Delegacy

9 0 0
                                    

Milan olhava com curiosidade para a nova amiga. Era bom ter uma companhia.
— Foi bom encontrar você, mas eu preciso voltar antes que ele perceba que eu sumi. - Ela quebrou o silêncio que pairava sobre o quarto há alguns minutos, lançando um olhar reconfortante sobre a pequena.
— Não nos deixe sozinhos, por favor. - Ela acariciava o urso, deixando uma lagrima rolar sobre seu rosto.
— Sinto muito, mas é muito arriscado. Eu prometo que volto mais tarde - A loira assentiu. Ela lhe deu um beijo na testa e entrou na passagem novamente. 
Depois de alguns minutos andando naquela escuridão, achou a luz do banheiro. Dando graças ao sair de dentro do espelho.
Bateu na roupa rapidamente na tentativa de tirar a poeira, e abriu a porta. Sentiu seu rosto ficar vermelho.
Thomas a encarou com o olhar frio. Ele estava a esperando do lado de fora. Ela sentiu suas mãos tremerem e sua respiração ficou desregulada.
— Aonde você estava? - Ele cruzou os braços e lhe olhou de uma forma assustadora. Seu rosto ficou completamente pálido.
Ω
Mari já estava na frente da delegacia. Pensando se realmente faria isso ou não. Se não fizesse, Denise correria riscos, mas se fizesse quem correria risco seria ela.
Fechou os olhos e respirou fundo, tentando encontrar um pouco de coragem.
Entrou no local, não havia muita gente, ainda era por volta de 6h da manhã.
Se aproximou da mulher ruiva visivelmente entediada do balcão, cujo crachá dizia " Helena Tyler "
— Eu preciso falar com o delegado. - Ela praticamente implorou. A ruiva apenas a olhou indiferente. - É uma emergência, por favor!
— Vou precisar de seus documentos. - Ela digitava freneticamente no computador - E você precisa do acompanhamento de um maior de idade.
Mari suspirou. Agora admirava o teto, impaciente.
Ela revirou os olhos tentando pensar em algo.
— Posso ao menos usar o banheiro? 
A mulher apenas apontou para um corredor sem tirar os olhos do monitor. Mari seguiu naquela direção.
Dava passos largos até o final dele. Olhava a placa de cada porta. "Sr Lohan", dizia uma delas. Mari imediatamente o reconheceu. Era um dos principais caras que cuidava do caso do serial killer.
Não pensou duas vezes e abriu a porta. Só então percebendo sua falta de educação.
Sr Lohan a olhou confuso. E um homem que conversava com ele, também. Sentiu imediatamente borboletas no estômago. Mas não iria desistir depois de ter ido tão longe.
— Eu preciso falar com você. - Foi simples e direta. Afinal, quem ta na chuva é pra se molhar. A sala se manteve em silêncio por alguns segundos.
— Estou ocupado agora. - Ele sinalizou com a mão para que ela saísse. Ela apenas negou com a cabeça.
— Preciso falar sobre Thomas. - Um tiro no próprio pé, ela diria a alguns dias atrás. Nunca contaria oque sabia a polícia. Mas a situação estava fora do controle. Não tinha mais a quem confiar, o jeito seria dar uma chance ao Sr.Lohan, que a encarava com os olhos arregalados.
— Eu volto mais tarde. - O homem finalmente disse algo, ele desviava constantemente o olhar entre a garota e o delegado, extremamente confuso. Ele se levantou e saiu pela porta recém aberta.
— Sente-se por favor. - Ele murmurou e ela o obedeceu.
Ela encostou a cabeça nas costas da cadeira e fechou os olhos, enquanto sentia o vento gelado do ar condicionado esfriando seus pensamentos. Péssima hora para relaxar.
Ele tomou um gole de café, parecendo bem mais calmo. Logo pegou sua prancheta e começou anotar algo.
— Então, esse tal de Thomas sequestrou uma amiga minha. - Mari falava pausadamente, enquanto se ajeitava na cadeira. - O senhor precisa ajuda-la, vai saber oque ela esta passando agora - Ela choramingou.
— Você tem certeza que foi o Thomas, o serial killer que a pegou? - Ele encarava seus olhos e gesticulava com as mãos enquanto falava, como se estivesse falando com uma criança burra. Embora ofendida, ela assentiu.
— Ela conseguiu me ligar e nos falamos por alguns segundos. - Mari se explicou, tentando escolher bem as palavras.
— Quando isso ocorreu ? - Ele se referia ao sequestro.
— Não sei exatamente. 
Se sentiu culpada. Embora tivesse apenas uma vaga ideia de quando poderia ter sido - As 4h da manhã, Logo após brigar com Denise por telefone - Não achava aquelas perguntas importantes. Sr. Lohan parecia mais disposto a passar o resto do dia em sua poltrona confortável do que resolver algum crime.
— Sei que ontem a tarde ela já tinha sumido. - Ela concluiu, e teve uma leve impressão dele ter um olhar desconfiado.
— E os pais da vítima ? - Sua voz ficava cada vez mais rouca, e aquilo lhe assustava.
— No hospital, a Sra Montheit teve um desmaio e o marido esta com ela. - Mari deu um leve bocejo, se sentia exausta pela noite mal-dormida.
— Agora tudo se encaixa. - Ele olhava para sua prancheta, pensativo. - Thomas mandou dois comparsas para injetar algo no sangue de uma mulher. Finalmente entendo o porquê. - Ele começou a remexer numa gaveta e colocou encima da mesa um documento com várias informações e a foto de duas digitais. Mari levantou da cadeira num pulo. Sabia que uma daquelas digitais eram suas. Não poderia deixar a polícia achar que ela era cúmplice de Thomas.
— Algum problema ? - Sua única reação foi arquear as sobrancelhas. A resposta era óbvia.
— Não estou me sentindo muito a vontade vendo isso. 
Ele lhe entregou um copo de água na tentativa de alcalma-la. Ela negou com a cabeça.
— Café sempre me deixa melhor. - Ela derramou o café gentilmente em um copo. Encarou a bebida rapidamente e deu um leve sorriso. 
Se aproximou da mesa e "esbarrou" no copo, derrubando todo o líquido no documento, mais especificamente nas digitais.
— Oque você fez? - Ele pegou os papeis e tentava limpar a bagunça.
— Desculpa, eu não queria ter feito isso! - Ela se lamentou, colocando a mão sobre a boca. No fundo estava se divertindo com aquilo.
— Vá imediatamente chamar alguém para limpar isso. - Ele ordenou e ela não pensou duas vezes. Era uma ótima oportunidade para sair de fininho, e assim ela o fez.
Com sorte, eles não teriam uma cópia do arquivo. 
Pegou o celular. 20 novas mensagens e três ligações perdidas da mãe.
" Aonde vc esta?" - Dizia a maioria. Ela suspirou.

Girls in BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora