Interconnected

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— Algum sinal dele? - Perguntou Daniel.
— Não. - Denise respondeu, desviando de um buraco. Iria odiar ter que ser salva novamente pelo garoto. Embora se lembrasse que o conhecia, não significava que depositara totalmente sua confiança nele.
Ja fazia alguns minutos que eles estavam perambulando pela floresta a procura de Rafael, mas só o que encontraram foram esquilos barulhentos.
— Vamos desistir - Sugeriu ele, mesmo sabendo que ela não aceitaria. - Está tarde, amanhã cedo continuamos.
Ela parou e se virou na direção dele. Daniel esperou receber um olhar de desaprovação, mas surpreendeu-se :
— Eu o salvei na festa. Mas ele nem sequer se deu conta do meu sumiço. Não voltou para me procurar. Deve estar feliz por ter se livrado de mim. - Ela passou as costas das mãos sobre os olhos, e só então Daniel percebeu que ela estava chorando.
— Vamos voltar - Ele falou rispidamente, mas ela limitou-se a concordar com a cabeça.
— Denise! - Ouviu-se uma voz longe chamando. A expressão da garota mudou de choro para espanto. Ela se prontificou a correr na direção oposta da voz. Daniel suspirou fundo antes de correr atrás dela.
Ela tropeçou e quase caiu, sua queda foi impedida pelo Daniel, que segurou bruscamente seu braço.
— O que pensa que esta fazendo? - Perguntou ele soltando-a
— Deve ser o Thomas. Ou o traidor. - Ela sussurou, dando ênfase a ultima palavra.
— Não é se arriscando pela floresta que você vai fugir deles. - Ele retrucou - Estamos indo por um caminho diferente deles, eles não vão nos achar.
Denise abriu a boca para reclamar, mas não tinha o que dizer. Ele tinha razão. De forma grosseira, mas tinha. Eles voltaram em silêncio para a trilha.
Ω
— Denise! - Lucas chamou, mas não teve resposta.
Ele tinha certeza que escutou passos e vozes vindo dali.
— Não tem ninguém aqui. Se tinha, foi embora. - Ele murmurou, percebendo em seguida que estava falando sozinho.
Voltou a caminhar em direção ao calabouço do inimigo. Se escondeu atrás de uma árvore quando estava á poucos metros da casa.
— Prisão disfarçada de casa. - Ele lembrou a si mesmo enquanto procurava uma entrada.
— Eu sabia que você viria - Lucas se assustou ao ver a garota loira saindo da casa. Ele permitiu-se dizer que ela era bonita, mas com certeza não era Thomas.
— Quem é você? - Ele franziu a testa, Ashley soltou um sorriso convencido.
— Isso não faz diferença. - Ela se aproximou da árvore. - Da pra acreditar que Thomas escolheu justo você para ser o ajudante? - Ela fez uma cara de nojo. - Mal sabia ele que você era um traidor.
Na mão escondida, Lucas apertou bruscamente o cabo da faca. 
Ashley chegou perto o suficiente, em um movimento rápido, Lucas segurou seu braço e a cortou.
Ela caiu no chão, urrando de dor. O garoto percebeu que ela estava perdendo muito sangue.
Ela respirava ofegante e parecia prestes a desmaiar.
Ele estava no meio de uma floresta. Não tinha como pedir ajuda. Uma pontada de culpa ; seria seu segundo assassinato?
— Achei que estava do nosso lado. - Uma voz rouca murmurou. Lucas se virou. Entre as árvores, um homem escondido pelas sombras.
Ele parecia ser um ou dois anos mais velho que ele, o porte físico era claramente maior. Lucas só sabia que se corresse ia ser pior.
— Solte a faca. - Ele ordenou saindo das sombras. 
Lucas achou que o tênis sujo de lama, os cabelos negros totalmente molhados e a seringa em sua mão só o dava uma aparência ainda mais assustadora. O homem parecia o conhecer, mas Lucas não se lembrava dele.
Ele soltou a faca no chão, só agora percebendo que ela estava suja de sangue, assim como sua mão. Engoliu em seco.
Em poucos segundos, a seringa foi injetada em seu pescoço. Rafael não se deu o trabalho de tampar a boca da vítima, ninguém o ouviria naquela floresta.
A ultima coisa que Lucas ouviu foi o eco do seu grito de socorro, antes de cair desacordado ao lado de Ashley.
Ω
Mari estava desconfortavel no porta-malas do carro, mal conseguia mover os braços.
Thomas agarrou o volante bruscamente e o carro saiu cantando pneu.
Ela não sabia onde estava sendo levada, a única coisa que Thomas lhe dissera, é que estava indo a um lugar onde seria melhor preparada para fazer os trabalhos. E então, ela disse a si mesma que desde que Denise fosse solta, e seu corpo parasse de ser usado para testes medicinais de um doutor maluco, não havia problemas.
Mas não seria tão simples assim. O carro parou.
— Eu te disse que não era muito longe. - Ele disse em um tom alto e Mari conseguiu imaginar seu sorriso cínico. Não se lembrava dele ter o dito, mas engoliu em seco. O que a esperava?
O porta malas se abriu, causando um ruído. Mari saiu com cuidado, se estabilizando no chão.
Thomas tirou uma algema do bolso e prendeu as duas mãos da garota.
Pela primeira vez em dias Mari conseguiu respirar o oxigenio puro trazido pelas inumeras árvores dali. Era importante reconhecer o lado bom.
Não muito longe dali, estava o gramado sujo de sangue, com a faca a poucos centímetros. Mas nenhum dos dois havia percebido. Ashley e Lucas não estavam mais ali.
— Entre dentro do carro. - Ordenou Thomas, pegando-a desprevinida. Por que?
Ela achou que teria que voltar ao porta-malas, mas felizmente, Thomas parecia ter pressa então a prendeu no banco de trás.
— Nem pense em fugir, garota. - Ele gritou após fechar a porta do carro.
Ela quase gritou um xigamento de volta, mas respirou fundo e engoliu.
Silêncio absoluto, exceto pelas finas gotas de chuva que pareciam aumentar em quantidade. Ela vigiou ele caminhar até uma árvore e atender um telefonema. Naquele momento ela implorou para um raio atingir a árvore.

Já fazia alguns minutos que ele estava ali, parado. Falando ao telefone.
Ele parecia bravo, perdido e desconsolado.
Mari franziu o cenho. Será que a policía o encontrou? 
Ela suspirou. Claro que não. 
Ele abriu a porta do carro, ela sentiu um arrepio ao ver que seu rosto estava pálido e seus olhos demonstravam fúria.
— Sua amiga fugiu. - Ele murmurou - Se ela contar algo a policía, você desaparece. - Um sorriso em seguida. Mari não tinha duvidas que ele era bipolar.

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