Capítulo 8: Notas do tempo

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 Oliver desperta um pouco mais tarde que o habitual, hoje era o último dia de compromissos, e partiria amanhã cedo, pesava seu coração com uma estranha leveza, que poderia se apenas uma premonição de algo muito bom, ou muito ruim, de qualquer modo havia de ter que se levantar. Quando ele chegou no espelho e se encarou por uns segundos, pela primeira vez em anos, apesar do descaso, ele estava feliz com o que via nele, deu uma aparada nas pontas e foi direto para a ducha.

 Logo, ele se enrolou no roupão e foi até a cozinha onde Consuelo fazia o café:

 - Bom dia! Disse Oliver para a senhora, que respondeu com um sorriso um tanto jovial:

 - Bom dia Sr. Oliver!

 - Onde estão os outros?

 - Compras, e por falar nisso, a Srta. Baker esteve hoje aqui mais cedo, pediu para o senhor ligar para ela quando desse.

 - Certo, obrigado! Logo, ele pegou uma caneca de café voltou para seu quarto.

 Quando chegou lá, foi direto para sua costumeira posição no parapeito na varanda, ele sacou seu celular, o número de Glória era o primeiro na discagem rápida, não demorou muito:

 - Bom dia anjo!

 - Bom dia Olie! respondeu ela com uma alegria na voz que poderia preencher um país inteiro! 

 - Consuelo disse que queria falar comigo.

 - Sim! Encontrei uma pequena livraria quando sai com Rachel ontem, a gente achou que você ia gostar! Quer dar um pulinho lá?

 - Claro! Eu passo ai ou você vem pra cá?

 - Vou aí, chego em dez minutos!

 Oliver voltou para o quarto, afim de trocar de roupa e se arrumar, estava nervoso, como se estivesse indo á uma livraria pela primeira vez, o que é estranho, e quando pensou em Glória, o desejo de permanecer em Veneza ao lado dela e Rachel se tornou tão gritante em sua mente que, por alguns segundos, seu corpo exerceu as suas funções no automático, pois sua mente estava bem longe de si. Logo, ele sai do apartamento após falar com Consuelo, para ela poder avisar a Rúben e foi até o elevador.

 Quando chegou no saguão, vira o carro de Glória fazendo o contorno e estacionando em frente ao hotel, cedendo a chave ao manobrista, ele se aproxima dela com um sorriso de garoto, e ela retribui com um beijo estalado, por fim, ele pergunta:

 - É muito longe?

 - Não! Dá até para irmos apé!

 De fato, a caminhada foi relativamente curta, no caminho ainda pararam para tomar um café e papear sobre assuntos aleatórios:

 - Você pensa em casar e ter filhos Olie? Perguntou Glória sorvendo seu café, e ele responde um pouco desconcertado:

 - Acho que estou um pouquinho mais velho para as duas coisas..

 - Ora Olie! Nunca é tarde para algo dessa natureza!

 - Eu sei.. Mas é que eu sou estéril, não poderia ter filhos mesmo que quisesse.

 Glória silenciou-se antes de abraça-lo dizendo:

 - Milagres acontecem!

 Por fim, os dois chegaram a livraria, uma pequena casa de dois andares toda laranja e vermelho, com alguns detalhes de tijolinhos vermelhos, além de ser cercada por uma pequena mureta formada de pedras multicoloridas, o cheiro suave do café que vinha do pequeno barzinho da entrada dela se confundia com o cheiro das flores que se espalhavam com uma desordeira beleza em meio ao pequeno quintal, Oliver ficara totalmente encantado com o lugar, e Glória também, apesar de não ser sua primeira vez ali, o lugar era marcante demais, os dois se olharam com um sorriso de quando uma criança acha um lugar novo para brincar! Os dois deram as mãos e entraram no lugarzinho pequeno, que havia mais livros do que espaço para armazena-los, havia também uma espécie de caixa no formato de uma canoa, afim de coloca- los livros postos a doação, e jaziam muitos deles ali! A música também estava perfeita, uma melodia ritimica aliada uma calma que eram incríveis em virtude de serem junções de gêneros triviais, enquanto mexiam nos livros, Glória pergunta a Oliver:

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