Syringes

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Mari tentava manter a calma, enquanto encarava sua amiga desarcordada no chão. Nunca foi do tipo que se deixava guiar pela emoção ao invés da razão, mas ao ver Denise naquele estado, sentia que devia fazer algo, mas sabia que era muito arriscado.
- Ela... Está morta ? - Foi tudo oque conseguiu dizer, enquanto levava a mão até a boca. Mas sentiu um alívio ao ver que a amiga ainda respirava.
Thomas apenas lançou um olhar mortal que a fez estremecer.
- Não deveriam estar aqui. - Ele arregaçou as mangas do moletom, Mari viu perfeitamente sua tatuagem no braço direito. Mari e Lucas se encararam, ela rapidamente deduziu que o serial killer e o sequestrador seriam a mesma pessoa. Sua cabeça virou uma bagunça com milhões de pensamentos. Lucas apenas a encarou com uma expressão vazia, embora tivesse percebido o mesmo.
- Então vocês andaram pesquisando muito sobre mim... - Ele desviava o olhar entre os dois. Ele se aproximou de Mari, até escutar perfeitamente sua respiração desregular. - Você e seu amiguinho detetive se acham muito espertos, não é ? - Ele disse, apontando a seringa para o seu pescoço. Ela sentiu um arrepio.
- Por favor, nos deixe ir. - Ela implorou e ele afastou-se.
- Com uma condição. - Ele deu um sorriso irônico. - Vocês não vão poder contar nada do que sabem a ninguém.
Eles apenas assentiram com a cabeça.
- Ah, e tem outra coisa - Ele continuou - Vão ter que inventar uma desculpa para os pais dela. Qualquer coisa para eles não chamarem a polícia. - Ele apontou para a garota desmaiada.
- E se eles não acreditarem ? - Lucas retrucou.
- Caso ocorra, vocês vão ter que usar um dos meus truques. - Ele retirou outra seringa do bolso e entregou ao garoto. - Sei que não são como a amiga de vocês. Eu confiei nela, mas ela se mostrou uma traidora. Vou confiar em vocês, mas espero não me decepcionar novamente. Caso contrário, a garota vai ter companhia. - Ele avisa, com um alto tom de voz, frisando cada palavra.
E então ouve-se um silêncio.
Thomas apenas os levou até a saida e praguejou mentalmente ao ver o estado da porta principal. Mari e Lucas apenas sairam com passos apressados.
- Nós..vimos..vimos o rosto dele. - Mari disse quando já estavam longe o suficiente, tentando buscar um pouco de fôlego. - Nós ficamos cara a cara.. Ele quase nos matou.. Ele vai matar a Denise. - Ela sentia o suor cair nos ombros.
- Se acalme, nós vamos arranjar um jeito de salva-la. - Ele lhe deu um tapinha nas costas.
- E se não der tempo? - Mari sentia o peso dos olhares das pessoas na rua, provavelmente a achavam uma desesperada, mas não ligou.
- Não adianta ficar nos lamentando pelo que pode ou não acontecer, nós temos que pensar em algo rapidamente. - Ele retrucou com a voz firme.
- Você está certo - Mari limpou a lagrima que nem percebeu que estava prestes a cair. - Vamos contar a polícia. É a coisa mais sensata a se fazer.
- E desde quando você é sensata, Mari? - A garota apenas ficou quieta - Sempre procurou ir pelo caminho menos óbvio. Não vamos nos arriscar chamando a polícia, e vamos convencer os pais da Denise a fazerem o mesmo.
Ω
Mari estava de braços cruzados, movimentando o corpo sutilmente para frente e para trás, fazia isso quando estava muito ansiosa, Lucas estava com as mãos atras das costas, numa tentativa de esconder a seringa.
- No que posso ajudar? - A mãe da Denise disse após abrir a porta.
- Nós falamos com a Denise. - Lucas disse, fazendo ela hesitar por um momento, mas em seguida fez um sinal para que entrassem.
- Onde ela está?
- Ela apenas quis dar um tempo.
- Onde ela está? - Ela repetiu, mais alto dessa vez.
- Não se preocupe, ela não está muito longe. - Mari disse com uma falsa segurança.
- Consigo ver que estão mentindo. - Ela retrucou - Oque fizeram com ela? - Indagou, com o rosto enfurecido.
Lucas se aproximou mais da mulher e Mari já sabia oque ele iria fazer. Em um gesto rápido, ele tampou sua boca e injetou o liquido da seringa em seu pescoço.
- Não faz isso! - Mari gritou tomando a seringa da mão do garoto, mas era tarde demais. A mulher já estava caída no chão.
- Desculpa, eu entrei em pânico. - Ele se explicou.
Mari se agachou e tentou reanima-la, mas sem nenhum sucesso.
- Oque você fez com ela? - Ela o olhou com nojo.
- Ela não está morta! Só vai dormir por algumas horas, assim como a Denise - Ele colocou as duas mãos na cabeça -Precisamos ir embora.
- Não podemos deixá-la aqui.
- Alguém pode chegar a qualquer momento, se nos verem aqui vão logo desconfiar.
Mari assentiu com a cabeça. Eles sairam da casa e se certificaram que não havia ninguém os vendo.
Ω
O policial John balbuciava o seu café, sem se importar com a velocidade em que o colega Patrick dirigia o veículo. Eles estavam indo em direção a casa de Sr e Sra Jones, como indicava o GPS.
- Aparentemente a Sra Jones apareceu desarcordada no chão e o marido pede para que descubramos quem fez isso. - Patrick disse, não desviando o olhar do trânsito.
- Será que tem alguma relação com o caso Thomas?
- Se tivesse, ela estaria morta. - Ele riu fraco e John abriu a porta da viatura ao perceber que já haviam chegado ao destino.
A rua estava silenciosa, eles apenas se aproximaram da casa e tocaram a campainha.
Patrick apenas olhou pro chão, onde viu uma seringa próximo ao seu sapato. Ele se agachou e observou o objeto com uma lupa.
- Parece que vamos ter que analisar as impressões digitais disso! - Ele disse, tirando um saquinho do bolso, grande o suficiente para por a seringa.

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