Edge Of The Abyss

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Quando Mari acordou, percebeu que estava em sua cama. Concluiu que sua mãe tinha chegado e a visto dormir no chão na frente da TV. Ela deu um pequeno sorriso, aquilo lhe lembrava a infância. A diferença é que o pesadelo não acabava quando ela acordava.
Ela levantou-se e ouviu seu celular tocando encima da cama, exatamente onde deixara antes de ser sequestrada.

- Alô? - Mari perguntou ao colocar o aparelho no ouvido.
- Graças a Deus! Não achei que fosse atender. - A voz do outro lado soava baixa e aliviada, mas Mari sabia a quem pertencia.
- Lucas? - Ela ouviu a sua respiração acelerada do outro lado da linha. - O que aconteceu?
- Escuta, eles me deixaram fazer uma ligação, mas estão observando cada movimento meu. - Ele respondeu - E você provavelmente já sabe o que aconteceu.
- Thomas te obrigou a se entregar pra polícia? - Mari perguntou embora já soubesse a resposta.
- Exato. - Ele suspirou. - Então, você sabe porque liguei?
- Pois sou a única pessoa que você pode ligar? - Ela pensou um pouco mais - Precisa da minha ajuda pra sair?
- Sim, é óbvio. Tudo foi destruído. Preciso que pense em algo.
Mari franziu a testa. O que foi destruído? Sua dignidade?
- Do que está falando? - ela perguntou mas não houve resposta.
- Meu tempo acabou. Preciso desligar agora. - Ele respondeu e desligou.
Mari suspirou e foi até a sala. Será que as provas contra Thomas haviam sido destruídas? Esperava que não, ela precisava provar a inocência de Lucas e a culpa de Thomas.
- Oi mãe - Ela sorriu para a mulher sentada ao sofá, que lhe deu um forte abraço.
- Estou muito feliz por está de volta - A mãe exclamou feliz de um jeito que Mari não via há muito tempo.
- Também estou. - Ela diminui o sorriso - Olha mãe, se não se importa, vou dar uma saída agora.
- Onde vai? - Ela perguntou com o olhar preocupado.
- Eu só vou até a esquina pra ver como minha foto ficou nos jornais. - Ela respondeu a primeira coisa que lhe veio a cabeça. Precisava pensar em um plano, não iria conseguir dentro daquela casa - Não há com o que se preocupar, ele já está preso. - Ela sabia que isso não era verdade, mas precisava que sua mãe acreditasse que fosse.
Ela lhe lançou um olhar desconfiado, mas deixou que ela saísse.
Mari ficou todo o caminho pensando em sua conversa com Lucas. O que faria para ajudá-lo?
Ela era uma prova de toda a maldade de Thomas. Ela podia falar com a polícia como testemunha de que Lucas não foi o sequestrador. Mas havia um problema : Ela não foi exatamente vítima de Thomas, e sim de Ashley e um médico maluco. Mas conhecia alguém que havia sido.
Ela se aproximou do poste e arrancou um cartaz com a foto da Denise. Ela precisava encontrá-la.
- Está procurando por ela? - Uma voz falou atrás dela, o que fez ela se assustar. Ela se virou e viu uma garotinha loira.
- Oi... O que você está fazendo aqui? - Ela perguntou por ver que ela não estava acompanhada de nenhum adulto.
- Só estou passeando. - Ela estendeu a mão - Meu nome é Milan.
- Mari. - Ela apertou a mão da garota relutantemente.
- Eu sei. Conheço sua amiga.
- Denise? - Ela mostrou a foto do cartaz e Milan assentiu. - Sabe onde ela está?
- Sei. Ela está em uma cabana no meio da floresta. - Ela sorriu ao ver Mari franzir a testa. - Posso te levar até lá.
- Então tá. - A garotinha segurou sua mão e a levou até a floresta.
- Você não sente medo? - Mari perguntou encarando seus pés enquanto a garotinha a puxava pra dentro da floresta. Aquele lugar lhe dava arrepios.
- O tempo todo - A garota murmurou - Mas aprendi a conviver com ele.
Mari refletiu sobre a resposta de algo tão pequeno.
- Como conheceu a Denise?
- Meu quarto tinha uma passagem secreta - Ela respondeu - E ela me achou.
- Seu quarto? - Mari indagou confusa - Na casa de Thomas?
- Sim.
Não fazia sentido para Mari que Thomas também sequestrasse crianças. Isso a fez se sentir mais motivada a acabar logo com aquilo.
- Milan, você gostaria de se juntar a mim e a Denise para denunciar Thomas à polícia?
- É meio arriscado - Ela pareceu pensar - Mas aceito.
Mari deu um sorriso mínimo, quanto mais gente melhor.
- Ela está ali - Milan apontou para um penhasco.
- Tem certeza? - Ela franziu a testa. Denise não estava em um penhasco, sentiu como se estivesse perdendo o seu tempo ali.
- Vem ver - Milan se aproximou e ela a seguiu com passos cautelosos. - Ali, olha. - Bem no fim do precipício era possível ver uma cabana.
- E como chegamos até lá?
- Eu posso ajudá-las a chegar até lá. - Uma voz atrás delas falou. Mari sentiu um dejavú ao se virar pra ver quem era.
Um garoto que parecia ser um pouco mais velho que ela, com olhos claros e cabelos negros, sorrindo para as duas.
- Vocês se conhecem? - Mari perguntou para Milan.
- Sim - Ela respondeu retribuindo o sorriso. - Ele é o Rafael.
- O que vocês fazem aqui? - Rafael colocou as duas mãos na cintura, aquilo fez Mari se sentir acovardada
- Procurando uma amiga, mas já estávamos de saída. - Ela colocou as mãos trêmulas atrás do corpo pra que ele não percebesse.
- Como eu disse, posso ajudá-las.
- Não creio que consigamos descer por uma escada. - Mari retrucou enquanto Rafael se aproximava delas em passos lentos. Mas o que diabos ele estava fazendo?
- E quem foi que falou em escada? - Ele parou em frente a Mari e fuzilou seus olhos - Deveria parar de ser tão inocente quanto Milan.
Ele levou a mão direita até o pescoço de Milan e a empurrou, fazendo-a cair abismo abaixo.
Mari o empurrou para longe mas já era tarde de mais. Sentiu seus olhos se encherem de água ao ouvir o grito de socorro da garota ecoando em seus ouvidos.

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