diga que está com medo? - Rafael perguntou.
Eles agora estavam na parte de baixo. Eles tinham seguido um caminho que os fizeram chegar até a cabana. Mari revirou os olhos. Ele falava como se ela não tivesse acabado de presenciar um assassinato brutal de uma garotinha.
- Se Denise não está lá, não faz sentido eu entrar.
- Denise não está lá, mas pode ser que ela esteja em breve. Acho que ela gostaria de companhia. - Ele pareceu blefar, mas sorriu maliciosamente e ela o encarou com medo, o que aquele cara planejava? Sem dúvidas era mais forte que ela e podia facilmente arrastá-la pelas pernas até a cabana. Mas por que ainda não o tinha feito? Por que insiste que ela entre por vontade própria?
- O que acontece se eu recusar?
- Será uma escolha sábia.
Ela suspirou fundo - Desistiu de tentar entendê-lo - e se aproximou de uma janela à fim de ver lá dentro
- Quer mesmo falar com Thomas? - Ele perguntou incrédulo.
Pela janela da cabana, Mari viu um ambiente escuro. Ela colocou as duas mãos ao lado dos olhos à fim de enxergar melhor. Havia uma cama próxima a janela. Do outro lado havia um armário. Ela se arrepiou ao ver a figura de Thomas, mas quando olhou melhor, percebeu que era só um boneco. Não deixava de ser assustador.
Ela respirou fundo, abriu a janela e entrou. Ao ligar o interruptor ela viu que as paredes tinham marcas estranhas de sangue.
- Você sempre vai fazer tudo ao contrário do que eu disser? - Rafael murmurou, observando-a pela janela.
- Parece uma boa estratégia quando se está com um vilão - Ela sussurrou e se virou pra ele, sem saber se ele havia a escutado. - Por que você não vai embora?
Em resposta, ele pulou pela janela e entrou na cabana.
- Para você vasculhar tudo até encontrar uma prova contra Thomas? - Ele sorriu - Vá em frente, não vou incomodar.
Ela o praguejou mentalmente e abriu o armário, mas não havia nada além de roupas empoeiradas. As marcas de sangue pareciam velhas e a cama parecia perfeitamente arrumada. Se a cabana pertencia a Thomas, ele não vinha ali a muito tempo.
Ela decidiu sair dali, mas quando foi em direção a janela Rafael ficou em sua frente.- Sinto muito, mas você não vai sair. - Ele cruzou os braços.
- Nossa, como você é engraçado, agora sai da minha frente. - Ela revirou os olhos e colocou as duas mãos na cintura.
Eles ficaram tão distraídos que não perceberam quando alguém abriu a porta.
Thomas encarou Mari de forma assustadora. Quando ela olhou para Rafael, viu um sorriso malicioso nascer em seus lábios. Era mais uma armadilha.
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Girls in Black
Mystery / ThrillerDuas amigas se vêem diretamente ligadas a um serial killer quando uma delas é sequestrada por ele, e agora elas terão que descobrir quem é a pessoa por trás daquela máscara.